Eu não consigo entender.

Capítulo 2: De resguarda.

De longe era possível ouvir todos os tipos de sons, desde aqueles mais discretos aos mais óbvios. Essa é uma experiência que não obtive naquela floresta.

O cheiro agradável do verão, a fragrância das flores e o vento suave que acariciava minha pele, tudo isso chegou até mim de uma forma impecável.

Caminhei por essa trilha somente por alguns minutos, porém tudo a minha volta chamava minha atenção. Eu não conseguia explicar exatamente o porquê, mas meu corpo se movia sozinho conforme o ambiente mudava.

Como ninguém apareceu, mesmo depois de caminhar por mais de uma hora. Não me preocupei em ser assaltado ou algo do tipo, nesse momento nada passava pela minha cabeça, meu raciocínio simplesmente parou de existir.

Até que fui acordado de meu estado imersivo e então dar de cara com uma enorme muralha. Mesmo tendo uma altura abaixo da média, eu consigo dizer que isso seria enorme para qualquer pessoa normal.

A muralha tinha uma textura suave ao toque e passava um forte senso de proteção.

Tentei ver o que essa enorme muralha escondia. Enquanto eu caminhava ao redor dessa muralha vi um enorme portão aberto com uma bancada à direita da entrada. Suponho que seja ali que alguém deveria estar pedindo meus documentos.

Observando atentamente o lugar que cheguei, percebi que "à tarde" já havia se tornado "à noite".

"Por quanto tempo devo ter caminhado...?"

Meus pés silenciosamente invadiram o portão.

Dentro estava cheio de casas, mas pelo silêncio incomum não parece que alguém está morando nelas.

Entrei em uma casa que estava próxima a mim, era uma casa feita do mesmo material que a muralha, como não haviam janelas era escuro demais para observar com clareza.

A sala tinha cheiro de tecidos e metal, provavelmente foi esse tipo de material fabricado aqui. Andando mais a frente, consegui encontrar dois quartos. O primeiro tinha cheiro de lavanda, o quarto passava levemente um frescor natural. Já o segundo tinha um cheiro áspero e masculino.

Essa casa é perfeitamente uma casa de um casal ideal junto a seus filhos. Por que uma casa em tão boas condições não possui residentes? Decidi sair daquela casa.

Então pela primeira vez observei atentamente o céu infestado de estrelas, não consegui segurar um som de admiração.

"Que lindo..."

Esse é o outro mundo...

Me senti encantado por essa visão.

Vivi naquela floresta por tanto tempo, mas nunca me concentrei em olhar para o céu e ver esse cenário, e pensar que podia desfrutar dessa visão todos os dias.

...Realmente não sei o que farei daqui para frente... Minhas memórias estão borradas, deve ser por isso que não lembro de como fiquei preso naquela floresta. Sem ter nem mesmo roupas e muito menos dinheiro para me sustentar, eu não tinha chance de viver em qualquer lugar até alcançar aquela carruagem.

Mesmo se eu estivesse com dinheiro, como poderia me assegurar de que fosse o suficiente, ou como poderia me assegurar de que todas as pessoas desse mundo falassem o mesmo idioma que falo?

E mesmo que eu jogue minhas inseguranças aqui, nada irá mudar...

*Sniff* Esse mundo realmente é incrível, mas... não consigo parar de pensar na minha família. Provavelmente eles já devem ter recebido a notícia de que estou morto, afinal se passou um mês desde que vim para este mundo.

"Hã...? Por que estou chorando, você é um adulto não é? Recomponha-se." Mesmo que eu quisesse dizer isso isso. Meu corpo não obedecia meu cérebro. As memórias de meus familiares tornavam-se mais e mais visíveis. A mamãe todo dia reclamava das brincadeiras brutais de meus irmãos dentro de casa, enquanto gritava comigo para ajudá-la... Nós só podíamos ver nosso pai à noite, pois ele passava o dia trabalhando.

Mesmo cansado, ele sempre conversava comigo e dizia como amava seu trabalho. Não é nada fácil para um homem conseguir sustentar uma família de 5 pessoas sozinho, mas ele não reclamava sobre isso. Minha irmã e meu irmão caçula eram cheios de energia, e sempre brincavam dentro de casa, a mamãe passava a maior parte do tempo enfurecida sobre a quantidade de taças de vidro que eles quebravam.

Os dois pestinhas mesmo fazendo a maior bagunça sempre se desculpavam, mas segundos depois como se tivessem esquecido de tudo voltavam a bagunça, essa família era uma comédia.

Me pergunto se... eu teria a sorte de encontrar pessoas tão boas quanto essas. Melancólico pensei profundamente sobre esse assunto, sinto que é errado simplesmente esquecer essas memórias e usar o que pode me ajudar simplesmente para ter uma vida melhor ignorando os detalhes.

Não consigo acreditar nem por um segundo que tinha esquecido todas essas coisas importantes. Já havia perdido as forças de minhas pernas, como uma criança afoguei minha cabeça no chão e lágrimas naturalmente saíram de meus olhos...

Espero que eles consigam viver uma vida melhor, mesmo que eu não esteja ao lado deles.

Comecei a me acalmar depois de um tempo, nem me lembrava mais do território abandonado em que estava. O silêncio era reconfortante, me pergunto se meu corpo infantil também está influenciado meu cérebro.

"haha..." Soltando uma risada seca pensei em como foi idiota da minha parte fugir dessas memórias por um mês inteiro. Quem estou tentando enganar?

Usando meus dedos para limpar as lágrimas que ainda residiam em meus olhos, levantei meu corpo da grama e segui em frente. Agora não é hora de pensar nessas coisas. Devo encontrar alguma coisa para me alimentar e um lugar para passar essa noite.

Será que é melhor dormir aqui essa noite? Não, é melhor não, considerando que os portões estão abertos e a facilidade com que entrei aqui, esse lugar pode ser qualquer coisa menos seguro.

"há..." Suspirei em agonia. Se eu não encontrar alguém para manter contato, temo que eu fique louco e comece a falar com objetos.

Como se uma entidade misericordiosa lesse meus pensamentos, naquela escuridão sendo iluminada somente pela luz da lua e das estrelas, eu vi uma luz. Desde que eu vim parar nesse mundo, as únicas pessoas que vi foram aqueles bandidos que usavam aquele manto preto estranho.

Eu corri sem me importar com o que acontecia ao meu redor, me aproximei cada vez mais daquela luz, até que finalmente cheguei ao meu destino.

Na minha frente haviam três cavaleiros com armaduras prateadas desgastadas dormindo. Estranhamente um fedor horrível entupiu minhas narinas.

"Huh. Que fedor."

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Nota do autor: Olá, autor aqui. Esse foi o capítulo 2 deste livro, espero que tenha se divertido se você leu esse capítulo ( aliás a foto lá em cima não pertence a mim ok? ('-﹏-'；)). Caramba isso realmente foi uma mudança completa em relação ao capítulo 1, nem eu esperava por isso... Se houver algum erro que passou despercebido talvez eu possa repostar esse capítulo para correção. Obrigado por ler até aqui ヽ(^o^)丿.