O Sol brilhava forte.
Hoje era pra ser mais um dia comum, onde eu limparia os estábulos, daria de comer às nossas galinhas, ajudaria meu pai a arar a terra, prepararia o almoço e começaria meu treino de espadas, como todos os dias. Mas infelizmente não foi assim. Após almoçarmos, eu sentei e descansei um pouco pois eu estava bastante cansado pois as galinhas hoje não deram sossego. Meu pai estava dentro de casa, ele havia ido buscar nossas espadas para que pudéssemos começar o nosso treinamento e ele estava demorando mais do que o normal, porém eu não prestei muita atenção nisso. Os animais estavam muito agitados hoje, os cavalos relinchavam de forma incessante e as galinhas cacarejavam muito. Hoje não era um dia normal, o ar estava pesado, o sol parecia queimar toda a pele do meu corpo, como se eu estivesse em chamas. Meu pai finalmente voltou e trazia consigo nossas espada. Minha espada era como uma Katana normal, mas sua guarda era enfeitada com ornamentos dourados, o que ajudava mais na hora de defender um ataque e roubar a arma do inimigo.
— Está pronto, filho? — Meu pai sempre parecia animado nessas horas, acho que ele gostava de poder pegar novamente em uma espada.
— Dessa vez você não irá vencer, velho. — Eu também gostava desses momentos, eram momentos em que eu sentia a real intimidade que meu pai e eu tínhamos.
— Garoto, você conta demais com sua juventude. Não se esqueça de que você sabe tudo que eu lhe ensinei, mas eu não lhe ensinei tudo o que eu sei. Você tem muito caminho pela frente até se tornar um guerreiro como eu, mas eu admito que você evoluiu muito e que se tornará como eu rápido. — Disse meu pai, mais uma vez com um sorriso no rosto e retirando sua espada da bainha.
A espada era tão afiada que parecia cortar totalmente o vento, o atrito não atingia o fio da lâmina e se atingia era totalmente cortado. A espada produzia um som quase que surdo em contato com o ar, era como um assobio bem baixo, porém forte e preciso. Iniciei o treinamento com um golpe lateral, que foi facilmente defendido e contra-atacado pelo lado oposto de forma extremamente rápida e precisa, mas consegui me defender utilizando a guarda ornamentada da Katana. Por horas nós continuamos naquele mesmo ritimo, atacando, defendendo, contra-atacando, pulando, enquanto nossas espadas forjavam um som agúdo, tão agudo quanto o cantar dos passaros e faíscas que transformava nosso treinamento em um espetáculo artístico. Nós estavamos totalmente desconectados do mundo, nossa preocupação estava apenas em não arrancarmos algum membro um do outro, ou melhor, meu pai não arrancar nenhum membro meu. O tempo ao nosso redor estava parado, Os cavalos e galinhas pareciam estar paralizados, mesmo que a algumas horas atrás estivessem totalmente agitados. Por um milionésimo de segundo, percebi no canto dos meus olhos uma movimentação estranha, que fez com que eu perdesse a atenção da espada que vinha em minha direção, quase perfurando um dos meus olhos. Havia um homem nos olhando, um homem que eu jamais havia visto, mas que me causava um grande terror.Seus olhos negros causavam panico, seus cabelos tão negros quanto os olhos caiam por seus ombros, sua barba era cheia a ponto de encostar em metade de seu pesco, sua face era tão palida que parecia estar morto, mas sua velocidade e força provavam que ele estava vivo.Muito vivo. Meu pai, que estava em guarda por conta de nosso treinamento, permaneceu em sua postura, mas isso não protejeu do terrivel destino que o esperava. Mesmo com sua espada levantada não foi possivel defender o golpe do inimigo, que com uma velocidade quase sobre humana e uma força maior ainda partiu a espada que meu pai segurava ao meio e perfurou seu pescoço, torcendo a espada para o lado e a puxando para a esquerda, fazendo a cabeça de meu pai rolar ao chão. Ao mesmo tempo que isso acontecia, senti uma pancada em minha cabeça e enquanto minha visão escurecia, estendi minhas mãos para tentar alcançar meu pai e finalmente caí.
Eu realmente não faço ideia do que está acontecendo. Esta floresta me parece estar diferente, mesmo eu tendo a leve impressão de que a conheço. Lembro que minutos atrás eu estava em meu quintal, ouvindo as palavras de meu pai, palavras que, se não me engano, eram de repreensão pois eu não havia limpado de forma correta a bagunça que havia feito após meu treinamento com a espada. Meu pai já tinha uma idade avançada, Seus cabelos brancos e longos cobriam seus ombos e descansavam em seu peito, sua barba não era tão grande, mas era tão alva quanto seus cabelos. Por mais velho que fosse, ainda era um habilidoso espadachim e tirava parte de seu tempo como ferreiro para me ensinar o que sabia, e lhe garanto que ele sabia muito bem. Por mais que eu tivesse crescido e passado meus vinte e quatros anos ali, não me lembrava de ter um lago ali naquele lugar, apenas me lembro de que era uma vasta floresta e que a noite os ventos sopravam uma musica causada pela solidão do local. A água invadia o meu rosto, deixando apenas minha boca e meu nariz a mostra, o que era suficiente para me deixar respirar. Sentia meu corpo pesado, não conseguia mover minhas pernas e meus braços, minha respiração era tão pesada que parecia estar em baixo de uma grande quantidade de ferro, mas eu não sentia nada me empurrando para baixo, apenas uma força invisível que impossibilitava minha movimentação. Talvez fosse o medo, já que vi com meus próprios olhos a cabeça de meu pai rolar pelo chão enquanto eu era golpeado na nuca com algo que era tão duro quanto o cabo de uma espada. Mais uma vez tentei me levantar e falhei, porém dessa vez consegui mover minha cabeça e tira-la de dentro d'água, virei para o lado e vi uma figura feminina que jamais havia visto antes.

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O Espadachim da Luz
AbenteuerApós uma trágica perda, Haythan terá que percorrer o munto atrás de respostas e de paz interior, ele não é exatamente essa calmaria que você pensa.