Capítulo I

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O destino conspira

Lihua estava preocupada e intrigada de como seu irmão foi ferido por uma flecha envenenada. Guan era um soldado valoroso, temido e respeitado por sua força e destreza. Um líder natural por mérito e direito. Era o Lorde das Raposas.
Quem ousaria?
Conhecedora das artes da cura, ela sabia onde encontrar a erva que poderia limpar o veneno do sangue do guerreiro. Apesar do frio, a erva podia ser achada ao pé da cachoeira, pois ela já havia visto durante seus passeios por ali.

Syaoran voltava do seu treinamento no Templo. Fez o caminho mais longo, justamente para passar pela cachoeira, que mesmo estando parcialmente congelada ainda lhe traria boas lembranças e um tempo de descanso após a longa viagem. Ele sempre sentiu que aquele lugar tinha uma magia e sempre esperou ver uma fada passeando entre as flores... e hoje ele teria o encontro tão desejado.
A dama se confundia com a neve pois estava vestida de branco, mas a cascata negra que descia pelas suas costas a tornaram visível para o rapaz.
Ele se aproxima lentamente, não com a intenção de assustar ou importunar, mas para ter a certeza que o ser envolto em esvoaçante vestido branco era real.
Lihua não é pega de surpresa, sentiu a sua aproximação, apesar dos passos leves do intruso. Ela se vira já com a adaga em punho e ele só tem tempo de se afastar do golpe certeiro que não seria letal, mas humilhante para um guerreiro com o seu treinamento. Ela maneja a pequena arma com destreza e eles trocam golpes rápidos, para espanto de Syaoran, que apenas se defende sem atacar. Ele consegue imobilizar, segurando seu punho com todo cuidado de não machuca-la.

- Minha senhora, não tenho a intenção de ofendê-la.

- Então deveria ter seguido seu caminho.

- Mas aqui é exatamente onde eu quero estar...

Ela tenta desvencilhar o braço e se desequilibra. Syaoran é rápido e evita a sua queda segurando-a pela cintura. O que os aproxima perigosamente.
Nesse breve instante ele observa como a sua pele é perolada e imagina o toque aveludado que deva ter. A boca rosada como uma fruta doce e madura pronta para ser colhida. E seus olhos!! Ele pisca algumas vezes para ter certeza. Sim, eles eram cor de âmbar!!! E o fitavam de tal modo que poderiam queimar a sua alma, tanto era o brilho e a intensidade.
Lihua por sua vez nota que seus olhos negros profundos, combinados com o nariz pequeno e a boca desenhada o deixavam belo e atraente. As mãos eram grandes e firmes, mas delicadas ao toque. Ele tinha um porte elegante e foi educado ao falar.

- Pode me soltar?

- Perdão...

Ele sorri como que para lhe dar a confiança de que não lhe faria nenhum mal. Dá um passo atrás e faz uma reverência.

- Já que aqui é o seu destino, eu vou terminar o que vim fazer e me retirar.

Dito isto, ela se volta para coletar a erva. Ele se abaixa para ajuda-la.

- Nunca o ví por aqui.

- Estive fora por um longo tempo. Na verdade estou voltando hoje.

Estranhamente ela não se sente incomodada pela proximidade do estranho, mas não tem muito tempo para pensar, pois precisa retornar rápido para tratar o ferido.

- Essa erva é para veneno...

- Você tem conhecimento sobre venenos?

- Alguma coisa... Vai salvar alguém? Por isso está com pressa?

- Estão a minha espera.

Lihua monta o cavalo com desenvoltura. Syaoran segura as rédeas do animal. Algo lhe dizia que não podia deixa-la partir tão depressa, correndo o risco de nunca mais vê-la.

- Minha senhora, me diga o seu nome.

- Porquê?

- Preciso de um nome para chama-la em meus sonhos.

Ela sorri pelo seu galanteio encantador.

- Lihua.

- Lihua "Flor de Pêra". A poesia delicada de uma flor.

- É um poeta?

Ele sorri.

- Senhora Lihua, posso lhe fazer mais um pedido?

Ela o olha desconfiada.

- Volte aqui outra vez. Eu estarei a sua espera.

Seu sorriso seria um sim??

- E qual é o seu nome?

- Desculpe, não me apresentei devidamente. Syaoran à seu dispôr.

- Syaoran, o pequeno lobo ou o poeta sonhador?

Seu nome ganhou um timbre especial na sua voz melodiosa.
Ele observa Lihua cavalgar até sumir de vista. Em seu coração ficou a  certeza de que aquela nao seria a única e última vez que a veria.

- Lihua...

- Lihua

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