Capítulo 1 - Lembranças

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 Começo o dia um pouco sonolenta e dolorida por sinal. Isso que dá Srta. Elise Becket dormir tão tarde da noite, mas foi por um bom motivo eu estava finalmente arrumando minhas coisas e criando coragem para ir embora desse lugar. Lugar esse que foi o meu porto seguro até o dia em que o meu pai faleceu por conta de um tumor em seu cérebro, quando descobri foi um choque total pra mim, pois havia sido só eu e ele até hoje nessa casa e nunca tive uma presença materna em minha vida. Minha mãe faleceu logo depois que nasci e só a conheço por fotos e bem poucas, meus avós por parte de pai já faleceram e da parte de minha mãe só tenho o meu avô Richard que mora do outro lado do mundo na Guiné Equatorial,África
lá ele exerce um trabalho muito lindo e importante para os Guinéu-equatorianos ensinando e desenvolvendo ações em prol da comunidade. Bom a verdade é que nunca o vi mais que cinco vezes em meus 25 anos.

Então quando descobrimos a doença de meu pai já não podia se fazer muita coisa, pois se encontrava em estado avançado, porém o Dr. James Edifier sugeriu algumas sessões de radioterapia externa para que fosse melhorar sua condição e ver se surtia algum efeito.

As sessões duraram seis semanas, mas sem sucesso, sugeri então ao doutor que fizessem uma cirurgia em meu pai e o salvassem, na verdade praticamente o implorei. Ele realizou mais alguns exames, a fim de saber se poderia ou não realizar a operação, suas palavras ecoam até hoje em minha mente.

– Srta. Elise, infelizmente não podemos fazer uma cirurgia em seu pai, pois o tumor já esta numa proporção grande e a radioterapia não adiantou e ele corre o risco de morrer no meio da operação.

A tristeza aumentou muito depois que ele disse o tempo aproximado de vida que ele tinha.
– Eu sinto muito Srta. Elise, nós gostaríamos de poder fazer mais, porém não está ao nosso alcance. O que você deve fazer no momento é ficar com ele o máximo que puder, pois ele não tem muito tempo apenas restam no mínimo três meses de vida, o que nós podemos fazer é ajudá-lo a ter uma boa assistência antes de partir.

Já estou a lágrimas há uns minutos quando escuto alguém me chamando na porta, na verdade gritando meu nome.
Merda é a Ivy ela não pode me ver assim prometi a minha melhor amiga que tentaria melhorar e superar tudo. Não posso desapontá-la agora, ela vem sendo a minha rocha desde então, sempre tentando me animar e me fazer sorrir. Sei que tudo isso é para o meu bem, mas às vezes ela exagera já me levou até a algumas festas com pessoas bem loucas. Sorrio

– Oi, já vou!
– Elise! Elise? – ela gritou. – Cadê você? Eliseeeeeeeee!

Ela parece não ter me escutado, pois continua a gritar. Começo a gritar também assim que abro a porta pra ela, mas ela simplesmente passa por mim e praticamente se joga no sofá. Fico boquiaberta.

– Merda Ivy você é surda ou o quê? – Já disse que estava vindo, calma sua apressada. – O que foi algum problema?

– Calma nada Lise só tem hoje praticamente com você e quero aproveitar. – Então... – Tenho uma coisa para te falar.

– Ai meu Deus lá vem. – eu digo. – Sem rodeios fala logo Ivy.

– Então amiga estava pensando em fazer uma pequena 'festa' de despedida para você hoje à noite já que vai se mudar e não vou ter mais minha amiga e parceira de festas. – ela suspira.

Isso não é nada bom, ela fez sinal de aspas com os dedos quando disse pequena festa, conheço muito bem a Ivy isso vai ser uma loucura.

– Não e não. Eu não quero nenhuma festa quero somente poder curtir e descansar na minha penúltima noite nessa casa, pois amanhã vai ser bem corrido para mim. – Irei organizar as minhas coisas e o novo dono vai estar aqui no domingo de manhã bem cedo para pegar as chaves da casa.

– Por favooooor, Lise essa será nossa última festa juntas. – ela disse.
– E outra você tem que se despedir do pessoal, Deus sabe lá quando você vai aparecer aqui.

– Sem chance Ivy. – digo entre os dentes.

Ela é tão dramática chega a me dar nos nervos, já disse a ela que poderia ir me visitar quando quisesse e ela ainda bate nessa tecla eu entendo que vai sentir minha falta, mas ela parece que joga isso na minha cara o todo tempo esse lance de 'abandonar ela' grrr.

Lembro-me da vez que contei a ela que tinha decidido vender a casa e recomeçar a vida em outro lugar, ela me olhou com os olhos surpresos, fez até uma cena dizendo que eu iria abandoná-la e tudo, mas depois me olhou com seus olhos marejados e disse que ficaria ao meu lado qualquer que fosse a minha decisão. Sei que sempre posso contar com ela, mas percebi que tinha ficado triste, pois tenho sido sua melhor amiga desde a infância e ela não sabe o que fazer sem mim por perto, eu sempre estou lá ao lado dela ajudando-a sempre em suas merdas. – sorrio me lembrando de tudo.
Eu amo minha melhor amiga e não irei me afastar dela, mas foi preciso eu tomar essa decisão da qual não me arrependo, pelo contrário estou super ansiosa para saber o que me aguarda. Eu preciso me afastar desse lugar de tudo que faz me lembrar do meu pai, preciso conhecer novas pessoas e respirar outros ambientes.

– Lise você está me escutando? – Oiiiii, acorda.

– Estou acordada sua sem graça. – O que foi? – eudisse.

– Estou falando sobre a comemoração de hoje, mas parece que você esta no mundoda lua. – ela diz.

– Eu só estava pensando... – Ah deixa pra lá, seeu deixar você promete que vai ser só para os mais 'chegamos'? Não quero ummonte de pessoas estranhas aqui e preciso manter a casa limpa para o novo dono.– Ah e Ivy para com esse lance de última festa e de que não sabe se vouaparecer aqui isso é chato demais, sabia? – Aliás, você sabemuito bem que não vou te abandonar nunca.

– Táaaaa eu sei. – Ai Lise você tem que parar de pensar muito e se jogar mais e claro euprometo, nada de pessoas estranhas. – ela ri e continua. – Lise você sabe que é muito difícil pra mim esselance de você ir embora, ainda não estou pronta para ficar sem você, masprometo que irei tentar. – ela disse.

Estou tentando entender o que foi que ela disse com o 'se jogar mais', elaparece bem doida às vezes, o problema é que ela acha que eu tenho que transarcom o primeiro cara que aparece nas festas e não é bem assim sei que não soumais virgem, para ser mais exata desde o verão passado, mas poxa as coisas nãofuncionam assim comigo só transei com o meu ex-namorado o Jimmy um ruivo de ummetro e setenta e cinco que tinha olhos azuis era gatinho, porém cafajeste quesó queria me comer.
Não vou mentir eu adorava transar com ele e como ele era um cafajeste adoravatudo.
Só de lembrar sinto um leve formigamento no meio das minhas pernas, certa vez eleme chupou em cima da mesinha de centro da minha sala de estar e quandoestávamos chegando aos 'finalmente' nos deparamos com minha amiga me chamandona porta e depois tentando abrir a porta, por sorte à porta estava trancada comchave. Ufa, quase.

Enfim tudo que é bom dura pouco né? Comigofoi assim pelo menos.
Passaram-se uma semana quando ele decidiu terminar comigo sem uma explicaçãoplausível, ele havia me ligado a tarde e disse que precisava conversar comigosobre algo urgente e não poderia esperar.
Lembro-me de tudo e fico pensando o quelevou o Jimmy a fazer tudo isso e o porquê ele passou seis meses tentandotransar comigo para somente depois me dar um pé na bunda.

Fiquei muito mal depois disso não gosto nem de lembrar, fiquei assim por unsdois meses tentando entender o que eu havia feito para ele, mas ainda bem queIvy estava lá e ela me ajudou a cair na real e ver que tudo era culpa do Jimmye não minha.

– Tudo bem então Ivy vamos fazer um festa de despedida, mas saiba que eu nãoqueria.
– Eu sei que é difícil, mas você poderá me ligar todo o dia se quiser e podemosfazer vídeo chamada e mandar mensagens uma pra outra até você ir me visitar. –digo.

Na mesma hora ela abre um sorriso de ponta a ponta e fala:

– YUP! Você não vai arrepender-se Lise. – Vamos às compras precisamos comprarbebidas 'muitas' na verdade e preciso urgente dá alguns telefones para convidara galera.

– Oh não precisa exagerar para tanto e você me prometeu que seria apenas paraos mais chegados não me faça voltar atrás.

Por que eu concordei com isso afinal? Não sei.

Me Chame de VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora