Olhos malignos

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— Não deixais cair em tentação e nos livra do mal, amém. - o pastor da igreja finalizou, podíamos ouvir o marchar se aproximar, eles chegaram.

Saímos da igreja, eram tantos, mal podiam ser contados, provença estava infestada de loiros, um aglomerado de pessoas se juntou no meio da pequena cidade para ouvir aqueles que dias antes nos bombardearam.

— uma nova instituição em poder de Marechal pitã foi assinada, vocês franceses foram derrotados, os alemãs estão no comando. — um soldado indagou.

— maldição... - a madrasta resmungou, puxando a pequena emy pelo o ombro.

Juntei o braço a de Laurence, minha irmã do meio de dezessete anos. Entramos no carro e seguimos para a fazenda em silêncio, o medo e raiva sucumbia o coração, estes desgraçados estavam com meu irmão, Mathieu, que talvez já esteja morto, em sua última carta disse que foi pego e estava trancafiado em um campo de concentração. Agora sendo um prisioneiro de guerra, bom, e oque podemos fazer ?
Nada... Fomos dominados por esses canalhas.

Chegamos ao nosso casarão quase ao anoitecer, Flaubert
meu pai já nos esperava para o jantar, e em silêncio comemos, a ansiedade pairava sobre nossas cabeças, amanhã um soldado chegaria e residiria aqui em nossa casa, iria ditar suas regras, mandar e desmandar, agora tínhamos toque de recolher e as dez o sino tocou, deitei sabendo que minha vida amanhã não seria a mesma de ontem.

O sono não vinha então peguei a lamparina e fui para a varanda escrever no meu velho diário, quando me sentia sozinha eu escrevia, e me sinto sozinha constantemente. escrevia denovo o quanto ir a igreja era chato, mesmo sendo filha de um homem importante ainda me olham torto por ser uma negra rica, e única negra na cidade. Eu sei que não é comum, mas eu gostaria que fingissem que é, odeio me sentir insegura.

Acordei ao amanhecer me agarrando quando um vento frio bateu no meu peito, tinha adormecido ali mesmo na varanda, cocei os olhos e longe longe no fim da estrada vi um carro se aproximar o sol aínda nascia no horizonte, batendo em meu ombro e aquecendo o mesmo, mas meu coração continuava frio e senti um gelo correr em todo meu corpo quando o homem que saiu do carro tinha no braço a logo nazista, literalmente o lobo chegou pra vigiar o rebanho, minha família.

Me encarou com seus olhos malignos, sem expressão alguma, como um ser de outra mundo, insensível e cruel arrumou a gravata e seguiu em direção a porta sem tirar os olhos de mim, gelei instantâneamente, as pernas não obedeciam, fiquei com medo, estou marcada?
O infeliz homem esfregou com força o pé na grama, a grama do meu lindo jardim, eu só queria que Deus ou qualquer divindade eliminasse esse homem.

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