O bilhetinho

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*Nota do Bolacha* COF COF COF TEM ATE TEIA DE ARANHA AQUI MDSSSS...

                           ~\\\\~

Após alguns minutos de estrada, ocupando o banco ao lado de Ciro, que os conduzia,  Boulos sentia o corpo desfalecer com o balanço do carro.

Um sono gostoso começava a lhe tomar, embora ele soubesse bem ter que lutar contra a vontade de fechar os olhos.

Ele tirou o celular do bolso para olhar a hora, apenas por vício. Largou o aparelho de canto e suspirou pesado, antes de se colocar a mirar a paisagem que parecia correr, do lado de fora do vidro embaçado pela fina garoa que agraciava Brasília naquela manhã.

- Fernando te falou alguma coisa? - a voz de Ciro se fez ouvir ali, acordando-o de seus devaneios.

Ele pôde perceber a costumeira brandura, além de um quesinho de curiosidade em seu tom.

Boulos voltou-se ao mais velho.

- Se ele não falou pra tu, ía falar pra mim? - indagou, de forma retórica, em meio a um riso abafado.

- ...Nando não me conta tudo. - Ciro murmurou, após alguns instantes calado.

- Como não? - o de barba resmungou, voltando a olhar para a janela.

- Tem alguma coisa roendo ele... - Ciro começou, em tom levemente rosnado. - Alguma coisa... ou alguém. - pensou alto.

Boulos arregalou de leve os olhos. A postura protetora de Ciro para com Haddad soava adorável por vezes. No entanto, lhe causava certo receio saber que o cearence faria em frangalhos qualquer um que ousasse ferir o frágil coração do libanês.

A valentia de Ciro jamais lhe deixara temer punições.

- Por isso eu lhe perguntei... Tu, que tá mais interado do que rola dentro daquele... puteiro - continuou - deve de ter ouvido alguma coisa.

Boulos franziu o cenho de leve diante da fala do mais velho.

- Tá me chamando de fofoqueiro? - protestou, em tom risonho.

Sabia ser bem falante, afinal, e reconhecia bem a fama que aquela sua característica havia lhe rendido.

- Não disse isso, Bolinho. - Ciro se riu. Seu riso soou com pigarro e deboche. - Só... tô é preocupado com o Nando. - a curva em seus lábios se desfez, e logo sua expressão se tornou aflita. - Só de pensar que pode ter alguém... brincando com ele...!

Ele apertou o volante, de modo que seus punhos tremeram de leve.

- Nando sabe cuidar do próprio coração. - Boulos afirmou, ainda que não acreditasse realmente naquilo.

Haddad já havia provado o contrário, por todas as lágrimas que já derramara nos ombros do nordestino. Queria mais era tranquilizar o cearense.

Evitar derramamento de sangue sob o chão encerado da Câmara que, há muito, dividia com ele.

- Com aquele dedo podre? - Ciro indagou, externando um riso abafado.

De fato, Fernando não tinha a melhor sorte para romances. Lembrava-se bem do dia em que ele dera de gostar de Manuela, e ela o mandara "pastar". Lembrava com pena.

- Eu não acho que ele tenha... um "dedo podre", Ciro. - Boulos discordou. - Nando é incrível. É uma bolinha de puro amor! As pessoas que não vêem isso.

- Não... elas não vêem. - Ciro murmurou, em meio a um suspiro sufocado. Sabia que Fernando vinha ansiando pelos últimos vinte anos, por ter alguém a quem amar ao lado, desde que ficara viúvo. - O que eu sei é que... a vida apagou metade do brilho de Fernando, quando lhe tirou Ana Estela e um filho pequeno. E se ninguém tem a capacidade de enxergar este brilho, ninguém tem o direito de apagar o que lhe resta dele. E eu não vou deixar.

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⏰ Última atualização: Apr 01, 2019 ⏰

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Haddad x Bolsonaro - enlaçados por uma noite (ou mais)Onde histórias criam vida. Descubra agora