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O inverno começaria em Magna, neve não costumava a cair na parte Sul, onde Mackeela nasceu e cresceu, mas ela sempre quis ver a neve. Seu irmão, Makelo, já havia ido ao norte diversas vezes e contará sobre as paisagens belas que ele viu, nunca com muito entusiasmo, afinal ele não ligava para as paisagens de sua viagem.
Fazia 5 meses que Mackeela alcançará a liderança do Sul, treinou muito para que pudesse tomar o cargo de líder sulista, anos de lutas corporais, anos de técnicas de controle do fogo e livros complicados que a garota leu por toda sua vida a ajudaram.
A manhã daquele dia havia sido um terror para ela, que fez aniversário neste mesmo dia. Com apenas 19 anos conseguirá um cargo alto para um mulher- principalmente se tratando do Sul- e estava desenvolvendo um plano para que as mulheres entrassem cada vez mais em cargos militares, ela estava orgulhosa de si mesma, entretanto os homens sulista não estavam nada felizes, os pobrezinhos se sentiam ameaçados por uma mulher de menos de 20 anos, mas com razão, aliás se tratando de Mackeela tudo era possível.
Ela caminhava pelas margens do Rio Detrino com os olhos na outra margem, as flores começavam a desaparecer mesmo em Veteris, o lar dos pesadelos de todos as pessoas de Magna, mas Mackeela continuava a apreciar o continente a sua frente, tão perto. Na parte Sul da ilha de Magna, o rio ficava estreito antes de desaguar no grande mar da Glória, para a jovem era tão incrível o lugar que assombrava seus pesadelos estar a apenas uns 10 metros de distância. Estava logo ali pra lembrá-la que o perigo realmente está a sua frente.
-Fico abismado com o quanto você consegue olhar pro mesmo lugar sem cansar- Um homem loiro, com olhos azuis falou ao abraçar por trás a jovem de cabelos cor de avelã- Sempre sei onde te encontrar.
Mackeela virou para encarar Acro, seu namorado a 6 meses, o jovem de 22 anos com a pele clara e olhos profundos era uma boa pessoa, não era o tipo comum daquela parte da ilha- o tipo comum de homem que se encontra por lá é babaca e misógino- ele era diferente, aliás vinha do norte da ilha.
Ele provavelmente era uns cinco centímetros mais alto do que os 1,76 da morena, o maxilar era definido e as feições do menino nunca eram bem disfarçadas.
-Acho que tenho que mudar de lugar favorito- ela disse após selar os lábios com os dele rapidamente- estou ficando muito óbvia.
-Você foi incrível hoje, não entendo muita coisa sobre controle de fogo, mas Vaila disse que você é boa, muito boa.
-Pois então diga a ela que sou agradecida pelos elogios- A garota disse passando a mão pela tatuagem da leoa, Vaila, que se encontrava na base do pescoço do mais velho.
-Seu irmão não parava de fazer aquela cara de nojo dele- Acro se afastou um pouco da Mackeela- ele não pode sequer ouvir seu nome sem fazer aquela cara.
A menor riu ao ver o loiro retorcendo a face tentando imitar a feição do irmão, Makelo.
-Ele é um idiota, não ligo para as caras dele- ela puxou o homem mais perto até que seus corpos se encontrassem num abraço silencioso.
Mackeela não amava Acro, nem de longe, mas ele a amava. Quando se conheceram era apenas um garoto bobo querendo a atenção da garota mais durona de toda parte Sul, acabou que ela encontrou nele algo que nunca havia tudo em toda sua vida, um confidente, além de um ótimo parceiro na cama, claro.
Ele esteve com ela em momentos em que ela estava contra todos, afinal uma mulher na vida militar não era uma coisa muito comum, e muito menos quando uma tão jovem conseguir desafiar os Três Grandes ( líderes de toda ilha), e por fim assumir a liderança.
Acro viu ela chorar de ódio do próprio irmão-que sempre foi um grande imbecil a propósito- após ele duvidar que ela conseguiria sobreviver um dia na liderança, e graças a Acro ela consegui se manter firme por todos esses cinco meses.
Ele talvez não fosse o amor da vida dela, mas infelizmente ela passou a ser mais respeitada com ele ao lado, e ele era bom, por que não passar o resto da vida ao lado dele?
O abraço silencioso nas noites da ilha eram a parte preferida do dia de Mackeela, onde ela podia apenas esquecer por uns minutos todo o estresse.
-O que você está planejado pra fazer amanhã?-Acro perguntou sabendo que a morena sempre havia um tópico a descurtir com os generais sulistas.
-Eu estive pensando...- Ela se afastou novamente do loiro e sentou à beira da margem- Eu tenho algo a falar amanhã, pensei muito sobre isso e acho que amanhã vai ser o melhor dia.
- O que você está aprontando?-Ele retirou uma mecha de cabelo do rosto da garota revelando seus olhos castanhos profundos se destacando pela pele morena castigada pelo sol dos dias de treino dela.
-Eu quero acabar com os sacrifícios.

***

  Uma jovem chamada Guila seria o sacrifício da semana, ela sorria como se este fosse o dia mais feliz de toda sua curta vida.
  Naquela manhã a menina de 15 anos seria mandada para o outro lado do rio Detrino, como uma oferta de sangue quente e pulsante para aplacar a fúria dos monstros que viviam em Veteris.
Os sacrifícios eram criados para acreditar que eram puros entre os de Magna, que eram a salvação da ilha. Criados para morrer? Talvez. Criadas para servir? Quem sabe... Na verdade ninguém, nenhum que atravessará o rio voltou vivo- ou morto- a ilha, absolutamente nenhum dos magnas tinha sequer ideia do que poderia acontecer no continente.
Guila, como tantas outras jovens que foram sacrificadas, passará a vida aprendendo que, ao atravessar, qualquer verteriano exerce poder sobre ela, o que dissessem ela era cumprir.
Tais jovens nunca foram ligadas à um Dyr, mal sabem do que se trata ter um, nunca aprenderam sobre controle de elementos. São treinadas para o básico de luta corporal, muito bem ensinadas a tarefas de como sobreviver em ambientes não muito favoráveis.
A parte mais bizarra era como a personalidade de todas eram iguais, sem exceção.
Voltando a jovem que se preparava para entrar no rio com um grande sorriso.
Enquanto seu vestido branco - típico da cerimônia- se tornava lentamente transparente a medida que ela entrava no lago pessoas a aplaudiam.
Mackeela não olhava, era uma de seu povo, uma menina mandada para a morte. Ela não conseguia.
Já Makelo, o irmão da garota, aplaudia, gritava e pulava a medida que Guila chegava mais perto da margem do continente.
Quando finalmente a menina de 15 anos saiu da água, já em Veteris, ela virou para seu povo do outro lado do rio e sorriu antes de sumir pelas árvores altas e bonitas.

***

-Mackeela, querida, por favor entre!- Jyen exclamou a ver a garota.
O homem gordo e baixinho andava de forma engraçada e seus poucos cabelos balançavam fazendo parecer com um pequeno ninho ruivo.
-Jyen- Mackeela disse com a voz leve- Onde estão os outros?
-Estão na sala de reunião, vamos logo!-O velho baixinho andou na frende da mais nova até chegarem a uma grande porta de madeira, com diferentes animais esculpidos nela.-Pronta garota?
-Eu sempre estou pronta para uma boa briga com esses babacas.-Ela disse sorrindo.
-Sei o que você está aprontando por baixo dos panos, fazer isso é perigoso. Mas você tem meu apoio, e sempre terá.-Jyen deu uma última olhada na menina e por fim suspirou- Escute bem, quero que você acabe com a raça deles, todos entraram com os Dyr em forma animal, faça isso também. Deixe Katum na sua direita, Akita a esquerda e Cael logo atrás de você.Quero que acabe com eles, okay?
Ela abraçou rapidamente o velhinho e disse:
-Obrigada, vovô.
                                ***
  Duas tranças prendiam o cabelo castanho de Mackeela, uma em cada lado de sua cabeça presas rentes a raiz. Ela usava a calça militar de sempre, o coturno e um top que apertava firme em seu corpo.
  A tatuagem do lobo, Akita, em seu braço direito antes colorida agora estava negra, e o lobo com 1,80 de altura- isso com suas quatro patas apoiadas no chão- estava a seu lado direito, sua cor era tão escura que chegava ao ponto de brilhar como Jyen havia falado.
  A tatuagem de Katum estava escondida por culpa da calça, mas o tigre branco estava na sua esquerda, tão alto quanto o lobo.
  E por fim atrás da garota, havia o grande dragão, Cael, com suas escamas de um vermelho escuro na parte de sua cabeça até o vermelho claro de sua calda, as asas estavam recolhidas mas, quando abertas eram incríveis e gigantes.
  Todos os três Dyr tinham olhos castanhos profundos  e desmarcados iguais aos de Mackeela. Os homens ficaram quietos até Acro dizer:
  -Podemos começar?
  É pior fim, Mackeela sorriu.

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⏰ Última atualização: Mar 05, 2022 ⏰

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