Essa manhã eu me despedi da Thaís, como ela disse: foi bom enquanto durou. Um amor de Carnaval que teve prazo para acabar. Eu queria tentar algo a mais entre nós dois, ela mexeu comigo.
Dirijo pela estrada com Juan no banco do carona, contando sobre a mina que ficou na última noite. Não compartilho da mesma empolgação que ele, minha mente está longe, junto com a loira que fez, pela primeira vez, meu coração bater mais forte.
Compreendo Thaís por não querer tentar algo entre a gente, ela acabou de sair de um relacionamento de anos, engatar um namoro a distância com um cara que conheceu em um festa de Carnaval, é no mínimo loucura. Mas eu estava disposto a embarcar nessa loucura, me jogaria de cabeça, tentaria fazer dar certo, mas ela estava cautelosa, tinha medo.
— Cara, esse foi o melhor Carnaval de todos os tempos — Juan diz, trocando a música do rádio. — Ano que vem a gente precisa fazer isso de novo, essas cidades do interior sabem fazer uma festa boa.
— Foi incrível — me limito a dizer. Tem uma coisa diferente dentro de mim, por mim continuava em Santa Fé.
— Mano, nem parece que você curtiu esses dias — reclama. — Está aí com essa cara amarrada. Nem parece Heitor, o pegador. — Ri.
— Cara — respiro —, foi tudo muito louco. Foi foda, o melhor Carnaval da minha vida, mas, sei lá, me sinto estranho.
— Será que aconteceu um milagre? — indaga. — Eu vivi para ver Heitor se apaixonado? — Bate palmas.
— Não sei. — Passo a mão pela cabeça. — Realmente queria entender tudo.
— Calma, irmão, depois que chegar na sua casa e voltar o ritmo do trabalho, as festas, você supera — sugere. — Amor de Carnaval é assim mesmo, tem prazo de validade.
— Será? — questiono, sem por muita fé. Algo dentro de mim diz que não foi passageiro.
Posso estar maluco ou enganado, não sei ao certo, mas tenho certeza de que Thaís marcou a minha vida e não vou esquecê-la tão cedo. Ela é aquele tipo de pessoa que te intriga, que desperta em você um misto de sentimentos como carinho, cuidado e alegria. Em alguns momentos queria colocá-la em uma redoma apenas para admirá-la, em outros para cuidar e não deixar ninguém ferir o seu coração. Por fim, percebi que uma pessoa tão especial como ela não pode ficar presa, tem que voar, conhecer novos horizontes e levar a sua paz por onde passar.
— Certeza, você vai ver. Esse lance de amor de Carnaval é assim mesmo — tenta me fazer acreditar em suas palavras.
Só eu sei o que estou sentindo, esse lance não vai passar, não foi algo passageiro. Tenho experiência de vida o suficiente para entender isso. Thaís é diferente de todas as outras. Ela é especial. Única.
Juan não vai entender o que eu quero dizer, ele não acredita no amor. No momento, seria em vão tentar explicar isso a ele, talvez mais para frente eu tente dizer como me senti esses dias, ao lado daquela mulher.
— Diz aí, como é essa mina de antes de ontem? — pergunto para tentar mudar de assunto. Essa manhã, quando estávamos retornando para o hotel, ele começou a contar as suas aventuras.
— Mano, eu estava lá bem doidão dançando, já tinha dado uns pegas numas duas, tá ligado?
— Juan, para com essas gírias. — Dou risada. — Você não conversa assim.
— Eu sei. — Ri.— Mas é da hora, o povo acredita que falo assim, maior zoeira.
— Se você continuar a falar assim, eu vou dar a zoeira no pé do seu ouvido. Pode voltar ao seu estado normal — aconselho.
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Inesperado :Viva intensamente tudo que a vida tem para te oferecer
RomanceSinopse Thaís só queria continuar afundada na sua foça de auto piedade. Sair, beijar e curtir não estava nos seus planos, mas sem outra opção ela acaba no meio do Carnaval. Ao contrário de Thaís, tudo o que Heitor queria era sair com o amigo, beber...