Capítulo Único

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A Muy Nobre y Antiga Casa dos Black se localizava no Grimmauld Place, 12. No coração de Islington, em Londres. Uma região inteiramente trouxa. Não era como Godric’s Hollow, que apesar de trouxa tinha grandes concentrações bruxas, e muito menos como Hogsmeade, inteiramente bruxa. Não, os Black eram a única família bruxa a morar por lá.

Bem, Walburga, Órion, Regulus e Sirius Black eram.

Apesar das famílias sangue puras valorizarem a unidade familiar — sempre e quando ninguém traísse o lema Toujours Pur —, eles não viviam todos juntos na mesma casa. Apesar da mansão Black ser grande, não era o suficiente para que duas famílias ali vivessem — ou isso era o que Walburga argumentava.

A mansão Rosier já era ocupada pelo irmão homem de sua mãe e a família dele, então Druella e Cygnus tinham a sua própria casa com suas três filhas — acontecia algumas vezes nas famílias sangue puras, quando os pais tinham mais de um filho homem. Mesmo assim, todas as reuniões e datas comemorativas aconteciam na Muy Nobre y Antiga Casa dos Black.

Os seus pais eram rígidos em sua criação, até certo ponto, mas não se importavam nem um pouco de delegar a responsabilidade de algumas horas de seu dia a Walburga, quando Andrômeda e Narcisa iam visitar os tios e primos.

Narcisa se dava melhor com Regulus, mas Andrômeda amava fugir da sombria mansão com seu primo, Sirius. Eles não eram permitidos a se misturar com trouxas, é claro, mas Walburga era a última mulher da família inteira a desperdiçar seu tempo vigiando crianças, principalmente aquelas duas.

Dali a alguns meses, seria a sua vez de ir para Hogwarts. Bellatrix sempre tentava assustá-las com histórias sobre trasgos e corredores proibidos a visitação em Hogwarts que guardavam maldições, mas Andrômeda era inteligente o suficiente para perceber o quão mentirosa a sua irmã mais velha poderia ser, o quanto que lhe agradava causar o pânico e a dor nas pessoas.

Antes de ir ao colégio, ela sempre acompanhava as irmãs a mansão Black e gostava de escutar as histórias sobre a família, mas a sua parente favorito não era uma Black, era uma Rosier. Uma Rosier que era o braço direito do bruxo das trevas mais temido de todos os tempos, Gellert Grindelwald.

Andrômeda preferia se afastar daqueles assuntos, principalmente quando os adultos trocavam olhares de cumplicidade e começavam a falar orgulhosos sobre o surgimento de outro bruxo das trevas como Grindelwald.

Ela não era rebelde como Sirius, que desafiava aos mais velhos a todo o tempo, sempre escandalizando quando questionava sobre o modo de vivência dos trouxas em refeições em família. Achava engraçado a expressão de repulsa e medo nos rostos dos adultos.

O pavor e o nojo eram sentimentos antagônicos demais.

Era quase como se os bruxos temessem aos trouxas — que ideia absurda.

— E então, os sangues puros tiveram que aceitar que era o único jeito — Sirius estava contando-lhe sobre como o transporte para Hogwarts, um trem, era invenção trouxa — Mas, na época, eles odiaram.

A ideia de que bruxos usassem invenções trouxas para facilitar o dia a dia, algo que nem a magia pudesse resolver, era engraçada.

— O rádio é outra delas! — ele exclamou, parecendo se lembrar, assim que eles sentaram-se nos bancos de um parque próximo da casa — São ondas invisíveis de som que são captadas pela antena, mas aí os bruxos foram lá e puseram alguma magia para funcionar sem... Sinceramente, eu não sei como que funciona.

— Sinceramente, eu não sei como você descobre essas coisas — Andrômeda demonstrou-se surpresa — Tia Walburga ficaria louca se soubesse.

— Mas você não vai contá-la — Sirius deu uma piscadela para ela — E mesmo se contasse, eu não ligaria. Eles já sabem que sou um caso perdido, só seria ruim para você.

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