Capítulo 1

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O som do sino ecoava sobre a Academia Kaira, informando que está para anoitecer. Os alunos da noite já se aglomeravam de frente para os portões, por conta da distância as vozes e risadas daqueles animais se tornavam meros sussurros.
Me pergunto como vim parar aqui...
O Instituto Kaira é uma academia de dois turnos, o integral e o noturno: O turno integral é composto por pessoas da alta classe que sabem sobre o mundo que se esconde em meio a escuridão, muitos são aliados do mundo das trevas; O turno da noite é composto por seres que obtém sede insaciável por sangue humano, comumente chamados de vampiros.
O som ecoava mais uma vez, porém, agora se escutava o ranger dos portões que estavam prestes a se abrir. Os portões se abriram e eu adentrei junto aos demais ao pátio escolar.

_Você sabe que uma hora ou outra irá atirar, sem querer, em um de nós se continuar com essa brincadeira, não sabe? -Avisei assim que avistei Kame brincar com sua Blood Royal

Blood Royal, a única arma que pode matar um vampiro nobre, não chega a matar um Sangue Puro mas pode causar um estrago e tanto. Os vampiros tem uma pirâmide hierárquica onde no topo estão os Puros Sangues, vampiros raros com diversas habilidades especiais; abaixo estão os Vampiros Nobres, ou seja, vampiros que nascem em berço de ouro; abaixo estão os Vampiros comuns, aqueles que nasceram mestiços ou em um âmbito comum; abaixo estão os Vampiros Desumanos, aqueles que passaram por algo traumatizante e perderam totalmente sua humanidade; e por fim, há os Hunters grupo raro de vampiros que acabam por sua própria espécie, tal grupo é caçado pelo Conselho Vampiresco/Suprema corte, atualmente eles querem tornar esse subgrupo extinto.

_Não se preocupe, caso eu atire um dia, não será sem querer. -Retruca o garoto de cabelos negros, com um sorriso sarcástico nos lábios

Kamael Mihae, filho de uma sacerdotisa e de um caçador. Seus pais foram mortos pela minha raça, portanto, ele criou um gigantesco ódio em relação aos vampiros.

_Assim fico mais aliviada. -Falo cínica

Em nosso campus temos quatro guardiães duas mulheres e dois homens de raças distintas, dois protegem durante o dia e os outros dois protegem durante a noite. Não, eu não sou uma guardiã, até por que acarretaria muitos conflitos por conta da minha classe.
Adentrei a academia e comecei a subir as escadas que vão até o primeiro andar, até que esbarrei na guardiã da noite.

_Sinto muito. -Falo levando uma mecha de cabelo para atrás da orelha

A garota não me respondeu, apenas me encarou com aquelas enormes orbes castanhas e se retirou.
Voltei a subir as escadas e estava prestes a entrar na sala de aula quando sinto a presença de outro sangue puro. Olhei de escanteio enquanto levei minha mão até minha Destroy.

Destroy é a única arma que pode matar um puro sangue, ela não mata qualquer outro vampiro, somente puros sangues. Isso se da pelo fato dela atingir um neuronio no qual so Puros sangues tem. Obtive essa arma em 1889 durante o massacre.

Puxei a arma e a destravei apontando para a cabeça do outro puro sangue.

_Rápida como sempre Srta. Nivan.

Sorri para Cain e abaixei a arma, travando e guardando-a.

Cain é um dos puros sangues que sobreviveram ao massacre de 1889, foi criado por Dereck Nivan, assim como eu, portanto, somos amigos de infância.

_Não são muitos os puros sangues por aqui. -Falo seria -O que houve Cain?

_Ele quer te ver. -Cain fala desviando o olhar

_Que fique querendo. -Falo ríspida preste a entrar na sala

Cain segurou minha mão e eu o encarei.

_Eu peço que veja-o, tem muitas coisas que você precisa saber... Para continuar viva. -Fala Cain com um olhar firme

Engoli seco e virei meu rosto olhando a janela que apresentava a visão perfeita da lua.

_Certo. -Falo olhando para Cain novamente

《×××××××××××××××××××××××××××××》

Em 1889 houve um massacre de puros sangues, nesse massacre houve 200 mil mortes de vampiros de linhagem pura e dos poucos que sobreviveram, cerca de 42% viraram desumanos e acabaram por ser executados.
Nessa mansão que está em minha frente, eu vi meus pais e meus dois irmãos morrerem. Ainda lembro do banho de sangue, dos gritos, da minha mãe me pondo embaixo da cama e pedindo que eu ficasse quieta e imóvel, lembro da cabeça do meu pai rolando para debaixo da cama, lembro-me daquele homem.

_Está tudo bem? -Cain perguntou repousando sua mão sobre meu ombro

_Vamos fazer isso logo. -Falo séria

Adentramos a mansão, subimos as escadas e por fim, chegamos ao escritório que costumava ser do meu pai. Batemos na porta duas vezes e abrimos a mesma.

_Minha querida Neta, a quanto tempo!

De trajes elegante meu avô se pôs de pé e sorriu, ele estava sentado na cadeira atrás da mesa que residia ali e em sua frente havia duas cadeiras.

_Olá vovô, como tem passado? -Pergunto por educação

_Melhor se recebesse mais visitas suas, mas venha sente-se! -Fala sorrindo animado

Sinceramente? Sinto que isso não será algo tão pacífico como está parecendo.

_O que o senhor deseja? -Pergunto assim que me sento

_Liwa, você irá se casar com o ancestral no qual eu despertei. -O tom do vovô se tornou sério

Alá, eu não falei.

_O senhor fez o que? -Pergunto ainda calma

_Como você ouviu, eu-

_O senhor tem consciência do que acabou de fazer? O senhor pode ser executado pela suprema corte! -O interrompo começando a me exaltar

Uma das leis da sociedade Vampiresca é nunca despertar um ancestral, a suprema corte acredita que se um vampiro morre ele deve continuar morto. Os vampiros não são realmente imortais. Eles não morrem por velhice mas, podem morrer por outros meios, é difícil de encontrar esses meios? É e muito, mas não chega a ser impossível.

_Não podemos nós misturar com o sangue de um não Nivan. - Ele afirmou sério

_Eu tenho plena consciência que como a única mulher que restou da família Nivan eu devo me casar com outro Nivan, e até tinha aceitado que iria me casar com o Cain mas-

_O Cain não é um Nivan. - O vovô me interrompeu

_Como? -Pergunto confusa

_Eu o salvei do massacre, porém, nunca afirmei que ele era um Nivan. Eu tenho um grande apresso pelo menino, mas sangue é sangue. -O vovô afirmou sério

_EU ESTOU CANSADA DISSO TUDO, EU ME RECUSO! -Grito batendo minhas mãos na mesa

O ar dentro da sala começou a ficar frio e a mesa se congelou.

_Ainda uma garotinha sem controle, hm?

Uma voz ecoa sobre a sala, olho para trás.
E lá estava ele, com aquelas orbes cinzas...

_Treze?

NOTA DA AUTORA: Espero que tenham gostado.》

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