Prólogo - Incompletude

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Nunca reconheci, entretanto sou uma pessoa de sorte, uma família financeiramente bem estruturada, que me ofereceu educação, cultura, valores e tudo de fútil que eu poderia desejar.
E eu não poderia reclamar, aos vinte e cinco, bacharel em enfermagem, com duas pós graduações, um cargo de destaque, pode-se dizer que venci na vida e minha ascendência foi rápida. Ninguém poderia dizer "a Alicia não se esforçou o suficiente", passei pelo menos 20 anos da minha vida me dedicando aos estudos para ser independente e nunca depender de ninguém.
Meu campo emocional sempre foi meu ponto mais fraco, principalmente quando havia homens envolvidos. Namoro há quatro anos o Pedro, advogado tributarista num grande escritório da capital, professor na faculdade e tudo isso aos vinte e sete. No começo tudo parecia um conto de fadas, o casal perfeito, até a traição dele - que o medo de ficar sozinha me fez perdoar e tentar reconstruir a relação nos moldes anteriores.
Mesmo com a vida razoávelmente encaminhada havia algo de errado. Sentia-me só, não importava quantas pessoas eu poderia estar junto, o quanto me falavam e demonstravam que me amavam, só haviam dois sentimentos em mim, solidão e ansiedade em encontrar o que tanto me causava incompletude.
Buscava incessantemente entender o que me faltava, e isso nenhuma sessão de terapia e nenhum porre de vinho me ajudaram a enxergar...

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