Ao alcance do núcleo do seu coração

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Feições asiáticas, uma bunda rechonchuda, olhos pequenos, cabelo negro... Aquele Kim era tudo o que Donald Trupm desejava. Mil vezes melhor que os hamburguers da casa branca, do que fingir ler os documentos dos Estados Unidos enquanto olhava para uma revista da playboy, do que ir curtir a foto da 10/10 e — sem querer — soltar cem bombas na Síria.

O fato era que Kim Jong-un o estava enlouquecendo, e não havia mais nada para esconder. Era muito mais divertido passar as tardes pensando nele do que em que tipo de argumentos usar quando o presidente da Rússia ameaçasse fazer uma extinção global. Sequer praticava mais suas poses no espelho, o coreano era quem ocupava espaço em sua mente quando discursava.

Naquela tarde, Trump estava mais rabugento do que o normal — ou melhor dizendo —, mais nervoso do que em qualquer outro dia. Tudo porque ia encontrar com seu Dongsaeng dos sonhos (a.k.a senpai master, crush, cremoso, boy gostoso, 10/10). O loiro iria olhar nos olhos dele e se controlar durante a disputa de quem fazia mais cara feia para não beijá-lo; tudo por causa da merda do país, do fardo gigante que carregava em suas costas.

"Você não pode beijá-lo assim" alertara seu Trump interior, a parte consciente de sua cabeça — mais conhecida como "anjinho em seus ombros"

"Claro que pode, você é o presidente dos Estados Unidos!" rebatia seu garanhão interior, a parte mais orgulhosa de si — o "diabinho lateral"

Se você beijar ele, vai que ele surta e enfia um míssel no teu cu? — anjinho fez uma cara chocada — Isso seria um arrombamento bem maior que o Grand Cânion.

Nah! Você é o cara, man. Ele vai gostar, afinal, quem rejeitaria Donald Trump? O que o homem bomba coreano é perto do patriota maioral dos USA? — diabinho opinou, recebendo um olhar mortal do anjinho ao lado contrário ao seu.

— Vocês estão bagunçando tudo! — gritou, a voz irritada ecoando por sua sala. Ao canto, perto da parede, sua esposa e seu filho que respondiam perguntas como "Seu marido/pai é bravo dentro de casa?" apressaram-se para responder "Nunca nem vi" nos comentários do twitter.

No fim, Trump passara uns bons minutos na frente do espelho, olhando as fotos de Kim Jong-un na internet e criando perfis fakes para segui-lo nos sites de relacionamento.

15:14

A sala estava absurdamente cheia naquele dia, Trump não entendia nenhuma palavra de coreano, então simplesmente ignorava — coisa que ajudava-o a manter sua aparência arrogante.

Todos estavam com os nervos à flor da pele, como se tivessem apostado seus salários em qual dos presidentes soltaria uma bomba nuclear primeiro.

Sempre que pensavam em Trump, o viam como uma figura autoritária, um homofóbico que detestava seu rival e seria capaz de tudo para vencê-lo. Seria uma surpresa gigante se descobrissem que toda a homofobia forçada era simplesmente amor enrustido, um disfarce extremamente convincente para não vazar o segredo que mandaria sua vida para os ares.

Eram naquelas horas que ele tinha vontade de jogar tudo para o ar. Dane-se a reputação. Dane-se o país e o que os cidadãos pensariam. Trump apenas queria fazer aquele coreano seu como Di'Caprio fez Winslet sua antes do Titanic afundar. Seu amor era tão forte que Donald se deixaria afundar se fosse para salvar seu coreaninho de bochechas gordinhas. Respirar o ar da mesma sala que ele era como seus sonhos eróticos, onde Kim aparecia usando langerie rosa e chamava por si com um lança-bombas na mão, sempre dizendo que tudo explodiria se Trump fosse impaciente demais, rápido demais, ousado demais...

Não podia se dar o luxo de contar isso a ninguém; não amava mais sua esposa, mas tinha uma filho e responsabilidades com ela, uma imagem importantíssima a zelar. O desejo e o medo da rejeição estavam deixando o loiro tão possesso que, em uma madrugada fria de Março, criou um perfil em um site de fanfics chamado Spirect, somente para relatar seus delírios imaginários num título denominado de "No calor da tua bomba".

Suas únicas chances de contar o que estava preso na garganta ocorrera tempos atrás, numa calorosa pelada de verão com seu melhor amigo, Lula-senpai.

"— Estamos brigados, Lulão. Parece até que tem um 'muro' entre nós.

— Eu entendo, companheiro. Bora beber uma pinga..."

Mal sabia Trump que Jong-un pensava da mesma forma. E será que ele descobrira tão cedo? Será que as coisas dariam certo para os dois? A quentura, a tentação e os surtos de paixão que tomavam seu corpo nas noites de domingo dependiam daquilo pois, no fim, eram seus sentimentos que estavam em jogo.

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Jong-un movia sua mão com cada vez mais pressa sob a ereção enrijecida. As arfadas em busca de oxigênio eram o único som escutado naquela sala, enquanto as bochechas coradas denunciavam seu crime. Seria a terceira vez a gozar com, nada mais nada menos, do que uma foto do homem que gostava:

Donald Trump.

Era patético, certo? Alguém tão imponente como ele, doido de amores pelo magnata maioral e — como se não bastasse — seu rival número um na missão de destroçar o mundo! De alguma forma, aquela rivalidade soava incrivelmente excitante para ele, penetrando em seus sonhos e causando-lhe mais visitas ao vibrador com o rosto do presidente escondido debaixo da gaveta.

Era uma edição limitada de um site pornô europeu. Macia em cima, dura em baixo. 25 puros centímetros da miniatura de Donald Trump, nu e completamente seu, com direito a rosto e tudo, sendo o final das pernas a parte mais grossa e gostosa de se sentir.

O Kim mordeu as costas da mão, desejoso, só em pensar no loiro arremetendo violentamente contra si, os dedos rudes passando pela carne de sua cintura, a voz rouca sussurrando provocações em seu ouvido...

Gozaria em pouco tempo com aquilo. Mas era demais para que aguentasse. Em poucos minutos, teria uma longa conversa com seu bofe, frente a frente com alguém que fazia o fogo brotar nas profundezas de suas entranhas.

Teria de agir como sempre, com nojo, desafiante e rústico, pelo menos até chegar em casa e escutar seus moans +18.

Torcendo para que tudo fosse diferente...

Guerra Mundial de SentimentosWhere stories live. Discover now