Enluarada

Rubia west LXXV

Caminhava lentamente em direção ao lago de Vostok enquanto olhava para Petrus.
Sinto que o conheço a muito tempo e desejo muito salva-lo de sua condenação.

Sei bem o que é um destino escrito por outra mão com uma caneta que você nunca viu e jamais conseguirá apagar , sei que essa folha desconhecida onde sua vida se faz escrita nunca poderá ser tragada pelo fogo e a água jamais lhe molhará , sei que a terra não será capaz de desintegra lá e o ar jamais conseguirá lhe afastar do seu lugar , sei o que é ter a alma presa a um destino e acredito que todos nós sabemos apesar de acharmos realmente acharmos que estamos no controle sempre teremos um poder desconhecido que virá a tona , um destino pelo qual esse poder servirá e o mundo nunca mais será o mesmo depois que passarmos por essa Terra desconhecida que tantas surpresas eternamente nos reservará .

- Petrus ... Me lembro de tantos momentos de meu destino do quanto fugi do inevitável , me lembro quando vi Leon pela primeira vez e que nesse momento minha noção de tempo se desfez , parei em um mundo de fantasia onde a maldade éramos nós ... Do humano ao bruxo do bruxo a fada da fada ao vampiro do vampiro ao lobo do lobo a seria da serei novamente ao humano somos todos de um só mundo e não importa se somos descendentes da Lua , do Sol das Estrelas ou até mesmo de Deus somos parte de planos muito maiores que os nossos , seremos usados para escrever algo muito mais grandioso que nossa mente possa imaginar.
E hoje com o que acho ser meu controle eu te salvarei Petrus.

Me aproximo da água e me concentro na energia que sei que meu corpo é capaz de produzir com algumas lembranças.

A eletrecidade pura que meu corpo se tornou quando Leon me beijou pela primeira vez , quanto me tocou e se aproximou , a eletrecidade pura que me tornei quando ele tocou cada canto rejeitado de meu corpo.
Quando Leon demonstrou todo a afeto que tinha por mim quando eu já achava que ele nunca seria capaz de me amar.
Quando me deixou tocar seu coração e tudo o que nele continha.

Não eu não podia chorar agora.
Abri meus olhos e ao ver meus braços estendidos para o céu agora cheio de raios .
Essa eletricidade nunca coube só em mim.

Petrus me olhava atentamente quando levantei meu pé descalço mais pálido do que nunca sob água.

- Confio em você Petrus .

Fechei meus olhos prestes a pisar na água , me entreguei a um gato preto , entreguei a ele meu destino pois quem tem a alma livre confia em todo ser que vive em toda a força da natureza sua vida , o que temos a oferecer ao universo somente o resto ,  o grandioso resto chamado alma permanecerá sempre conosco sim. Eu entrego minha alma ao universo inteiro deixando meu destino nas patas de um animal que carrega consigo a sina do azar , eu entrego de bom grado tudo o que sou , meu corpo físico e todas as dores que ele já sentiu.

Sinto então a dor das unhas de Petrus perfurando meu pé me fazendo dar um pulo para trás sendo atingido com toda a descarga elétrica combinada com a frieza empiedosa do lago de Vostok.
Me abaixei perante aquele ser sem vida e suspirei esperando tomar forma humana , sabia que podia confiar em Petrus.

- Está louca Rubia ? Como pode entregar sua vida assim a mim  ? - Ouvi uma voz atrás de mim e gargalhei me levantando e me virando rapidamente.
Sem me demorar ao olhar aquele homem o tomei em meus braços apertando fortemente seu corpo ,  deixando minha cabeça sob seu coração que batia forte.
- Não era para ser assim pequena. - Ele passava as mãos sobre meus cabelos brancos gentilmente.
- Ah Petrus eu te conheço , você sempre cuidou de mim . - Disse derramando a primeira lágrima em seu blazer.
- Não era para se lembrar.
Me afastei de seu corpo e encarei seus olhos deixando as mãos em seu peito o encarando.
Seus olhos eram pretos e seus cabelos também, sua pele extremamente branca e uma expressão pura.
Eu estava certa que nunca o havia visto mas a sensação de reconhecimento que sentia era enorme , um afeto, carinho e saudade mútua.
Subi minhas mãos até sua barba feita e segurei seus rostos em minhas mãos.
- Como você está ?
- Ora Rúbia sente-se.
Sorri e fiz o que me pediu .
- Estou me sentindo vivo , estranhamente vivi.
- Fico feliz em saber mas ainda não me agradeceste.
- Sou grato muito grato e não deixarei você fazer o que pretende depois de tantos anos a guardando.
- Agora você só tem que guardar sua vida Petrus.
- Petrus.  - Ele gargalhou deixando a cabeça cair para trás. - Não me chame assim por favor.
- Não é seu nome ?
- Não mais , eu sou outra pessoa. - Me encarou sério então tomei sua expressão. - Você sabe que não posso lhe impedir de nada não sabe.
- Sei. - Abaixei a cabeça. - E agradeço sinceramente aos céus por isso. - Brinquei.
- Não tenho sequer direito de pedir que não o faça e lhe dou minha benção.
- Não tem idade para isso. Ainda assim agradeço e lhe faço um pedido. Último.
- Tudo pela minha salvação.
- Não quero que viva em função de nada relacionado a mim mas ainda assim lhe peço para conhecer meus pais e cuidar deles de longe por mim. Já o pedi a Ayla e a Kaique como sabe mas confio em você para olhalos.
- Tudo bem.
- Tenho que ir.
Ele se levantou e também o fiz.
- Adeus. - Disse enquanto me abraçava protetoramente.
- Foi bom te conhecer. Adeus.
- O prazer foi todo meu.
Diz e dá as costas para mim não antes de de fazer o sinal " Sempre as ordens "
O que será que a vida reserva para os que ficam ?