Capítulo I

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Acordei e já era dia, levantei e fiz minha higiene matinal. Pego minhas malas e quando vou saindo pela porta alguém entra por ela, minha mãe.

- Bom dia, filho. – disse ela com a voz embargada.

- Bom dia, mãe.

- É estranho ver esse quarto assim. – ela diz com os olhos marejados.

- Eu tinha que sair dessa casa algum dia, né? – digo tentando amenizar a situação.

- Só não estava preparada para isso. – ela diz com a voz fraca e da uma boa olhada no quarto.

- Nunca estamos preparados para despedidas mãe. – digo e vem na minha mente o dia que meu pai morreu, um dos dias mais tristes da minha vida, se não o mais triste.

- Ele estaria orgulhoso. – ela fala, me dá um abraço e sai pelo quarto.

- É... acho que é um até logo. – digo para o nada e dou uma olhada no meu quarto, agora vazio, e lembro de todos os momentos felizes que vivi aqui, pego meu díario e minhas malas e desço as escadas, e vejo minha mãe sentada na sala.

- Animado para seu intercâmbio? – ela pergunta bebendo um gole do contéudo da xícara.

Fui aprovado recentemente para um intercâmbio para o Estados Unidos para aperfeiçoar meu inglês, nunca sair do país e devo confessar que estou meio nervoso.

- Claro, vai ser legal. – Falo tentando forçar um sorriso. Vou na cozinha pego um café e me sento junto a ela na sala que começa a me bombardear com perguntas e por fim exclama:

- Meu filho cresceu e agora tá me deixando sozinha. – ela fala com drama e começa a chorar.

- Eu nunca deixarei você, eu sempre estarei aqui. – aponto para o seu coração e a abraço em seguida.

- Promete me ligar todos os dias?

- A mãe, todos os dias não. – falo resmungando.

- Todos os dias, sim, David Luccas. – ela diz em tom autoritário.

- Tá bom. – falo em tom de rendição.

- Eu te amo meu filho. – ela diz em tom de choro. É estranho como ela passa de autoritária para melosa em questões de segundos.

- Eu também te amo, agora vamos? – Falo e vejo o semblante da minha mãe mudar.

- Tem certeza que não esqueceu nada? – ela fala visivelmente triste.

- Nada, mamãe. – falo pegando minhas malas, díario e celular.

- Vamos... – ela pega a chave e sai pela porta, dou uma ultima olhada na casa, uma lágrima cai dos meus olhos e eu fecho a porta. A viagem até o aeroporto foi num total silêncio, só se ouvia a rádio local.

- Vou estacionar, te encontro lá dentro – minha mãe diz, saio do carro com minhas malas. Pego um carrinho e caminho para dentro do aeroporto, quando do nada surge uma pessoa que esbarra em mim e me faz cair no chão.

- Você não olha por onde... – vejo dois olhos castanhos e paro de falar.

- Desculpe... Não vi você. – ele diz sorrindo e me ajudando a levantar.

- Preste atenção, poderia ter me atropelado. – digo ainda indignado.

- Eu peço desculpas mais uma vez. – Ele diz sem tirar o sorriso do rosto, o que me deixava encabulado, mesmo sem saber o motivo.

- Tudo bem – digo mais calmo.

- Qual o seu nome mesmo? – ele pergunta sorrindo, e que sorriso perfeito, como pode?

Acasos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora