tremores | taekook

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Às vezes, sinto como se outra pessoa estivesse no controle do meu corpo. 

Vou lhes contar um ocorrido: Eu estava sentado na aula, focando no meu professor enquanto ele explicava a matéria, e de repente meu olho direito começou a se mover sozinho. Meus dedos de repente se moveram inquietos e eu os mantive juntos para impedi-los de surtar. Eu tentaria esfregar meu olho para parar seu movimento, mas isso só pioraria.

Os olhos perdidos de alguém me encontrariam e me julgariam por agir de forma estranha do nada. Mais pessoas lentamente voltavam sua atenção para mim e minha respiração acelerava com medo de mais olhos me encarando, piorando o estúpido tremor.

A contração continuou até eu erguer a mão, interrompendo o professor e perguntando: "posso ir ao banheiro, por favor?"

Eu finalmente ganharia o controle novamente, mas meu medo ainda permaneceria. O medo de ser julgado por algo fora do meu controle. O medo de ouvir os infames sussurros sobre o estranho garoto nervoso. O medo das contrações se agravando com o medo se formando dentro de mim.

Eu respiro fundo quando minhas costas tocam a parede fria de azulejos do banheiro dos meninos e eu lentamente deslizei para baixo até que eu estivesse sentado no chão. Por que isso continua acontecendo comigo? Não importa quantas prescrições e terapeutas eu tenha, as contrações permanecem.

Eu esperava que eles fossem embora durante as férias de verão, mas esse não era o caso.

Enquanto pensar que não vou estar fora de controle, eu já vou estar fora de controle. Então, como posso ganhar o controle de mim mesmo de novo?

Eu suspiro, em seguida, olho para o chão branco. "Como posso ganhar o controle quando eu nunca tive o controle?". Eu sussurro para mim mesmo.

Um barulho rangente ecoa pelo banheiro e eu olho para cima, vendo um garoto com a pele bronzeada e o cabelo castanho tingido, entrando em perfeita harmonia com o tom de sua pele. Seus olhos amendoados, na cor marrom que olha profundamente nos meus castanhos escuros.

Ele me dá um sorriso quando ele diz alegremente em sua voz grave: "Oi, Jungkook! Eu não sabia que você estava aqui!"

Eu engulo meus nervos e respondo, "O-oi, Taehyung...". Minha voz mal ecoava, ao contrário de sua voz.

Ele me deu seu sorriso característico antes de ir até a pia para lavar as mãos e eu o observo.

Kim Taehyung. Eu esqueci que ele teve sua última aula nesta ala. Eu provavelmente deveria prestar mais atenção ao que ele diz.

Taehyung e eu nos conhecemos desde os nove anos, na época em que ele se mudou para Seul.

Eu mal disse uma palavra para ele e ele já me titulou como seu melhor amigo. Nossa dinâmica costumava ser muito estranha aos olhos das outras pessoas.

Eu sempre fui conhecido como o garoto estranho e inquieto que ficava em volta do Taehyung, o cara alto e cheio de energia.

Eventualmente as pessoas pararam de questionar nossa amizade, o que significa que as contrações diminuíram.

"Aconteceu de novo?" Eu o ouço falar e levanto rápido, em um pulo, antes de perceber que ele está virado para mim.

Eu faço um olhar confuso. "Que?"

Ele inclina a cabeça e diz: "Eu perguntei se aconteceu de novo." Taehyung seca as mãos com duas toalhas de papel, joga-as fora e caminha em minha direção.

Por alguma razão, minha respiração aumenta a cada passo que o mais velho toma e sinto os músculos dos meus ombros e o braço formigar.

Taehyung me dá um sorriso reconfortante antes de se sentar ao meu lado e me abraçar.  Ele esfrega minhas costas suavemente e coloca o queixo no topo da minha cabeça. Eu lentamente envolvo meus braços ao redor dele, mas meus braços se contraem e de repente eu estou segurando taehyung como se minha vida dependesse disso.

Ele sussurra, "está tudo bem, Kookie. Vai passar como sempre." Eu coloco meu rosto em seu pescoço e espero como sempre.

Eu odeio quando alguém me diz que tudo vai ficar bem e que as contrações vão passar, mas Taehyung me segurando assim me convence de que ele fala a verdade.

Mesmo sabendo que é tudo uma grande mentira.