Capítulo Único

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Aviso de angústia extrema! (mas eu juro que a maioria é fluffy)

Esse é o resultado de mim num estado completamente histérico depois de uma fanfic que me TAPEOU na sinopse (muito, muiiiito triste) e a lembrança de uma frase de Interestelar que não pude deixar de citar na sinopse (só quem assistiu vai saber, ou não...).

Boa leitura!




15 de outubro de 1997, Sapporo, Japão; 1º mês de vida.

O silêncio sepulcral, comum às 2 horas da manhã, foi bruscamente rompido por um choro alto.

Um gemido cansado escapou dos lábios ressecados do jovem Kim Taehyung, que abriu os olhos resignado; a exaustão lhe dominava, quase convencendo-o a ignorar o pranto agoniado, enterrar a cabeça em meio aos travesseiros e voltar a dormir. Quase. Por mais cansado que estivesse, o adolescente não conseguia ser tão egoísta, primeiro, porque a dor que aqueles gritos infantis causava em seu coração era insuportável e segundo, porque não queria que seu irmão acordasse e assumisse sua responsabilidade. Cambaleante, ele se levantou e rapidamente foi em direção ao quarto ao lado do seu, irrompendo pela porta entreaberta.

A cena lhe cortava o coração; seu garotinho agora chorava em silêncio, lhe encarando com aquelas adoráveis orbes brilhantes arregaladas, tão tristes por um motivo que o jovem Kim não conseguia imaginar. Até alguém alheio naquele momento não sentiria nada além do desespero que o próprio Taehyung sentia; o garoto de 18 anos, que um dia fora elogiado por sua beleza e vaidade, possuía olheiras escuras abaixo dos olhos opacos devido à noites insones ou descansos interrompidos pelo bebê que chorava, o cabelo castanho estava seco e a pele bonita de outrora perdera sua vivacidade. Taehyung estava literalmente acabado. Mas sua criança de pulmões fortes ainda chorava, e isso era infinitamente mais importante.

Ele aproximou-se ligeiramente do berço decorado com cobertores fofos de ursinhos, levando o recém-nascido em seus braços. Enterrando seu nariz nos poucos fios de cabelo do menino, ele inspirou o cheiro gostoso característico daqueles seres tão pequenos. Taehyung passou a ninar o bebê, cantarolando baixinho uma música que um dia ele gostou muito. Logo, as lágrimas abandonaram os olhos do menino, substituídas por curiosidade; as mãos pequeninas agarraram-se firmemente ao tecido do pijama de Taehyung, como se não quisesse que ele o deixasse. O jovem sorriu docemente, abraçando o bebê com toda delicadeza que ele tinha.

— Ei, meu pequeno, você também está se sentindo assim? Sozinho? Com medo de dormir? — O bebê só lhe olhou por um breve momento, antes de enterrar sua face no pescoço de Taehyung. — Tudo bem, Kookie, te entendo. Vamos ficar bem, ok? Mas, enquanto estamos quebrados, esse vai ser nosso segredo, afinal não queremos preocupar ninguém. Então, que tal descansar só um pouco agora?

Taehyung o deitou em seu berço, observando-o por algum tempo até a sonolência ser evidente nas feições doces do seu menino. Deixando um selar amoroso na testa do bebê, ele virou-se e saiu silenciosamente do quarto, pedindo aos céus que agora Kookie conseguisse dormir tranquilamente até que fosse hora de levantar.

O que a mente cansada do adolescente não imaginou foi que, ao virar-se de costas para o menino, ele sentiria-se novamente abandonado, tendo seu sono afugentado; a face delicada logo foi tomada por tristeza e confusão, tudo o que o bebê desejava era atenção. Ao notar que estava definitivamente sozinho, os barulhos angustiantes que eram indício de seu choro foram tomando intensidade. No entanto, logo tais sentimentos foram esquecidos e novamente um olhar curioso surgiu no rosto fofo. Uma presença reconfortante lhe olhava intensamente, um sorriso carinhoso nos lábios que estavam selados com o dedo indicador, pedindo silêncio. Hipnotizado com o ser diante de si, o bebê estendeu uma mãozinha que foi segurada sem muita força. Um carinho singelo foi deixado em seus cabelos, e as mãos frias da figura desconhecida o posicionaram novamente deitado para uma necessitada noite de sono.

Dezenove OutonosWhere stories live. Discover now