44: semântica

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"Queridos amados, estamos reunidos aqui hoje

Para assistir a um grande erro"

Something blue| Voilà

Quando me lembro das vezes em que vovô me dava daqueles seus conselhos que não faziam o menor sentido para um garoto de nove anos, eu gostava que ele tivesse previsto o futuro e me dado o conselho mais adequado para a dor de um coração que eu mesm...

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Quando me lembro das vezes em que vovô me dava daqueles seus conselhos que não faziam o menor sentido para um garoto de nove anos, eu gostava que ele tivesse previsto o futuro e me dado o conselho mais adequado para a dor de um coração que eu mesmo tinha quebrado (Bom, vendo por esse lado, teria sido mais fácil ele prever a sua morte, evitá-la e estar presente para me dar o conselho em pessoa, mas quem implora não tem direto de escolha).

Gostaria que ele me dissesse que estava tudo bem e mesmo que eu sentisse ter abandonado Aria na hora que ela mais precisava de mim, era o correto a se fazer por mim e por ela. Que ele me contasse que vovó tinha-o feito esperar também e tinham permanecido fortes mesmo depois de tudo. Dar-me a força que só ele sabia dar.

Mas hoje em dia eu só tinha que me contentar com meus próprios sentimentos, minhas próprias escolhas e criar maneiras de levar as consequências positivamente.

Rolei para o outro lado da cama. Metaforicamente, o lado frio que eu já tinha (ou estava) abandonado e que eu visitava uma vez outra. Uma pessoa que tinha passado quase metade da sua vida no frio, não podia se contentar com o quente o tempo todo. Não de repente.

E todo mundo dizia que cair era um lembrete de que a felicidade não podia se tomar como garantida, ao que tínhamos que dar valor... eu só estava colocando os meus aprendizados em prática.

Suspirei quando minha voz interior pareceu muito patética até para os meus próprios ouvidos.

Qual tinha sido o momento em que eu me tornara num cara tão introspetivo que reconhecia e incentivava os seus momentos de fraqueza? E quando é que eu tinha aceitado essa nova realidade?

Eu podia ter vivido dentro de mim mesmo, separando-me do mundo, mas eu ainda tinha sido capaz de me separar a mim mesmo do meu interior, do que me consumia por dentro... um cara tão longe dos seus próprios sentimentos que podia facilmente comparar-me ao tipo de cara que mesmo depois de quase sete anos vivendo na mesma casa, nunca se cruzava com o seu colega de quarto.

Cada dia parecia mais fácil viver nessas condições tão vulneráveis mas não ia mentir dizendo que era totalmente a minha praia, por que não era. E em dias como esse, quando tudo o que eu queria fazer era rastejar para dentro da minha casca de novo, era difícil. Tentador. Um vício.

"Mas precisamos trabalhar para nos afastarmos da fase de recolher."

A minha terapeuta estava se mostrando irritante mesmo longe.

Indo na sua onda, decidi que minha fase de voltar a dormir já tinha passado, também, e me levantei da cama.

Encarando o sol de primavera desejando-me um bom dia, vesti uma camiseta e depois de acordar o meu espírito com um pouco de água fria e fazer a minha higiene matinal, encontrei caminho para fora do meu quarto. Era domingo e por mais que eu quisesse ficar no conforto dos meus lençóis esperando uma mensagem de Aria, eu precisava dar um seguimento á minha vida fazendo as pequenas coisas que me mantinham distraído. Nem que fosse simplesmente andar pela casa sem rumo.

NICKTOPHILIA #1Onde histórias criam vida. Descubra agora