Realidades

56 6 5
                                    

Quando acordei, o sol já raiava bem bonito nos campos que agora estavam tão verdes. Parecia que o ar ficava cheio de alegria, era como se tudo fosse perfeitamente normal. Infelizmente, aquele sentimento não me atingia. Eu não estava feliz, e muito menos o dia parecia perfeito.

Pelo menos não para mim.

Aquela decisão, mudaria totalmente nossas vidas. Eu poderia ter todos os privilégios que sempre quis sendo um artista. Mas teria de me submeter aos outros, e se esse fosse o único problema, eu conseguiria o encarar com facilidade.

O real problema é que por mais que eu tentasse me alegrar e pensar positivo, a ideia de não ter Jimin perto de mim como sempre me assustava. Além do desgosto que era ver nossa situação financeira atual.

O que também não ajudava era pensar na nossa casa. Sendo composta por um quarto com apenas uma cama de casal, se é que aquilo poderia ser chamado de cama porque era apenas um colchão no chão. Tivemos que vender a grade para comprar alguns potinhos de vidro onde posteriormente colocaríamos nossas próprias geleias feitas artesanalmente.

O banheiro, era usual. Nada de grandioso mas ainda sim eu gostava dele, e bem, tinha coisas que todo banheiro tem. Felizmente já tínhamos o que os nobres intitulavam de saneamento básico, causado pelo investimento do rei nisso.

Esse homem, nunca aparece em público e ainda sim se acha no direito de chamar-se de rei. Realmente eu não simpatizava com a imagem criada por ele, minhas mãos já tremiam de tanta adrenalina de apenas pensar nesse bastardo.

Saindo do nosso quarto, ainda um pouco tonto por toda a claridade, me sentei na cadeira da mesa da cozinha. Além desse assento, tínhamos uma mesa de madeira que eu mesmo criei, pois essa era minha função.

Era marceneiro. Vendia minhas criações nas feiras durante os finais de semana, rendiam boas moedas.

Observava a pequena cozinha que considerávamos a sala também, composta por apenas mais três elementos: uma lareira que servia para cozinhar nossos alimentos e esquentar a casa nesses tempos frios, um tapete para quem entrasse limpar os pés, Jimin que havia o feito, e por último, um armário cheio de panelas e caldeirões, com alguns pratos, talheres e copos. Era provavelmente o móvel mais caro da casa, um orgulho para mim, já que eu tinha o feito.

Enquanto olhava para o papel que Jimin trouxe ontem de noite, o mesmo saiu do banheiro com uma caneca, provavelmente estava escovando os dentes.

- Que cara é essa? - ele me perguntou enquanto secava sua boca na manga de sua blusa cinza, e então olhei um pouco mais para baixo e reparei na sua calça. Fazia tanto tempo que ele a tinha que batia na metade da canela, deixando seus pés descalços à mostra. - Parece que alguém passou a noite toda pensando na proposta.

- Bom dia pra você também - respondi prontamente. Ele não deveria saber o motivo de ter ficado quase a noite toda em claro. - E não, eu não passei a noite pensando nisso. Pensei em outra coisa. Antes de tudo, vamos comer.

Enquanto ele pegava os pequenos pratos e pães, eu pensava ainda, se era uma boa oportunidade. Não queria contar para ele que queria voltar atrás com a minha palavra. E que preferia passar mil anos aqui, ao lado dele, do que um dia sem ter sua companhia ao meu lado.

- Consigo ver que está preocupado. Você não está ponderando de quebrar a promessa, certo? - agora, o moreno sentava-se na outra cadeira da cozinha, a última disponível. Ele me olhava com curiosidade, mas também desconfiado.

- Não Jimin. Eu não vou fazer isso. O que me preocupa e tira o sono... é ficar sem você. - já nesse ponto minha voz começara a falhar. - Eu não suporto a ideia de não ter você Jiminie, eu preciso de você. Você é meu melhor amigo, o único que eu confio minha vida nesse mundo.

Castela KingdomOnde histórias criam vida. Descubra agora