Escolhas existem?

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Acordei há pouco e observando as coisas ao meu redor, me vi perguntando "escolhas existem"? A primeira resposta para essa pergunta é, obviamente, sim, fazemos escolhas o tempo inteiro, tomamos decisões antes de fazer alguma coisa e teremos, mais tarde, de arcar com as consequências pelas decisões por nós mesmos anteriormente tomadas.

Mas ainda persiste a pergunta: tivemos realmente escolha?

Ou somos responsabilizados por escolhas que não tivemos escolha?

Eu não tenho certeza, mas creio que quando nos são dadas mais de uma opção e involuntariamente temos de escolher uma delas pelo "bem comum", não havia qualquer escolha a ser feita realmente desde o início.

Nascemos fadados a viver uma vida robótica. Esse pensamento me lembrou uma música da Pitty, pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se esqueça.

É sempre assim. Todas as nossas escolhas já foram ironicamente decididas previamente, antes mesmo que a pergunta fosse feita. Você precisa estudar, precisa trabalhar, se não estudar dificilmente vai trabalhar e se não trabalhar não vai conseguir pagar suas contas, comer, beber, dormir.

Tivemos alguma escolha sobre isso?

Me diz você, do momento em que acorda até o momento em que se deita, quantas coisas faz que escolheu fazer por simplesmente gostar?

Quantas coisas faz para se encaixar no sistema, ser aceito e ser mais um na multidão, pelo fato de que se não fizer vai ser cobrado e ter de responder por não ter feito?

Claro, se ficar parado, morre de fome, se quebrar as regras, as leis, vai ser preso, julgado, condenado. Para evitar esses caos, tomamos as decisões que devemos tomar, mas isso nos leva ao começo dessa reflexão.

Escolhas existem?

Talvez tenham existido um dia, antes do homem se reproduzir como um vírus e dominar a maior parte do território conhecido onde conseguia sobreviver.

Após isso, depois do homem se tornar uma praga populacional desenfreada, para a coexistência da própria espécie, regras foram estabelecidas.

Regras que são dia após dia impostas e forçadas a serem seguidas.

Regras que não se importam com quem você é, com o que sente ou como você está.

Lembre-se da base principal, o bem da maioria está acima do bem individual.

Você não tem escolhas.

Você não toma decisões.

Você não sabe, mas você não vive.

Você, assim como eu, apenas sobrevive esperando a única certeza desde o primeiro choro no nascimento, a de que um dia vai morrer.

Nós não temos escolha a não ser escolher o que foi escolhido para nós desde antes de nascermos, o que nos foi ditado desde que aprendemos a falar, a andar, a entender, a escrever.

Nossas escolhas não são escolhas reais, o cidadão livre é a mais pura ilusão do livre arbítrio. Nossas escolhas são baseadas unicamente no medo de não nos adaptarmos, de não sermos aceitos e sofrermos antes que a morte nos leve.

E sabe a pior parte?

Sofremos, independentemente da escolha que tomamos.

Você pode estudar, mas não significa que vai ter um trabalho.

Pode trabalhar, mas não significa que vai pagar suas contas.

Pode pagar suas contas, mas não significa que vai ser feliz.

Pois é, hoje eu acordei mal, triste, na bad, como dizem.

Hoje eu acordei vendo o pior na vida e no ser humano.

Hoje eu queria só ser uma estrela em um canto vazio e quieto do cosmo.

Talvez essa bad seja a causa de toda essa frustração.

Mas nem por isso tudo o que eu disse deixa de ser verdade.

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