1ª Parte

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Podia começar por contar a minha vida mas vou poupar-vos, pois não passa de uma simples, comum e enfadonha vida.

Segundo todo o mundo, cada pessoa é diferente, especial digamos assim, porém para mim essa mesma pessoa não passa de mais um mero grão de areia numa praia enorme a que todos nós chamamos de planeta terra.

Essa praia é contém discórdia, guerra, mortes,… e é cinzenta, um cinzento que vai ficando mais escuro ao passar dos anos, embora alguns lhe chamem “Planeta Azul”, enfim…

Não estou aqui para destacar a minha historia, e muito menos relembrá-la, pois a cada dia que passa, embora continue jovem para alguns, estou um dia mais perto do inevitável, a morte.

Muitos dizem que sou pessimista, mas eu não concordo, apenas vejo as coisas como elas realmente são comuns, simples, enfadonhas…

- Sorcha? Olaá está ai alguém?!

- O que é que queres Eamon!?

- Eu? Nada…

-Então?

- Só estava a ver o que estavas a fazer…

- E…

- E não estavas a fazer absolutamente nada. Oh espera deixa-me adivinhar, estavas a pensar outra vez que o mundo é uma estupidez e que não tem logica viver-mos se depois vamos morrer.

- Certo. Agora, por favor, sai do meu quarto!

- Ok,ok, isso são maneiras de tratares o teu irmão.

- Arg és tão chato!-agarrei numa almofada e tentei atirá-la

-Ah, falhaste! Mas ok eu sai do teu quarto… Ah já agora a mãe disse para não te esqueceres que o frango está no forno…

- Ela disse isso á quanto tempo?!

- Não sei, tenho de sair do teu quarto…

Saí disparada do meu quarto, corri pelas escada a baixo, virei numa curva apertada para tentar não bater contra a parede e entrei na cozinha.

Lá um fumo espeço, negro, pairava no ar…

- Oh não o frango!

Corri para o forno, mas era tarde de mais, no tabuleiro não restava mais nada para além de carne queimada e ossos. Nesse preciso momento a minha mãe entrou.

- Que cheiro é este?

- Olá mãe…então… como correu o dia? – não tinha muito interesse que ela me respondesse á pergunta, simplesmente queria adiar que ela visse o frango.

- Que fumo é este?

- Sabes, mãe, o tempo de cozedura dos frangos e muito instável, muitíssimo difícil de prever…

- Queimas-te o frango não foi? – nem sequer era preciso responder á pergunta, ela sabia a resposta, estava simplesmente a fazer a pergunta que qualquer mãe no estado dela faria.

Nessa altura o Eamon entrou na cozinha.

- Hey, então mãe. Oh olhem só que fumo é este. Oh é o frango coitadinho, todo queimadinho. Francamente Sorcha eu não te disse para desligares o forno. E agora como vai ser, encomendamos uma pizza e não comemos o frango que a nossa mãe tinha preparado para nos com tanto amor e dedicação? Acho que e melhor ir agarrar no telefone…

E saio tao rapidamente como tinha entrado.

- Mãe eu posso explicar…

- Não é necessário…

- Mas…

- Deixa estar a serio falamos disso noutro dia

 -Ok… então como correu o dia?

- Bem, penso eu

 -Ok… - não me apetecia prolongar muito mais aquela conversa pois sabia que ia dar ao mesmo rumo de todas as outras: escola.Tinha que inventar uma desculpa para fugir a esse tema uma qualquer por muito parva que fosse.

-Acho que tenho de… ir abrir a janela!-não fazia muito sentido mas era a única coisa que me ocorria no momento

Entrei no quarto e abri a janela para dar mais credibilidade ao que tinha dito anteriormente. Entrou no quarto uma leve aragem típica dos dias de outono. Sentei-me no parapeito da janela; era um lugar perigoso e a minha mãe odiava que eu lá estivesse, porém adorava aquele sítio. Ali abstraia-me de tudo, de todos os pensamentos, e ficava minutos, horas, a olhar para aquela árvore, que a cada dia que passava ficava mais bela e me fazia pensar que o tempo não passava. Mas isso não era verdade; eu tinha crescido, atualmente tinha 16 anos, quase 17, o meu irmão tinha 13, e embora tivesse uma mentalidade muito infantil para a idade também tinha crescido e, eu com isto sentia-me velha e sentia que não ia ter muito mais tempo neste mundo, embora triste e rude, mas era o mundo em que vivia.

Era verdade que pensava muito na morte e, embora não percebesse porque, as pessoas culpavam sempre os meus pensamentos mórbidos á morte do meu pai.

Ele morreu quando eu tinha apenas 6 anos, mas mesmo assim com essa idade eu tive maturidade suficiente para encarar o facto e viver com ele. Os adultos implicavam que eu tinha de andar em psicólogos, porem eu nunca achei isso logico pois sempre tinha vivido com essa realidade. Alguns acham que por termos perdido um ente querido vamos tornar-nos mais frágeis, mais fechados,… eu pelo contrário acho que isso me tornou mais forte.

My common and boring lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora