Capítulo 4

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- Eu realmente acho que esse lugar devia ter um karaokê. – dou um tapa com a mão aberta no balcão para dar ênfase. Depois do meu terceiro martini, podia me declarar bêbada. Desde que Joe se ofereceu para pagar a bebida, vinha falando com ele como se o conhecesse. - Quer dizer, esse lugar iria ficar tão... sabe?

Joe me observava com o queixo apoiado na palma da mão e concordou com a cabeça. Ele tinha parado de tomar água e até agora pagava tudo que eu bebia. Se o plano dele era me embebedar, então nós bolamos planos parecidos. Me sentia tonta, com a música pulsando no meu cérebro. Meu corpo tinha desacostumado com o álcool depois de um ano de abstinência e por isso minha mente nublou rapidamente. 

- Iria aumentar muito a clientela. – ele comentou sorrindo. 

- Sim! Tipo, esse lugar já é super lotado, mas se tivesse um karaokê seria incrível! E eu nem sei quando foi a última vez que eu... - vi Joe fazer um sinal para Matt, dizendo que tínhamos encerrado com as bebidas. Posso dizer que ele me incluiu porque ele apontou claramente para mim, que passava a ponta do dedo pela borda do copo. 

- Você o que? – ele indagou quando fiquei em silêncio. 

- Eu acho que eu nunca fui a um karaokê. –  murmurei. 

Revirei o meu cérebro com o máximo de empenho que podia atrás de uma lembrança de cantar em um karaokê, mas não tinha nada. Minha mãe as vezes cantava quando saia com as amigas, quando eu era mais nova, mas eu nunca tive coragem de me submeter a essa vergonha.

- Nunca? 

- Não, espera.... É, nunca. - me sentia estranhamente excluída de algum tipo de diversão genuína que todos já tinham provado, menos eu.  Matt trouxe a conta e Joe sacou duas notas de cinquenta, colocando as duas sobre o balcão. - Tem certeza que não quer rachar? – perguntei, olhando para as notas dobradas.

- Tenho. É cortesia. – ele disse ao se levantar. Meu celular vibrou sobre o balcão com uma mensagem de Ellie. "Onde você está??". Joe inclinou a cabeça para ler enquanto vestia o casaco. – Sua amiga? 

- É. – mandei uma mensagem falando para ela me encontrar no banheiro. Fazia alguns minutos que sentia minha bexiga cheia. – Olha, eu preciso muito ir ao banheiro...

- Fique à vontade. - ele disse, cortes. 

Me virei, um pouco tonta, e fui para o banheiro. Peguei uma pequena fila até finalmente conseguir entrar. Depois que usei o banheiro, fiquei me olhando no espelho até que Ellie entrou. Ela estava cruzando um pouco as pernas como eu, mas veio até mim sem cair. 

- Não estava no banheiro esse tempo todo, não é? - ela enrugou o cenho. 

- Não. Estava bebendo. – disse. 

- Eu também. O Michael me chamou para sair. Quero dizer, sair de novo. É tipo um encontro dentro de um encontro. Isso é bom, não é? 

- É ótimo. Fantástico. – enfatizei. 

- Você vem? 

- Na verdade, não. - disse depois de pensar um pouco. - Pode ir. Curta com ele. Eu vou para casa daqui a pouco. 

- Não queria te deixar sozinha. - ela pegou minhas mãos. - É nossa saída de comemoração. 

- Tudo bem. Amanhã estouramos o champanhe. – brinquei. – Agora vá, ele está te esperando. 

- Tem certeza? – ela perguntou e depois que concordei, me deu um abraço. – Ok. Até amanhã. Vá em segurança para casa. - acenei enquanto ela saia do banheiro. Lavei as mãos, conferi a maquiagem e sai. Curiosamente, Joe ainda estava lá no bar, no mesmo lugar que o deixei.

As Cores do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora