drowned. | chaelisa

baleias jogadoras de badminton

           "a tempestade está chegando!"

Ouço essa frase em um grito ao sair pela porta e vejo todos correndo para lá e para cá, estava confusa, porém sabia ao certo o que fazer, pois afinal, não era a primeira vez que aquilo acontecia.
Arquear as velas, virar o timão, olhar para frente como estivesse de olhos fechados, ondas indo e vindo como barbatanas de grandes baleias brincando, onde aparentemente suas caldas eram as raquetes e o navio a peteca.

Os gritos para todo o lado já ficando meio abafados, porque provavelmente havia entrado água em meus ouvidos, porém foi impossível não ouvir o enorme estrondo que pode quebrar qualquer coisa apenas pelo barulho. Realmente havia quebrado algo e eu me via mergulhada em um lugar extremamente gelado e vazio.

Talvez se tivesse vindo um tubarão faminto em minha direção teria doído menos do que estar ali, afundando e se debatendo sabendo que não teria forças para ir na superfície pegar um mísero ar ou talvez se eu tivesse virado o leme para o lado contrário do que o feito teria fugido das ondas raivosas, baleias jogadoras de badminton, dos gritos abafados e abalados e estrondos quebrados ou, possivelmente também, quebradores de coisas.

Sim, estava afundando e tinha a plena consciência de onde e porque, mas também estava lá na superfície boiando atravessando as ondas como se fosse bolhas de sabão, alguém que visse de fora nunca saberia certamente qual das opções era a errada, ou porque às duas eram certas.

onde estava afundando: nos olhos inalcançáveis da dona da voz mais doce voz.

porque estava afundado: por causa da própria arte, digo, Park Chaeyoung, cuja mesmíssima roubou, afundou e quebrou o precioso coração de Lalisa, mesmo sem nem pronunciar seu nome uma vez.