Mundo Novo. 24 de dezembro de 1924. Aqui começa nossa história.
Mundo Novo é daqueles tipos de lugares esquecidos pelo mundo. Tudo era difícil ali! Mas tal lugar era privilegiado pela natureza. Sua mata fechada, onde belos pássaros cantavam a melodia do céu, guardava a cachoeira dos índios Pacothy, um lugar literalmente mágico, no qual acreditava-se que suas águas possuíam poderes milagrosos de cura. O mesmo encontrava-se nos domínios dos índios Pacothy, os guardiões do estimado tesouro líquido.
Tal dadiva poderia ser acessada por uma trilha de caminho tortuoso e escorregadio em certos trechos, mas que no final valia a pena ser enfrentado. A água da cachoeira era originária do rio jaguar, tendo este sua nascente localizada na serra da Baleia. Esse nome vem do formato que ela tem onde olhares mais fantasiosos conseguem enxergar uma Baleia. Enfim, ao descer pela cachoeira, as águas formam uma pequena piscina natural em meio às pedras, onde ali eram realizados as cerimônias indígenas dos Pacothy. Por ser um local sagrado para tais, a presença de pessoas ali eram vetadas.
Apesar da proibição, ainda sim havia corajosos forasteiros que desobedecido tais ordens e adentravam pela trilha em busca mítica cachoeira. Contudo, a maioria dos habitantes da vila respeitavam a vontade dos índios e não profanavam o lugar Santo. Mantinha-se ali um pacto de respeito às propriedades e principalmente as crenças.
Mundo Novo era uma vila com pouco mais de uma 500 moradores, sendo esses agricultores e criadores de animais em sua maioria. No centro da vila, havia uma pequena igreja dedicada a Sant'Ana. Do lado esquerdo da igreja estava localizado a delegacia, onde o delegado Pereira mantinha a lei e a ordem.
Ano após ano, Mundo Novo mantinha-se o mesmo. Nada mudava. Aquele velho costume de ir a missa aos domingos a tarde e após o término da mesma ficar ao redor da pequena praça onde os mais velhos jogavam conversa fora, enquanto os mais novos pequeravam e dançavam ao som da Santana de mestre Amadeu.