PRÓLOGO

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.•. ALGUNS ANOS ANTES .•.

LUCCA

Encaro Antonella e ela está divina, sorrindo para mim, esperando sua aula de piano começar. A conheci quando apareceu a primeira vez nas festas da Famiglia. As moças, quando completam quinze anos, começam a frequentar as festas para serem vistas como mulheres feitas e prontas para o casamento.

Lembro-me de como estava bonita e encantada com tudo. Não tive como me aproximar no início, os Giordano costumam estar muito grudados nas suas filhas. No decorrer da festa, consegui a aproximação e a tirei para uma dança. Fui o seu primeiro.

Lembro como a sua timidez e delicadeza chegaram a me espantar. Eu, um homem jovem, mas que já havia visto de tudo na vida, me peguei impressionado com a timidez de uma mulher. Senti que a estava corrompendo somente em tocá-la. As minhas mãos estão sujas de sangue, carregam o peso de torturas e assassinatos... não sou um homem bom.

Depois desse dia, mesmo tentando resistir, sempre arrumei um jeito de vê-la. Nosso principal local de encontro são nas suas aulas de piano, quando tenho que levar a minha irmã Paola também. São amigas.

Ciao, tesoro. (Oi, querida.) — Toco o seu rosto e ela sorri. — Como está hoje?

— Bem. — Não parece verdadeiro. — E você?

— Muito melhor agora por vê-la... senti saudades.

Olho ao redor e a puxo para um canto, querendo contar a novidade. O olhar espantado de Antonella me revela o quão inocente é. Seguro as suas mãos e a puxo para mais perto de mim, noto seu corpo tremendo levemente.

— Vou negociar com o seu pai hoje, quero me casar com você.

O olhar surpreso dela me faz sorrir.

— Mesmo, Lucca?

— Sim. — Seguro o seu queixo para erguer um pouco sua cabeça. — Quero você, Antonella. Com todo o meu coração.

Desço os meus lábios sobre os seus, unindo-os em um selinho. Não ouso avançar pelo respeito que tenho; eu poderia tê-la aqui agora mesmo somente pelo desejo que sinto, mas a amo demais para desonrá-la dessa maneira. Quero tudo da forma certa com ela, é a única com quem pensei sobre isso. Encerro o leve beijo e, assim que volto a olhá-la, noto que está com o rosto rosado.

— Eu também quero você — murmura, tímida.

— Passarei na sua casa à noite.

— Vou esperar ansiosa.

        — Agora ande, vá para a sua aula... vou adorar ouvir você tocar para mim quando casarmos.

Antonella segue para o piano e senta-se com a postura ereta. Antes de afundar os dedos nas teclas, olha para mim mais uma vez, abrindo um leve sorriso. Ela toca divinamente, parece sentir que é a última vez que nos veremos direito.

***

Arrumo o terno pela milésima vez antes de tocar a campainha da família Giordano. Quem abre a porta é a senhora mãe de Antonella, ela sorri e manda que eu entre.

        — Algo importante, meu jovem?

        — Venho falar com o senhor Giordano e com a senhora... tenho interesse em uma das suas filhas.

        — Oh! — Ela parece espantada. — Claro, vou chamar o Luigi, ele está no escritório. Sente-se.

Me acomodo no sofá e olho em volta, em busca daqueles cabelos castanhos e do olhar tímido. Mas onde ela está? Quando Luigi Giordano aparece, fico de pé imediatamente e o cumprimento. Sentamos todos e eu sinto um nervosismo crescente dentro de mim.

        — Senhor, eu vim...

        — Sei para o que veio, mas chegou tarde.

        — Il perdono? (Perdão?)

        — Minhas duas filhas já estão prometidas... Antonella, a mais velha, se casará com Leonel Muccini. O casamento estava sendo negociado há meses.

Engulo a minha vontade de quebrar tudo nesta sala. A minha Antonella será entregue a Muccini? Ele já teve a sua vez, é viúvo. O que eu vou fazer com essa coisa que queima dentro de mim toda vez que a vejo?

        — Senhor, reconsidere o casamento de Antonella — tento convencê-lo. — Os negócios...

        — Está decidido, Pozzani. O casamento dela será em seis meses. — Bate no meu ombro. — Você vai encontrar uma boa esposa... a Famiglia tem filhas lindas, ficaria feliz em entregar uma das minhas a você se não estivessem prometidas. É um bom rapaz.

Mas eu não quero as filhas, Antonella é quem eu quero.

        — Papà? — A voz inconfundível me faz olhar na direção da escada. — Isso é verdade?

        — Antonella, não disse para ficar no quarto? — a mãe repreende.

        — Eu quero me casar com Lucca.

Per Dio!

Ela vem até nós, desafiando os pais e isso me faz temer por ela. Podem castigá-la, ou pior, pensar que não tem mais a sua honra. Fico de pé e ela para ao meu lado, firme.

        — Pare de bobagem, amor é coisa de filmes e livros — Luigi diz, ficando de pé também. — Logo isso se tornará uma lembrança tórrida do passado. Os negócios da Famiglia vêm em primeiro lugar, Antonella, não as suas vontades.

        — Per favore. — A mãe dela aponta a porta, olhando para mim. — É o melhor para a Famiglia.

Olho para a doce mulher ao meu lado e as lágrimas nos seus olhos me machucam. Como suportarei vê-la se casar com Muccini?

        — Posso falar com ela? Serão apenas dois minutos.

A mãe dela cede e convence Luigi a ir com ela por dois minutos. É o que tenho para me despedir.

        — Lucca — murmura. —, não me deixe.

        — Não tenho como fazer nada... seu casamento já está arranjado.

        — Eu não quero o Muccini. — Abaixa a cabeça e chora. — Mas sei que é o meu dever.

A puxo para um abraço e ela se agarra à mim com força. Dio santo, fui criado para matar e já o fiz diversas vezes... mas com essa mulher é como se meus pecados fossem apagados. Ouvi-la chorar me dói profundamente.

        — Logo você vai me esquecer — tento amenizar, mas ela soluça. — Não se preocupe, tesoro.

Beijo a sua testa e não digo mais nada, apenas sigo para porta. Não olho para trás para não correr o risco de pegar em sua mão e desonrar a Famiglia. Seu dever é casar-se pelos negócios, deve cumpri-lo... eu cumprirei o meu.

Olá docinhos,Prólogo liberado para aguçar a curiosidade de vocês

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Olá docinhos,
Prólogo liberado para aguçar a curiosidade de vocês. Gostaram? A história vai ser tensa.

17/09/2019

Beijinhos, Duda ❤️

[DEGUSTAÇÃO] Lucca - Série Dono do meu desejo #6Onde histórias criam vida. Descubra agora