Can't help falling in love

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Já tinha lido, em algum lugar, que apaixonar-se é como adormecer. Acontece de maneira sutil e gradativa.

Em um momento, você acorda e então percebe que adormeceu.

Lembro que isso não fez muito sentido, pois para mim, dormir nunca foi tão sutil e gradativo quanto eu gostaria. Mas a realidade esmagadora dessa verdade me acertou em cheio, em relação a apaixonar-se.

Quando eu percebi, já era.

Mesmo eu não admitindo, eu sei que era.

Hinata passou a dominar todos os meus pensamentos, inconscientemente. Comandava todas as minhas emoções e passou a ser a razão de toda a minha culpa. Afinal, já era difícil ter uma noite tranquila de sono antes mesmo de, sutilmente, eu passar a desejar a namorada do meu melhor amigo.

Desde que eu a conheci. Desde que a ouvi dizer o meu nome, naquele dia, no trabalho, quando ela foi efetivada. Graças às muitas recomendações de Naruto.

Meu amigo desde a escola, que sempre foi o oposto de mim. Agitado, alegre, sociável... Enquanto eu sempre me mantive recluso, sozinho, tranquilo.

Só somos amigos porque a teimosia é uma das poucas coisas que temos em comum. E ele insistia em se aproximar até que acabei me acostumando com ele.

Até que ele passou a ser como um irmão pra mim.

Sempre tão exagerado em tudo e empolgado ao extremo, não foi diferente quando conheceu Hinata.

Lembro-me de todos os elogios, todas as conversas, todo o encanto e admiração que ele tinha pela namorada. Mesmo em poucos dias de relacionamento.

A empolgação, sempre exagerada, exaltava a beleza exótica que a menina possuía. A voz doce, a cor rara dos olhos, em contraste com o cabelo escuro. Em todo e cada detalhe. Tanto quanto o era em sua personalidade, bondade, gentileza, empenho e determinação.

Os elogios eram sem fim.

Só que, ao conhecê-la, percebi que ele não exagerou ao falar dela.

Em absolutamente nada.

E eu percebia a cada contato, a cada conversa jogada fora, a cada saída em que eu era arrastado, a cada gosto dela que batia ao meu, a cada opinião, a cada semelhança nova que compartilhávamos... A cada perda de um pedaço de mim.

E eu me perdia, involuntariamente, todas às vezes, um pouco mais.

Eu não podia deixar que isso continuasse.

Então, me afastei. Concentrei minha atenção ao trabalho. Saí com outras pessoas, mesmo contra a minha vontade. Conheci outras garotas. Funcionou... Por pouco tempo.

Sempre que meus olhos se encontravam com os dela, tudo voltada. Era só eu observar aquela face corada, ainda que de longe, e uma avalanche de sensações me arrematava.

Tanto que eu adoeci.

Nunca deixei nada atrapalhar o meu trabalho e não seria diferente agora. Porém foi diferente, porque dessa vez, ela estava lá.

Ela viu através de mim. Hinata percebeu, se importou.

— Você não está bem – Sua voz doce foi o suficiente para meu coração acelerar. Me voltei dos papeis que eu lia, para ela. Já fazia um tempo que não a ouvia falar diretamente a mim, ou a olhava tão de perto. Eu a evitava e sei que ela sabia ser intencional.

— Não é nada – Novamente voltei a me concentrar no meu trabalho, apenas esperando que ela fosse embora, porém ela não foi. Ao invés disso, ela deu a volta na mesa, até mim.

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