por hirugetsu
O vento gelado arrancava as folhas das árvores, denunciando o outono que havia caído sobre Seul e, como nos outros dias cinzentos que antecederam aquele, ele estava na sacada, segurando uma xícara de café recém-feito em uma mão e um cigarro na outra.
Era cedo demais para a névoa já ter baixado e tornado as ruas visíveis, tão cedo que o céu ainda estava escuro, num tom esmaecido que migrava para o claro pouco a pouco.
O ar dentro do quarto era tão gelado quanto fora dele, e apesar de estar com frio o suficiente para sua pele se arrepiar, Chanyeol preferia ficar na cama como estava, nu e meio enrolado nos lençóis, olhando a silhueta de Baekhyun através da porta de correr, o corpo esguio inclinado sobre a proteção que rodeava a sacada, voltado para o chão vinte andares abaixo.
Ele sempre ia para a sacada nas primeiras horas do dia, não importasse o tempo, e sempre levava consigo o cigarro e o café. Era um ritual para ele, Chanyeol sabia.
Como das outras vezes em que o observara, Baekhyun só vestia a cueca da noite anterior, deixando a pele levemente bronzeada de quem havia crescido na Califórnia exposta, pelo menos onde a tinta escura não cobria.
Observá-lo era uma atividade vã, Chanyeol tinha certeza, mas, ainda assim, se limitava a perder os primeiros minutos do dia admirando Baekhyun, sempre se perguntando se ele se importaria se tirasse uma foto, porque era algo bonito de ver, apesar de não raro, e por mais estranho que pudesse soar, queria guardar aquilo e levar consigo para onde quer que fosse.
Porque Baekhyun era a vida em essência. Já havia feito de tudo um pouco, tinha muita história para contar, nunca começava um dia sem um cigarro e sempre terminaria a noite com as costas na cabeceira da cama de alguém, seminu ou sem roupa alguma, recitando alguma merda filosófica para quem quisesse ouvir. E, na maioria das vezes, Chanyeol queria.
Baekhyun era professor de pedagogia, mas já havia sido protagonista de peças teatrais e modelado nu para os alunos de fotografia da Academia de Artes de Seul. À tarde, ele dava aulas para as crianças de uma escola primária de Incheon, mas de manhã seus dias eram ocupados por Chanyeol e por um trabalho simples na floricultura pertinho de onde ficava o apartamento do Park, um lugar conhecido como Orquidário do Sr. Kim, mas que na verdade só vendia rosas.
Chanyeol nunca admitiria em voz alta, mas havia se oferecido para aquela vaga de "faz-tudo" na loja para ficar mais perto de Baekhyun, o homem por quem ele nutria uma paixão bem bobinha desde a Itália e o curso de fotografia. O Byun não se lembrava dele, o que era bom, porque significava que havia mudado um bocado nos anos que se estenderam entre eles.
E quando voltou para Seul e encontrou Baekhyun caminhando nas ruas como quem não quer nada, o cabelo cinza-chumbo se agitando com o vento, o cachecol vermelho e brilhante chamando atenção para seu rosto — já marcado por linhas de expressão que denunciavam que ele estava na casa dos trinta — e os lábios deixando para trás um rastro de fumaça que subia para o céu cinzento e se misturava à névoa... Chanyeol teve vontade de fazer alguma coisa para mudar a situação entre eles. Para compensar os meses de curso em que ele não dirigiu uma única palavra ao Byun, pelo medo fundamental de ser rejeitado.
E, no que foram alguns minutos de coragem, dias depois, ele conseguiu. Um emprego no mesmo lugar que Baekhyun, dividindo um espaço pequeno que prendia o cheiro do perfume amadeirado que ele ainda usava, misturado ao odor forte de tabaco.
Chanyeol era alérgico a flores, mas isso não fora um empecilho em sua decisão de se aproximar de Baekhyun. Depois de tanto tempo, ele merecia pelo menos um encontro com o homem mais velho, algo para, no mínimo, saber que havia tentado.
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sobre flores, byun baekhyun e um posfácio
Fanfic[baekhyun/chanyeol] Chanyeol tem alergia a flores e uma paixão por Baekhyun, que trabalha em uma floricultura. Para Chanyeol, a ideia de estar longe de seu interesse romântico é pior que a de estar perto das flores. (ou aquela onde Chanyeol se apai...