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Boa leitura! <3
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– Você precisa parar de dizer que não é intencional ficar saindo por aí a noite, Taehyung! Eu te conheço bem o suficiente pra saber que é mentira. – Jungkook falou enquanto caminhava de um lado para o outro na sala de sua casa. 

Estava tarde da noite. A ligação cortava e o barulho do outro lado era imenso. Não sabia se apenas esperava alguma resposta ou se diminuía seus problemas desligando o celular.

Não condizia a si agora o que Taehyung fazia ou deixava de fazer, e mesmo que se preocupasse, eram dois adultos e Jungkook sabia bem mais disso do que o outro, – que estava sendo infantil ao ligar para ele naquele horário. 

– Eu sei, eu sei! Você descobriu de novo.  A voz rouca fez Jungkook parar em um ponto na sala suspirando pesado. Audível o suficiente para fazer Taehyung engolir em seco. 

Não é que fazia por mal sair a noite ou até mesmo ligar para o seu ex. Era necessário. Sentia que seu coração estava vago demais, e quanto mais ficava parado em um lugar, o sentimento ainda palpável o fazia preso em si próprio. 

Não precisaria estar em um bar bebendo todas, deixando seu corpo ficar cansado e a cabeça atordoada se Jungkook não tivesse terminado consigo a alguns meses atrás.

Certo, sentia que não tinha feito seu melhor também, mas o outro precisava entendê-lo. 

Era difícil! Um compromisso era difícil demais porque ele nunca soube como se comportar. Amava Jungkook suficiente para transformar essa idéia de se prender a alguém em algo bom, mas ainda sim, era difícil para ele. 

– Por favor, Jungkook... Por favor... – Pediu com seu último resquício de bom senso. Estava querendo demais e sabia bem, mas ainda se dava o direito de ser ele mesmo, ou seja, orgulhoso.

Orgulhoso demais para no outro dia aparecer na casa de Jungkook antes do sol mostrar sua grandeza apenas para fazê-lo acordar cedo e mal humorado por tê-lo deixado na mão.

Mas não seria necessário. 

– Onde você está? – Jungkook perguntou já se martirizando por ceder aos pedidos do outro na linha. 

Por que precisava ser sempre tão bonzinho?! Se Taehyung saiu ele que voltasse para casa sozinho! 

– No bar a umas quatro quadras da minha casa. Você sabe onde fica. – Sorriu ao lembrar que não era à primeira vez que Jungkook iria busca-lo ali, uma nostalgia consumindo sua mente. 

– Daqui a vinte minutos chego aí. Vê se não some, se não eu vou embora e nunca mais atendo uma ligação sua. – Jungkook disse desligando o celular. Ouvir a resposta de Taehyung ressoando em sua mente já era quase automático. Sabia exatamente que o outro responderia com um tom de deboche ocultado: "Você sempre atende". 

Sempre atendia, e se odiava por isso. Mas não conseguia ficar sem se preocupar com um Taehyung bêbado e sozinho naquelas ruas. Ainda amava-o ao ponto de sempre atender suas chamadas em plena madrugada pedindo para que o levasse para casa. 

Tsc. Taehyung conseguia ser um pé no saco quando queria. 

Trancou a porta de sua casa e foi até a garagem. Entrou no carro e apertou pela janela do automóvel, o botão na parede que abria automaticamente o portão, já saindo dali e observando-o pelo espelho retrovisor o portão voltar para para seu estado de inércia. 

O caminho era escuro e pouco movimentado. Algumas pessoas que Jungkook chamou de "sem o que fazer" ainda andavam nas ruas, como se no outro dia não tivessem algo de interessante que não fosse apenas ficar rondando acordado em um horário que deveria ser exclusivo para o sono. 

E lá lembrava novamente de Taehyung: o fazendo sair de casa, impedindo-o de dormir e ter uma boa noite para compensar o trabalho árduo na manhã que se sucecederia a algumas horas.  

Observou seu celular sobre o banco ao lado vibrar e notou ser Taehyung novamente. Já sabia o que seria perguntado, mas como se fosse a primeira vez que fazia aquilo, atendeu a chamada e colocou no viva-voz.

– Por que você tá demorando? Eu cronometrei vinte minutos no meu celular e você ainda não está aqui! – Taehyung disse rápido e totalmente afoito, como se estivesse se contendo por todo aqueles minutos. 

– Desculpa, tinha uma pessoa muito parecida com você no meio da rua e eu passei por cima dela. Fiquei muito feliz pensando que era você. Mas agora tô triste de novo. – Jungkook disse indiferente. Não que estivesse com vontade para fazer brincadeiras sem graça, só não estava afim de responder grosseiramente o outro. 

– Cuidado, eu estou realmente no meio da avenida agora. – Desligou. 

Jungkook viu quando a ligação foi encerrada e diminuiu a velocidade. Aumentou o brilho do farol e ficou atento às ruas, realmente acreditando na idéia. 

Sabia que Taehyung só estava sendo dramático. Seu celular contava cinco minutos de atraso, apenas.

Estacionou o carro em frente ao bar e abriu a porta do mesmo, apoiando sua mão nela e procurando Taehyung pelo lado de fora do lugar. 

Não demorou para encontrar o que buscava ali naquela noite fria. Taehyung caminhava para perto de si com as mãos no bolso da jaqueta escura, enquanto suas madeixas insistiam em cair sobre a testa pelo vento que cortava-o. O ruivo ainda tentava balançar sutilmente a cabeça desejando fazer os fios saírem de seus olhos, mas era impossível quando em segundos voltavam todos para o mesmo lugar de antes. 

Jungkook até o chamaria de homem mais lindo que seus olhos já viram se não fosse a enorme carranca que o outro trazia. 

– Você sabe o que é ser pontual? – Perguntou. – Idiota! – Deu a volta no carro e entrou pelo outro lado, sentando no banco do carona. 

Jungkook ainda demorou alguns segundos com os lábios entreabertos tentando assimilar a cara de pau que acabara de presenciar. 

Taehyung deveria agradecer que ser calmo era um dom dado pelos céus ao Jeon, se não, ele realmente iria ver o carro passando por cima dele. 

Jungkook suspirou pesadamente e jogou para fora toda a sua vontade de mandar o outro ir se foder com um revirar de olhos. Voltou para dentro do carro e bateu a porta com força, fazendo Taehyung derrubar o celular de suas mãos sobre as coxas. 

– Você tá bravo? – Falou irônico, pegando o celular novamente em mãos e tentando acalmar o corpo que se assustara a segundos atrás. 

– Se importa de ficar calado pelo caminho todo? – Deu um sorriso mostrando os dentinhos que Taehyung até mesmo chamaria de doce e angelical se não soubesse o tanto de sarcasmo que teria ali. 

– Ah, é verdade. – Sorriu. – Eu te desconcentro. – Mordeu o lábio inferior, olhando fixamente nas pérolas negras de Jungkook. – Diz aí, Jeon. Como tem passado as noites? 

– Bem. – Limitou a dizer, voltando sua atenção para o volante, ignorando totalmente as orbes castanhas. Não poderia negar que sua desconcentração sempre era causada pelo ruivo.

– É claro. – Assentiu sem ao certo saber o porquê. 

Jungkook ligou o carro, tentando manter seu foco totalmente em dirigir até a casa do outro, mesmo que sua vontade fosse de dar a volta e pedir que Taehyung fosse de pé. 

O vento que entrava pela janela era frio e fazia Jungkook sentir arrepios vez ou outra. Evitou olhar Taehyung pelo caminho, mesmo que soubesse que o outro o encarava sem pudor. 

Talvez, apenas talvez, Taehyung desejasse que ele se arrependesse por ter terminado; ter sido grosso e frio ao mandá-lo ir embora. 

Mas Jungkook já estava arrependido há muito tempo. Provavelmente desde o momento que observou Taehyung sair pela porta de sua casa sem intenção de voltar novamente. 

Só não poderia admitir.

Doce Mais Doce | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora