Prólogo

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O homem corria pelo beco tentando despistar os seus perseguidores, vez ou outra esbarrando em uma lata de lixo, sua respiração estava descompassada, o coração acelerado martelava nos ouvidos e sangue ja escoria pela sua boca manchando a camisa branca de escarlate. Ele para com as mãos em tijolos gastos e sujos, apoia a cabeça na parede com esperança de recuperar o fôlego, quando escuta o barulho de passos atrás de si, um sorriso brinca em sua boca, a qual ele morde antes de se virar e encarar os outros três homens agora ali presentes.

-Senhores- fazendo uma reverência extravagante ele os encara - A que devo a honra da perseguição?

-Tem o dinheiro? Olha, temos ordens para não pegar leve com você- diz um dos homens, Kim alguma coisa era seu nome- Mas se a cadelinha quiser brincar a conversa pode ser outra

Tayek ri, sempre soube do desejo do outro por seu corpo, mas também pudera, ele era um pedaço de mal caminho que tentava até a mais inocente alma.

-Ainda nao superou que eu não quero nada com você amorzinho?- os outros dois homens riram, enquanto Kim permanência congelado, o poder de Tayek sobre o seu ser era algo que o assustava, seu coração havia acelerado no mesmo segundos em que os olhos, azuis agora por causa de uma lente, se encontraram com os seus.- Podem fazer o que mandaram, eu nao vou pagar e também nao vou transar com você.

-Se você prefere assim

Os três perseguidores foram para cima do mais novo. E enquanto Tayek levava uma surra ate cair no chão e perder a consciência, do outro lado da cidade uma garota tentava fugir do homem que a atacava.

Hyu era cabelereira, atendia tanto as mulheres quanto aos homens, por isso não se surpreendeu quando um homem bem vestido apareceu na porta de seu salão perguntando se havia um horário disponível, e com um sorriso a garota disse que o atenderia no mesmo momento, era assim que ela tratava de todos os clientes, afinal era daquilo que vivia. Mas algo nesse homem a deixa inquieta e desconfortável, murmurando para si mesma que não era nada, ela pega a navalha para fazer o que havia sido solicitado e se aproxima dele, com cuidado ela o barbeia.

-Voce é muito bonita -ele diz e logo ela sente um aperto forte em sua coxa, um engasgo deixa os seus lábios ao mesmo tempo que um gemido deixa os lábios do outro. Ela tenta se afastar dele, batendo as costas contra uma pequena mesa, derrubando todos os seus produtor caros e importados que ali estavam- Nao seja uma garota má hum, não vai doer, prometo ir devagar- ele susura contra o seu rosto, segurando sua cintura com uma mão e inclinando-se para beija-la.

-n-nao por favor nao - implora a garota e recebe um forte tapa no rosto.

-eu disse para ficar quieta!

Ele ameaça bater nela de novo, Hyu em pânico usa a única coisa que poderia para se defender, e afunda a navalha no pescoço alheio. Sangue suja suas roupas e o homem cai no chão, a menina fica encarando o corpo atômica por alguns segundos antes de tentar arrasta-lo para fora do local, e fica mais apavorada ao perceber a poça de sangue que se formava ao redor do corpo, ela retira seu casaco e tenta limpar o vermelho forte, cheiro de metal invade suas narinas, fazendo seus olhos lacrimejarem não estava pensando no que fazia e tampouco percebeu quando escorregou no sangue e caiu sentada no chão, abraçando as próprias pernas, ela deixa as lágrimas banharem seu rosto.

Havia, ainda, outro jovem, e este era talvez o que mais sofria. Jiyon estava sentando em uma poltrona antiga e desgastada, o objeto tinha sido de sua bisavó, ele se sentava largado, uma perna por cima do braço da poltrona e a cabeça jogada para o lado, brincava com um telefone antigo, daqueles que quase não existiam mais, enrolando o fio amarelo nos dedos, sua mente estava muito longe dali.

O garoto lembrava-se de sua vida, lembrava-se da mulher a qual pertencia seu coração, da criança que agora já teria idade para estar correndo pela casa e o chamando de papai, seu coração afundou, ele era muito novo para carregar tanta tristeza, não entendia em qual momento perdeu o controle e tudo o que o fazia feliz, ele também não se lembrava quando foi a última vez que sorriu de verdade, parecia algo surreal o simples ato de rir, ele estava despedaçado de tantas formas.

E assim ele enrolou o fio amarelo no próprio pescoço, apertando e dando um nó, ainda que fraco. Sua respiração tornou-se rarefeita, seu rosto assumiu um tom vermelho escondendo todas as sardas dispostas em suas bochechas e nariz, ele permaceu assim ate perder as forças e cair de joelhos no chão, o nó no fio se desafroxou caindo em seus ombros, seu peito espandio em busca de ar, a garganta queimava ao passo que engasgava tentando respirar e quando finalmente conseguiu ele desabou no chão, deitou-se e caiu no sono.

Jiyon acordou com a luz da lua e ja não sabia que dia era, e nem se importava, levantando-se e pegando uma garrafa de vodka e um casaco fino ele saiu de casa, passou por um beco e não notou quando pisou em uma pequena poça de sangue ou nas latas de lixo espalhadas pelo chão, sujando ainda mais o local. Ele levou a garrafa a boca e virou o líquido, queimando mais sua garganta que ainda não havia se recuperado de sua mais nova tentativa falha de acabar com a própria vida. Ele havia aprendido uma coisa sobre si mesmo quando tentou aquilo pela primeira vez, se afundando em uma banheira e saindo dela com o peito doendo e engasgado em busca de oxigênio, Jiyon gostava de sentir dor, talvez fosse perturbador para outras pessoas, mas a dor era algo aceito de bom grado por ele, o fazia se sentir vivo, lhe dava prazer e foi com isso em mente que ele cambaleou até a rua mais movimentada que estava próximo.

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