Para Sempre Nós

Ainda restam esperanças?

Renato

Meu nome é Renato e eu estou sem chão.
Fui diagnostigado com câncer de estômago, e não sei se tenho esperanças. Meu mundo virou de cabeça para baixo. Não acredito que tão jovem, possa ter me acontecido uma coisa dessa proporção. Tenho medo do que possa acontecer, porque meu pai teve o mesmo problema há alguns anos atrás e acabou falecendo. Eu não me lembro muito bem dele por conta disso.

Mas enfim, vou começar meus tratamentos nesta segunda-feira, e estou ansioso, porque eu não tenho muito custume de frequentar hospitais, só quando realmente é necessário, e nesse caso é mais que urgente.

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Minha mãe e eu estavamos realmente tensos. Haviamos entado no hospital logo de manhã e até o momento pelo atendimento da Dra. Virgínia.

Havia, eu, minha mãe, e mais duas pessoas esperando por atendimento também com a gente. Uma menina de cabelos loiros e cacheados e um menino especialmente bonito. Olhos verdes, cabelos castanhos claros e com um sorriso encantador. Tento puxar assunto com eles, mas de primeira não obtenho muito sucesso. A menina simplesmente cagou pra mim, enquanto o menino todo charmoso, já quis conversar. Se chamava Alberto, tinha 19 anos e foi abandonado quando tinha apenas 2. Foi adotado por um casal, mas fora muito maltratado. Fugira de casa aos 16 e está na Casa 1, aqui em São Paulo, um lugar onde acolhe jovens LGBTs expulsos de casa.
O local está quase falindo e daqui algum tempo, ele não terá um teto onde dormir. Ele trabalha como entregador de pizza, para tentar pagar o tratamento.

Tudo isso nós conversamos na sala de espera por atendimento. Minha mãe percebeu que o papo estava fluindo e nos deixou conversar. Ele tem câncer. Também no estômago. O dele já está em estado avançado, cheio de riscos.

- Renato Silva, por favor comparecer à sala da Dra. Virgínia, no corredor 21. Escutei a secretaria me chamando e logo avisei ao lindo moço.

- Depois a gente se fala, mas antes de ir me passa seu Whatsapp.

- Sim, claro. Respondeu ele.

- Até mais.

- Até.