Amor e Água.

I.

Você já ouviu falar em sereias? Oh, creio que sim. Sereias. Quando pensamos nelas, pensamos em criaturas estranhamente perfeitas, que nem precisam se esforçar muito para nos fazer cair em seus encantos. Já outros, pensavam nas tais criaturas com presságios, ou monstros que assolavam as águas com o propósito de exterminar qualquer humano que se aproximasse de seu território.
Byun Baekhyun é um rapaz de vinte e cinco anos, que trabalha como médico em um hospital particular no centro de Seul. Além de apaixonado pelo corpo humano e pelo seu trabalho, era apaixonado por sereias. Ao olhar de muitos, gostar de uma coisa que "não existe" é coisinha de criança. Seus amigos o diziam que sereias eram como o Papai Noel; apenas fantasia. Obviamente, Byun ficava extremamente irritado, afinal, era uma coisa que ele gostava muito, então era perturbador ter de ouvir de outras pessoas que ele era um bebezão.
Naquela tarde, Byun estava de folga. Aqueles que já entraram em sua casa sabiam que ele tinha diversos e diversos cadernos, onde anotava as características das sereias e os tipos de sereias que existiam. Imprimia fotos e colocava ao lado de seus textos para ficar bem detalhado, para que ele pudesse ler ou mostrar para os outros depois.
Byun Baekhyun tinha dois amigos, estes se chamavam Kim Jongin e Do Kyungsoo. Os dois namoravam fazia um certo tempo, e Byun não ligava muito em ficar de vela, mas os dois amigos sempre tinham um surto de moral quando Baekhyun citava sereias em qualquer conversa.

- Baekhyun, você já é um homem. Não vai se casar com essas fantasias. - Jongin ditava, com os braços cruzados.

Kim era um rapaz calmo e amigável, mas também era bem mandão e odiava quando alguém fazia algo que, ao ver dele, era errado. Ele apenas se preocupava com Baekhyun, pois sabia que ele realmente era uma pessoa bem infantil por causa de toda essa fantasia em que vivia. Apenas tinha medo de que machucassem o seu amigo, enquanto usassem de sua inocência.

- Se você puder parar de falar, eu agradeceria. - Baekhyun protestou, com um bico emburrado formado em seus lábios.

- Apenas queremos seu bem, Byunnie. Vamos mudar de assunto. - Kyungsoo invadiu a conversa, com aquele sorriso em formato de coração em seus lábios.

A única coisa que Byun tinha na sua vida, além de seu emprego e seu gato, eram aqueles dois rapazes, que com toda certeza, eram seus melhores amigos. Passaram a tarde inteira conversando sobre jogos e filmes, sentados na mesa de uma cafeteria. Ao invés de prestar atenção na conversa, Byun olhava abobado para um quadro com uma sereia que enfeitava o interior do estabelecimento. Parecia que sua paixão o seguia para todos os lados, pois sempre via uma estátua, um livro ou um quadro de uma sereia ou um tritão, não importa para onde fosse.

- Foi bom conversar com vocês, mas agora eu vou ir dar uma voltinha na praia. - Byun se levantou, sorrindo amigável para os dois amigos, que apenas assentiram e acenaram.

De vez em quando, Baekhyun pensava que era um incômodo para os dois e que eles só ficavam consigo por pura pena, pois eles realmente eram presos no mundo um do outro. O moreno apenas não queria aceitar que estava com ciúmes do casal de pombinhos.
Saiu da cafeteria, andando em passos lentos, ainda sim eufóricos. Adorava ir na praia, sentar-se na areia e ouvir o barulho do mar. A praia coreana não era movimentada em dia de semana, pois todos estavam trabalhando e indo para escolas ou faculdades, então ele podia ficar em paz e se deitar na areia, focando somente no barulho do mar, enquanto tinha a pouca sensação de como era flutuar. Andou animado, até chegar na praia. Hoje estava meio movimentada, mas isso somente em um lado da praia, que era o local mais raso e com menos pedras. Haviam umas nove pessoas, no máximo.
Baekhyun praticamente correu até o seu esconderijo pessoal, que era uma pedra grande que ficava no meio de uma piscininha formada pela água do mar e um buraco no meio da areia. Fechou os olhos e balançou a cabeça para lá e para cá, aproveitando o barulho das ondas batendo contra os pedregulhos, inclusive no que estava sentado. Era ótimo, realmente conseguia sentir-se deitado em uma nuvem.