Capítulo 2

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Reescrito

S/N

Meus pensamentos estavam a mil depois do pesadelo esquisito que tive minutos atrás, eu mexia e remexia na comida com os hashis e suspirava enquanto tentava entender o porque daquilo estar me afetando tanto. Senti tanto medo, foi tão real que me assusta.

– S/N? – ouço Kylie me chamar e assim que meu olhar pousa na mais velha, sua expressão deixava claro que não era a primeira vez que ela tentava chamar minha atenção.

– hm... – murmuro

– esta tudo bem? Parece distante... – diz com receio no olhar.

Levei meu olhar para Jungyoo que também me encarava, enquanto desfrutava do seu vinho. Voltei a encarar minha mãe e logo assinto, começando a comer o macarrão que até este momento não havia sido tocado.

O silêncio se instalou na sala e junto com ele, um desconforto indesejado. Não desviei o olhar da minha comida, até porque olhar para o rosto dos dois a minha frente não estava na minha lista de prioridades ou vontades. Porém o silêncio não durou muito, graças a Jungyoo que abriu a boca para "aliviar" a situação.

– já esta tudo pronto para o seu primeiro dia de aula na segunda...

– ...uau... – respondo sem deixar de encarar a comida e mais uma vez lutando contra a vontade de revirar os olhos.

Percebendo a minha "tremenda" animação pelo assunto, o silencio novamente tomou seu lugar entre nós, mas para ser sincera, agora eu preferia o silêncio a ouvir outro assunto nada interessante vindo de Jungyoo. 

– Amanhã iremos conhecer a cidade filha... Jungyoo reservou o carro especialmente para nós – agora foi a vez da minha mãe se pronunciar.

Era chato pensar que tudo aquilo era para que eu aceite de uma vez que meu pai morreu e que agora essa era minha nova vida, sem dúvidas era um tanto incomodo. Como eu falei, não é por se importarem com a minha felicidade que estão fazendo todo esse esforço, mas por se importarem com a paz deles em relação a mim. Minha mãe eu sei que é por pura pena e Jungyoo, creio eu que seja para que eu não seja um fardo para seu casamento. Enfim, contraditório de certa forma, pois se eles querem paz, apenas devem parar de tentar, porque entre essas quatro paredes eu não vou ser feliz do jeito que eles estão esperando.

– uhum... – assinto e suspiro logo em seguida, voltando a mexer com a comida que já deve estar fria. Mas não importa porque esta sem gosto mesmo, e não é pela falta de tempero, sou eu que não estou com fome mesmo.

– vamos lá S/N, vai ser legal pequena.

Estava tudo indo bem até o exato momento em que a palavra "pequena" saiu dos lábios do mais velho. Além de se casar com a minha mãe, me fazendo mudar de País, mudando minha vida por completo e enchendo o meu saco desde o momento em que chegamos aqui, ainda quer ter tal intimidade comigo, me chamando do mesmo apelido que meu pai me chamava? Poderia ter feito qualquer outra coisa, mas ele passou dos limites esgotando totalmente meu autocontrole.

– como?

– filha, por favor... – ouço Kylie tentar acalmar a situação, mas já havia saído dos trilhos a muito tempo.

– nunca mais ouse me chamar assim... – falo, totalmente fria e sem um pingo de gentileza – você acha que só porque casou com a minha mãe poderá substituir o lugar do meu pai, mas você nunca vai chegar aos pés do homem que ele foi...

– S/N chega... – fala minha mãe em uma segunda tentativa de me acalmar mas logo para com as palavras e arregala os olhos surpresa pelo meu ato seguinte, quando bati a mão na mesa com tanta força, que se não fosse pela raiva e adrenalina, minha palma estaria ardendo e latejando, tamanha foi a minha força.

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