Jessica sabia que seria difícil passar o portão do cemitério, por mais que fizesse isso todo mês. Talvez até toda semana, mas mesmo assim, era algo que Jessica odiava. Nas últimas vezes, foi com Madison, que ficava lá com ela lhe dando todo o apoio necessário, mas agora era diferente; fazia dois anos que estava sozinha. Sem ninguém além da melhor amiga, nenhum outro parente, nem mesmo um pai. Sabia que não tinha o porquê de se sentir solitária, pois tinha Madison, mas mesmo assim, era algo muito difícil de lidar. Uma de suas piores perdas.
Quando se sentou perto da lápide, se viu perdida. Fechou os olhos fortemente, sentindo uma dor incomum no peito, como se seu coração estava se partindo em pedaços. Uma lágrima solitária rolou em seu rosto, a fazendo se levantar e negar com a cabeça "Você me deixou." ela disse, sem perceber que estava falando em voz alta. "Fo-foi fraca o suficiente para deixar sua filha nessa merda de mundo. Sozinha." a esse ponto, já estava chorando, em plenos soluços. "Eu nã-não vou ter o mesmo final que você. Não vo-vou ter um final tão trá-trágico quanto o seu." então, jogando a rosa com força no chão ao lado da lápide "Você não merece essa flor!" sussurrou alto, logo saindo de lá rapidamente. Limpando as lágrimas pretas por conta do lápis de olho, tantando não chorar mais ainda.
Ao chegar em casa, já de noite, foi dormir sem nem se trocar ou tomar um banho. O dia foi cansativo para Jessica, tanto fisicamente quanto mentalmente; já para Jack, o dia foi estranho. Ela se encontrava trancando a porta de casa, tentando não fazer muito barulho ao ver sua mãe dormindo pacificamente. Andou até a cozinha, vendo seu pai abrindo uma cerveja: "Bem a tempo, Jack!" disse e a ofereceu uma cerveja, que ela aceitou em bom grado. "Como foi seu primeiro dia de trabalho?"
"Normal. E o seu?" Jack respondeu de volta, dando um pequeno gole na cerveja. Não era muito fã de álcool; seu negócio eram as drogas. De todos os tipos: da maconha até a heroína. Não podia mentir, isso sim podia a matar, mas não conseguia se importar menos. Principalmente quando isso era a única coisa que preenchia o vazio existente em seu peito. Talvez ela se importava demais, por isso precisava de um alívio, só talvez.
"Foi bem entediante, mas de resto, normal também. Sua mãe trabalhou até mais tarde, por isso não preparou o jantar. Vou pedir pizza, o que acha?" o pai perguntou e Jack somente assentiu, dando mais um gole na cerveja e suspirando.
"Preciso revisar minha matéria. Me chame quando a pizza che-chegar." Jack falou meio baixo e o pai assentiu, dizendo algo em seguida, que Jack não entendeu pois estava praticamente correndo para seu quarto.
Abriu a porta e fechou, trancando o mais rápido o possível, logo procurando na sua gaveta de calcinhas a caixinha de remédio, tomando três de uma vez, descendo a seco na garganta. Eram barbitúricos, que a fez, quase de imediato, se acalmar. A ansiedade não mais perfurava seu peito ou dificultava sua respiração, tudo estava mais tranquilo agora. Pegou o notebook de sua bolso lentamente, se sentindo meio tonta, mas ainda sim disposta a revisar sua matéria; ao se sentar em sua cama, com o notebook na sua frente, quase de imediato fechou os olhos, encostando a cabeça na cabeceira da cama e caindo no sono.
Jack sabia muito bem que não deveria ingerir tantas pílulas assim, mas depois de conversar com a garota bonita chamada Jessica, estava com a ansiedade atacada. Queria conversar mais com aquele mulher tão peculiar, que a atraiu de um jeito diferente, que a trouxe um sentimento que fazia tempos que não sentia. Logo após conversar com ela, além de fumar mais um cigarro, teve que lavar o rosto, pois suava como o inferno. Odiava sentir tanta ansiedade ao ponto de mal conseguir falar. Dar aula era tão difícil que mal falava na classe, somente quando alguém aparecia com dúvidas, mas se sentia estúpida por gaguejar ou falar com a voz fraca e baixa.
Por isso tomava as pílulas, que a deixavam calma, e depois fumava um cigarro - ou dois - que melhorava seu nervosismo, a impedindo de chorar ou sentir aquela dor chata no estômago. E quando acordou, de madrugada, foi o que sentiu; uma dor forte no estômago, que a fez correr rápido no banheiro para vomitar tudo o que havia comido no dia. Sentiu suas narinas queimar e, mais do que tudo, se sentiu nojenta e burra. Como ela não imaginou que, três pílulas, de barriga vazia, não a faria mal? Ouviu duas batidas na porta e sua mãe abrindo, com uma expressão mista de sono e preocupação.
"Jack, está tudo bem?" começou, com a voz tão preocupada quanto nunca. Jackeline se sentiu mais burra e idiota ainda, por além de preocupar sua mãe, se machucar.
"Sim, si-sinto muito, não se-se preocupe. Eu devo ter comido al-algo que me fez mal..." falou, com a voz fraca e a respiração irregular. Sua camiseta estava suja e seus olhos marejados, mas não sentia mais a vontade de vomitar.
"Vamos, tome um banho que vou preparar uma sopa. Daqui a pouco você se sente melhor." a mãe falou e acariciou os ombros da filha, saindo do banheiro enquanto fechava a porta.
Após tomar um banho quente e demorado, chegou à sala, onde sua mãe tinha um cigarro acesso nos lábios e uma expressão cansada. Jack viu uma tigela com sopa e sentiu seu estômago vazio, se sentando na mesa com um sorriso fraco no rosto. "Obrigada, mãe. Po-pode ir dormir agora, a se-senhora deve estar can-cansada..." disse em quase um sussurro, logo tomando uma colher de sopa.
Quando a mãe subiu com um boa noite desferido, não demorou muito para Jack terminar a sopa e voltar para seu quarto, se preparando para dormir, mas não conseguindo, logo decidida de começar a revisar sua matéria. Mas, claro, ficou distraída, com mil e um pensamentos pregados e latejando em sua cabeça, noventa e nove por cento sendo sobre Jessica.

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Last Goodbye
Storie d'amoreJessica não podia negar a queda que tinha por Jack. Nada podia impedir as duas de ficarem juntas, mas vários dramas podiam talvez separá-las.