A verdade liberta ou prende ainda mais?

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Escrito em: 06 de abril de 2019 e revisado em 13 de Junho de 2024.

O suicida estendeu uma sobrancelha não acreditando no que ouvira, tendo um pouco de dúvida misturada com desconfiança.

- Estranho ...
Esse nome me lembra o de um ex-subordinado.

Dazai cruzou as pernas, voltando a comer.

"lembra um ex subordinado...."

Pensou Akutagawa e continuou.

- Eu estava no banheiro, espirrei e quando abri os olhos estava assim.
Eu troquei de sexo, Dazai-san...

Apenas Aku o chamava dessa forma com a voz tão amorosa, não podia ser outra pessoa.

Dazai não falou nada, apenas continuou comendo, e ao terminar, limpou a boca com um guardanapo devagar.

- Hum...então lhe confundi.

Dazai retirou seu prato e seus talheres, olhando para a Aku.

- Seus amigos da máfia devem estar procurando você.

Os olhos do outro encheram de lágrimas, mas Aku não quis deixar transparecer que ficou magoada pelas palavras duras do outro, apenas assentiu e levantou da mesa.

-  A saída é por alí, não é?

Foi saindo sem olhar para trás, se olhasse iria voltar e socar a cara de Dazai, por um momento ela estava começando a achar que Dazai poderia ser uma pessoa diferente, mas se enganou.

- Quer dizer que se eu não tivesse perguntado, iria se passar por uma garota diferente e iria revelar ser quem é quando, em?

Dazai a olhou lhe repreendendo com o olhar, em seguida para seu corpo, passando as mãos nas faixas de seu pescoço.

- Você precisa de mim para voltar ao normal.

- É só eu espirrar novamente e voltarei.

Aku respondeu direto pra não dar entradas a qualquer possibilidade de Dazai sair por cima, para depois dever mais uma a ele, como foi sua vida inteira, o interior de Akutagawa mesclava gratidão e raiva. Dazai ensinou tudo que Aku sabia, mas sempre humilhando e rebaixando, dessa vez isso não iria acontecer.

- Eu poderia não ter dito a verdade quando você perguntou, sabe. Mas não iria querer suas mãos sujas em mim, nessas curvas que não são minhas.

Aku saiu da casa de cabeça erguida, foi andando descalça pela calçada, pois o sapato não servia nessa forma, começou a chover, por algum motivo ela não gostava de banhos e tomar um de chuva justamente agora não foi um bom momento.

- Tsc.

Dazai revirou os olhos e saiu andando até a saída, juntamente com um guarda chuva, o armando e deixando sobre a cabeça de Akutagawa.

- Não quero que morra de gripe.
Já tenho corpos demais para enterrar.

Dazai a olhou, sentindo o frio daquela noite, daquela chuvarada.

- E minhas mãos sujas?
Sujas???
Lembre-se que já estivemos na mesma organização
Se minhas mãos são sujas, quem dirá as suas???

Não era a isso que Ryunosuke queria se referir, mas não respondeu, já que Dazai não entendeu era mais seguro assim, apenas segurou a mão de Dazai que estava no guarda chuva o deixando sobre a cabeça do próprio.

- Não precisa se preocupar
Se eu ficar gripada vou espirrar e voltar ao normal, você não precisa mais me ver assim e tudo volta ao que sempre foi, sensei.

Aku deu as costas para o homem com o guarda chuva e voltou a andar cantarolando uma melodia triste que combinava muito com o clima.

- Não vai ser uma questão de espirro e tudo estará resolvido, não.
Vai ser algo mais complexo.

A fêmea em mim Onde histórias criam vida. Descubra agora