"De volta"

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The Phoenix era situada embaixo do Grande Palácio de Kremlin, na Rússia, o que não deixava de ser uma grande ironia. Enquanto o Presidente ficava em cima, ficávamos exatamente embaixo, governando sem que ninguém soubesse enquanto ele mantinha as aparências. Era perfeito. 

Seus agentes vinham de todas as partes do mundo, normalmente eram filhos de agentes, como todos em minha equipe, ou os melhores soldados, recrutados de todas as partes do mundo, já que a organização também ajudava a treiná-los. 

A The Phoenix amparava qualquer um que tivesse dinheiro para pagar o preço, que, obviamente, era alto demais. Se os Estados Unidos precisasse de armas nucleares para uma guerra contra a Síria ou qualquer outro lugar que eles quisessem comandar, a organização fornecia as armas pelo preço certo, mas se a Síria também tivesse dinheiro para comprar, bom, comprava. Não existia um lado, não existia nenhuma aliança, existia o dinheiro e era nisso que eu pensava quando o helicóptero desceu na pista de pouso do palácio. Qualquer um poderia querer o fim da TP, afinal, ela prejudicava tanto quanto ajudava. Se éramos contratados para fornecer armamento, prejudicávamos um lado. Se era para um homicídio ou grande roubo, também.

Alguém sempre ia se dar mal no final e eu sabia bem o que era ser movida por vingança. 

Sem me dar conta, acabei olhando para Jorge. Em algum momento do voo, ele tinha perdido a consciência, mas tínhamos conseguido estancar o sangue e o ferimento não deveria ser tão grave quando, mesmo daquela forma, ele havia conseguido subir vários andares de escadas às pressas. No entanto, não era aquilo que ocupava minha mente, não era naquilo que eu pensava quando olhei para ele. 

Jorge também conhecia a vingança de perto, ele e Davi. Diferente de todos os recrutados pela organização, foram eles quem haviam escolhido aquilo e, mesmo aos treze anos, conseguiram entrar sem qualquer tipo de treinamento depois do que haviam feito juntos. 

O pai deles era da The Phoenix, mas a mãe não, ela era apenas uma mulher britânica comum, com uma vida comum. Haviam se conhecido em um dos trabalhos dele na região e quando ela ficou grávida de Davi, o homem imediatamente decidiu que o filho seria criado longe de tudo aquilo, que teria a vida que as crianças da The Phoenix raramente tinham.

Claro que ele sabia dos riscos e, desde pequeno, seu filho foi sutilmente treinado para combate, assim como Jorge, que os doze anos já tinha dominado estilos de luta o suficiente para brigar com qualquer outro agente e até mesmo ganhar dele. Davi era bom nisso também, claro, mas seu negócio mesmo era voltado para os computadores e, aos treze anos, ele hackeou um sistema bancário. 

Mas as coisas desabaram algum tempo depois. A The Phoenix já tinha interesse no garoto após seu feito com o banco, mas eles recusaram após os pais serem brutalmente assassinados e, sozinhos, caçaram e mataram o sujeito para só depois aceitarem a proposta. 

Até hoje eu ainda achava a história no mínimo suspeita. O fato de seus pais serem assassinados logo após descobrirem sobre Davi era um grande fato a se considerar, ainda mais se tratando da TP, mas os dois eram inteligentes o suficiente para perceberem isso sozinhos e, se nunca foram atrás da verdade, era porque tinha mais ali do que queriam contar. 

Quando percebi que ainda o encarava dormindo com o rosto contra a janela, suspirei e o chamei baixo para que acordasse, avisando que tínhamos chegado. 

Jorge odiou a ideia de ser levado para a enfermaria ao invés de seguir conosco para a sala de Vlad, mas, sem escolha, acabou indo, quando os paramédicos ameaçaram amarrá-lo a maca que haviam trazido. 
Sem mais delongas, nós quatro seguimos para a sala de Vlad e, sem esperarmos para sermos anunciadas, a invadimos. 

— Olha quem temos aqui! - exclamou ele com um sorriso cínico e a voz carregada de sarcasmo.  — Minhas agentes finalmente voltaram para a casa! 

OBSCURO - NAVARROSALINASOnde histórias criam vida. Descubra agora