11 - Miss you.

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Chloe

Caminhei devagar até casa ao som dos pássaros. Antigamente quando era pequena, até deixava a janela aberta para ser acordada ao som dos pássaros e observava a paisagem do nascer do sol… Se pensarmos bem, o som dos pássaros até é confortável, faz-me ter nostalgia. Tenho tantas saudades daqueles tempos…

- Flashback ON –

Já passava das onze e amanhã iria ser segunda-feira, os meus pais esqueceram-se da hora passar tão rápido. Estávamos a ver um filme, e quando acabou, já era tarde e disseram-me para despachar a lavar os dentes e ir para a cama. Nunca tenho sono ao domingo, eles sabem disso, e portanto, o meu pai quando está livre conta-me histórias para adormecer.  Mas da última vez que ele contou uma história tive pesadelos, espero que esta noite não os tenha.

“Papa?” Chamei quando ele já estava quase a fechar a porta do meu quarto.

“Sim?” Perguntou virando-se para eu ver a sua adorável cara. Ele ainda não estava de pijama, ele e a mamã costumam ver filmes até tarde. Há dias que ouço a minha mamã a gritar baixinho, e depois uns risinhos vindos do quarto deles, mas eu tenho a certeza que não é o papá a bater-lhe.

“Podes abrir a janela?” Perguntei fazendo beicinho. Cada vez que lhe pergunto se ele pode deixar a janela aberta durante a noite, ele recusa-se sempre, diz que posso apanhar uma constipação e blablás que não compreendo. Eu não quero saber se fico doente ou não, apenas quero acordar a ouvir o som dos pássaros, esse será o único dia em que irei acordar bem-disposta, pois, todos os dias que acordo, lembro-me que tenho escolinha e o mau-humor já começou.

“Tu já sabes a resposta a essa pergunta, porque estás sempre a perguntá-la?” Perguntou caminhando até mim sentando-se na beira da cama ao lado dos meus pés. A minha cama era tão pequena, que até  parece que ele estava sentado no chão. Os meus papás compraram esta cama pequena, pois, se comprassem uma cama alta tinham medo que a meio da noite eu caia e parta alguma coisa, talvez o osso ou esmague o meu pequeno e mole cérebro.

“Porque eu queria acordar a ouvir os pássaros.” Respondi. “Por favor.” Fiz voz de bebé ainda mais fina que a minha ao mesmo tempo que fazia o tal beicinho que todos adoravam. Pois, todos, menos o meu papá. Ele nunca caía nas tentações de aceitar porque eu apenas fiz beicinho.

“Está bem…” Fez uma cara de chateado. Levantou-se da cama e deixou a janela meia-aberta. Dei um sorriso. Caminhou lentamente na minha direção e baixou-se para dar um beijinho leve na testa e na minha bochecha. “Boa noite pequenota.” Disse e eu prenunciei a minha voz para um ‘Igualmente’.

“Papá?” Chamei-o mais uma vez quando ele estava para fechar a porta.

“Sim?”

“Amanhã para o pequeno-almoço podes fazer pão com nutella?” Perguntei. Depois daquele dia que a minha mamã apresentou-me o que eu passei a adorar mais no mundo –nutella- tenho estado a comer todos dias. E todos esses dias recebo raspanetes por estar a comer nutella todos os dias. Eu não consigo evitar. Quando estou com fome a primeira coisa que como é nutella, eu apenas… Grr. Eu não consigo resistir àquele pote cheio de chocolate.

“Todos sabemos que não comes pão com nutella, apenas a comes com as colheres. Boa tentativa Chloe, mas não. Bebes leite e se quiseres há torradas. Depois a mãe ajuda-te, amanhã tenho de sair bastante cedo.” Avisou e despediu-se mais uma vez com um ‘Boa noite’. Desejei ‘Boa noite’ de novo.

Senti os meus olhos pesados. Só de pensar que amanhã quando acordar vou estar a ser acordada com pássaros a cantar... Já me apetece passar logo para o dia, e isso não é normal, pois, amanhã há escola. Por falar em escola…

LEMBREI-ME AGORA QUE TENHO UM TRABALHO PARA CASA. E AGORA?

Vou dizer que quando cheguei a casa estive com dores de cabeça e não consegui faze-los. Adoro o meu cérebro por ele raciocinar tão rápido, espero que ele continue assim, ah e claro, espero adorar cada dia mais, a minha nutella querida salvadora de dias horríveis. Chloe, quem te ouvir deve pensar que nutella é uma pessoa e vais casar com ela. Pois, casar com um pote? Não era mau de todo. Espera… O que? Isto já deve ser o sono a afetar-me a mente. Tenho de deixar a mente vazia para amanhã quando acordar para ouvir os passarinhos. E se quando acordar tiver passarinhos dentro do meu quarto? Como a Branca de Neve, ela fala com passarinhos. Ainda pior… E SE ESTIVER AQUI POMBOS? E se eles fizerem as suas necessidades em cima de mim? Eu espero que não. Quando acordo tenho a boca sempre aberta, logo, durmo com a boca aberta. Pelo menos evita o mau hálito, certo? Pois, mas a parte horrível de dormir com a boca aberta é ressonares alto e algum bicho –mosca- entrar-te boca a dentro e comer os teus intestinos, tipo, tripas, ou algo do género.

Eu sei, tenho muito conhecimento para a minha idade, certo? Pois, o meu papá é professor de língua portuguesa, logo, tenho de levar com as explicações dele. Pelo menos tenho de dar graças por ele não ser professor de matemática, pois, aí é que ficava encravada. Senti os meus olhos lentamente a fecharem-se…

- Flashback OFF –

Limpei umas pequenas lágrimas que caíram sem eu dar conta. Como pode tudo ter mudado? Porque não sou a menina que há tempos era feliz apenas com um pote de nutella? Agora um pote de nutella é um bem precioso, continua a ser sim, mas, porque ele tinha de se ir embora? Porque a mim? Porque isto está a custar-me tanto? Já passou tanto tempo… O meu papá deixou-me sem dizer um único adeus...

Acelarei o passo até minha casa e acabei de comer os bolinhos sorridentes. Que sorte, ser um bolinho e estar a sorrir todo o tempo, toda a hora… Mas a questão é, será que há algum sorriso verdadeiro atrás de um sorriso falso? Eu por acaso estou a comparar bolos sorridentes com a minha vida? Okay, alguém meteu droga nos bolos sorridentes, e da forte, pois, até os bolos viraram sorridentes. Ri baixo com o meu pensamento maluco. Se alguém ouvisse os meus pensamentos, acho que eu mesma já estaria morta, bem mortinha, eu quando penso, apenas penso coisas más. Como por exemplo, cortar o pescoço a certas ‘meninas com a mania’ da escola, … Enfim.

Inseri a chave de casa e rodei-a. Entrei dentro de casa e fui direta para o meu quarto. Liguei o computador e esperei até ele dar algum sinal de vida. “OI? LIGA POR FAVOR, NESTE MOMENTO ESTOU A POUPAR DINHEIRO PARA UM CONCERTO, E NÃO PARA TE SUBSTITUIR, POR FAVOR, IMPLORO-TE, LIGA…” Falei baixinho ao meu computador. Falar com computadores acho que não é muito saudável. Mas apenas estou a treinar o meu português. Estou certa? Sim, estou. Com muito esforço e com algumas chapadas, o computador lá ligou. Parece eu quando estou a acordar numa Segunda-feira. Espera... Segunda-feira Chloe? TODOS OS DIAS. Pois, tenho razão.

Reparei que tinha uma chamada não atendida no Skype. Deve ser da dentolas. Por falar na dentolas, como será que ela ficou o resto da festa? Nem me lembrei ela… Depois ganho coragem para ouvir os seus berros, hoje não estou com disposição. Quando ia para marcar ‘visto’ na notificação, reparei que não era dela, mas sim… dele. O que será que ele quer falar comigo?

Ele está online neste momento. Ligo? Não ligo? Ligo? Não tenho aqui malmequeres, se não, fazia isso que as pessoas fazem para saber se a pessoa desejada gosta da pessoa que anda a arrancar pétalas. Já tentei isso, mas deu mau resultado, em vez de irem as pétalas, esmaguei a flor toda. Um minuto de silêncio por ela, por favor.

Sem pensar nem mais nem menos, chamei-o para uma chamada. Ele rapidamente aceitou e comecei a ouvir o barulho do seu computador a trabalhar. Mais parecia um trator, ocupava praticamente o som da linha toda, até tive de tirar um fone, pois, os dois então podiam estragar os meus ouvidos, e para estragar os meus ouvidos já tenho pessoas na lista em espera.

“Olá.” Ouvi na outra linha. A voz dele… Está igual… Que saudades.

bom dia, how ya doen

okay. 

podiam comentar e votar? agradecia; <3 ty

Clouds // l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora