É quase inverno. O vento gélido é cortante, mas eu não estou afim de ir para o conforto de casa, eu só quero andar. Não sinto minhas pernas, pois a única coisa que sinto é minha mente cheia, mesmo minha vida sendo vazia.
"Já vivi muitas aventuras por telas e por papéis, mas nenhuma delas era minha."
Começo a andar mais rápido, o ar que entra em meus pulmões machuca e dá calafrios, assim como meus pensamentos.
"Minhas únicas alegrias não existem de verdade e eu não faço nada além de coexistir com o resto do mundo, sou um fracasso."
Chego em um parque, mas não quero parar, continuo andando por dentro dele.
"A vida é entediante. O planeta é tão pequeno e ordinário. Onde estarão as aventuras de verdade?"
Paro, suspiro, sento na raiz de uma árvore. A grama está úmida, mas meu corpo agitado não se importa que minha velha calça ganhe uma mancha a mais. Retiro meu caderno do bolso.
As minhas aventuras sempre estiveram dentro de mim.
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Odisseia aos textos descartados
PoetryUma compilação dos meus textos que eu considero ruins. Talvez você goste.