RAINHA DO DRAMA [DEGUSTAÇÃO]

Episódio 05

EPISÓDIO CINCO: "O QUE VOCÊ ANDOU FAZENDO NOS ÚLTIMOS SETE ANOS?".

Margot não soube quanto tempo se passou antes que a sua avó saísse para procurá-la e a encontrasse sentada em um dos degraus de entrada do alpendre, encarando a rua deserta e relativamente escura em que os Overbrook moravam desde que ela se entendia como gente.

"Maggie", disse Ellen.

A menina não se mexeu, pensando que, se ficasse quieta e deixasse claro que ainda não estava preparada para um sermão, a avó voltaria para dentro e a deixaria em paz. Mero engano, é claro. Ellen Overbrook era uma mulher que já havia vivido tempo o suficiente para não se deixar abalar com o silêncio alheio. Ela se aproximou da neta carrancuda, pôs um casaco sobre os seus ombros e suspirou de modo audível, tencionando incomodar.

"Eu não vou pedir desculpas", Margot resmungou, feito criança.

Ellen lhe deu um tabefe na nuca, que fez sua cabeça ser transportada para a frente de modo abrupto.

"Vovó!" A atriz exclamou, surpresa, e olhou para cima com as sobrancelhas franzidas.

Que caricato seria se os tabloides de Orion vazassem que ela, no auge de seus vinte e quatro anos, ainda levava tabefes da avó.

"Quem está te obrigando a pedir desculpas, sua moleca?" Rebateu Ellen. "Vim apenas trazer um casaco. É uma respondona mal-educada, mas ainda é minha neta e não quero que morra de frio".

"Tem certeza de que não vai falar nada sobre o que aconteceu entre mim e a Serena?" Margot semicerrou os olhos, desconfiada.

"Quem está tocando no assunto é você", rebateu Ellen.

"Estou apenas verificando a sua neutralidade", disse a atriz. "Não quero continuar nessa casa, se a senhora também estiver contra mim".

"Ninguém está contra você, Margaret. Sei que tem mágoas e que acha que a Serena tem culpa pelo que aconteceu com o seu pai, mas...".

"Ela sabia que ele não reagiria bem ao pedido de divórcio", Margot a interrompeu, contrariada. "É claro que a Serena tem culpa".

"Então ela devia ter ficado com o seu pai mesmo estando infeliz? O seu pai não precisava de uma esposa, Maggie, mas de tratamento para depressão. Ele...".

"Por favor, vovó, eu não quero mais falar sobre isso", Margot a interrompeu quando sentiu as lágrimas começando a pinicar no canto de seus olhos. Parecia que, a cada dia que passava, segurar o choro vinha se tornando mais difícil do que mais fácil e lembrar a si mesma da maneira como o pai se foi era cruel demais naquele redemoinho de acontecimentos que haviam tomado a sua vida.

"Está bem", cedeu Ellen, mesmo que visivelmente contrariada. "Porém, eu não vou ficar calada, se atacar a sua mãe outra vez. Caso você não tenha percebido, nós duas a acolhemos e nem sequer te demos um sermão pelo que andou aprontando fora das nossas supervisões, mas você arruma uma discussão na primeira oportunidade e depois se esquiva?".