A campainha do pequeno apartamento tocava incessantemente, fazendo com que o dono do espaço se sentisse levemente nervoso. Poucas pessoas tinham acesso ao local sem precisar interfonar. Seria sua mãe? Não, ela ainda não havia voltado de Trat. Além disso, possuía a chave. Haveria a probabilidade de ser seu gerente? Ele sempre ligara antes. O proprietário estava desconfortável, mas mesmo assim, se interpôs entre o sofá e a porta, abrindo-a.
— Oh, Pi. Que bom te encontrar em casa. Eu toquei a campainha tantas vezes. Achei que você não estava. — Um homem de camisa branca, com grande parte dos botões superiores abertos estava prostrado em sua frente, sorridente.
— O que você está fazendo aqui essa hora, N’Perth? — O mais velho, que não esperava pela visita, estava atônito.
— Deixe eu entrar, sim, Pi? — O bico que se formava em sua boca e o doce som da voz do garoto fez com que o dono da casa apenas abrisse espaço, sem falar absolutamente nada. — Posso abrir a janela? Está calor aqui.
O homem olhou para a vidraça fechada e assentiu. A presença do outro ainda era repentina demais. Ao seu ver, ele deveria estar cansado. Havia tido seu evento de aniversário, seguido das tomadas na ilha e as gravações do projeto que ambos participariam, todos muito seguidos um do outro. Para o último momento, ele nem mesmo havia dormido e, agora, estava ali, parado, dentro do apartamento.
A janela foi aberta e pode-se ouvir o “click” das fechaduras se desencontrando. O mais novo andava contente pelo cômodo, como se estivesse saudoso. Fazia muito tempo desde a última vez que estivera ali, visto às suas agendas que não se encaixavam, mas ainda sentia o local como sua casa. Agora, já com seus dezoito anos, parecia muito mais leve e solto, de acordo com os pensamentos do dono do local.
— Por que você veio? — Finalmente o homem alto que ainda estava parado no mesmo lugar, resolveu fechar a porta.
— Primeiro, deixe eu te devolver essa pergunta. Por que eu não viria? É a casa do meu namorado. — A sinceridade do garoto que expunha seu peito sob a luz do ambiente assustou ambos. — Desculpe! Sua mãe está aqui?
— Não. Ela ainda está na casa dos meus avós. Se estivesse, com certeza já teria vindo ver o “outro filho” dela. — O homem dirigiu-se ao sofá e sentou no primeiro lugar disponível, enquanto fazia aspas com as mãos.
— Ah, isso é uma pena. — O sorriso solar do mais novo foi facilmente exibido. Ele abancou-se no encosto, ao lado do homem sentado, passando o braço em volta do seu pescoço e repousando a cabeça sobre a dele. — Mas ao mesmo tempo não. Eu estava com saudades.
— Nós nos vimos hoje. Não seja tão dramático. — O mais velho foi sucinto em falar, enquanto empurrava o mais novo de cima do seu corpo. — Já que você não me responde o motivo de ter vindo, pode me dizer o que pretende fazer?
— Posso! Eu estou tão cansado, Pi. Desde o evento de sábado que eu não durmo direito. Simplesmente não consigo. — Sua voz dengosa passou a um tom mais alto. — Você acredita que eu não dormi nada de ontem para hoje e ainda passei o dia gravando?
— Acredito. Mas isso não responde minha pergunta. — O mais novo apenas virou sua cabeça para o homem ainda sentado, com os olhos arregalados.
— Tão fácil assim? — O mais velho não pode evitar o riso.
— Claro. Por que eu duvidaria disso? Não seja bobo, eu estava contigo. Você já comeu? — O que estava no sofá levantou-se e foi para a cozinha, sendo seguido pelo mais novo.
— Nah, ainda não. Inclusive, estou morrendo de fome. Me alimente, sim? Eu vim para jantar. E, claro, pegar meu presente de aniversário. Será que as meninas estavam certas e eu finalmente vou ganhar seu coração? — O garoto mantinha sua expressão pura mas em um tom de brincadeira.

VOCÊ ESTÁ LENDO
The gift - PinSon
FanfictionEra para ser uma noite como qualquer outra se não fosse pela surpresa inesperada do jovem namorado de Saint. No mês do seu aniversário, com a agenda lotada de compromissos decisórios para sua carreira, tudo que Perth precisava era de um tempo para r...