Ele tinha olhos fascinantes, aliás, não eram somente os olhos, mas a face toda em si; um rosto pequeno e delicado. Não era a primeira vez que pensava sobre aquele detalhe. Tivera aquele tipo de pensamentos assim que botara os olhos em Kaneki.
Naquele instante, o sujeito que ostentava belíssimas tatuagens em grande parte de sua pele pensou estar diante de uma beleza diferente, entendia de belas artes afinal.
E para Uta, o adolescente era uma obra-prima.
Kaneki era a mistura perfeita; havia aquela personalidade tímida e acanhada que mesclava com aquele olhar que parecia externar a sua alma através do brilho das íris; ás vezes perdidos, outras determinados.
Ele gostava de apreciar os traços pequenos do rosto do garoto, desde o nariz arrebitado, os cílios longos, a boca vermelha e as maçãs do rosto coradas. Uta gostava do adolescente quando estava daquele jeito, gostaria de deixá-lo daquele jeito o tempo todo.
Bom, se fosse possível, não o tempo todo, mas especificamente quando estivesse em sua companhia... Como agora.
Naquele momento ele assistia deslumbrado à forma como Kaneki esforçava-se para manter os olhos abertos e fixados em si, tal como havia pedido a ele; apesar de que no momento suas palavras soaram mais como uma ordem.
A face do jovem estava completamente abrasada de forma que ele parecia febril, seus olhos estavam mais brilhantes que outrora e levemente úmidos como se quisessem derramar lágrimas e seus lábios... Ah, seus lábios estavam vermelhos e entreabertos por onde a respiração saía entrecortada e ofegante.
— Uta-san... Por favor... – Ken pediu mais uma vez naquela noite, tentando retrair o braço para junto do corpo novamente, mas Uta não permitiu, detendo o adolescente ao intensificar a pegada que exercia em seu pulso.
Era tortura brincar com ele daquela forma? Talvez. E talvez Uta quisesse ser egoísta a ponto de por a sua vontade acima do desejo do jovem.
Ele nunca teve a chance de ouvir Kaneki chamar por si daquela forma, ao menos, não com aquele tom de voz que invadia seus ouvidos e brincava com seu cérebro de forma quase sedutora, desejando ouvir aquele tom mais próximo do seu ouvido o mais rápido possível.
— Está pedindo pelo o quê, Kaneki-kun? – impetuoso, o de cabelos longos questiona.
Com a língua posta para fora da boca, Uta correu-a pelo dedo médio do jovem, fazendo-o ofegar em antecipação e se movimentar de forma desconfortável no sofá, apertando o couro preto do estofado com a mão livre, esfregando os joelhos juntos e mordendo o lábio inferior com mais força para evitar soltar outros daqueles sons vergonhosos.
Quando o tatuado separou seus lábios, envolvendo-os a ponta do indicador e médio, Kaneki não conseguiu evitar arquejar em surpresa ao presenciar aqueles lábios envolverem seus dedos, trazendo-os para dentro da boca. Era quente, úmido e estranhamente aconchegante.
Kaneki viu-se na obrigação de tapar a boca com a mão livre para impedir gemer. Em suas calças, ele sentia um volume crescer e pulsar, arqueando-se contra o tecido de sua cueca. Seu membro invejava toda a atenção que seus dedos recebiam.
Uta tinha uma boca maravilhosa. Céus, se ela estivesse tocando outras partes de seu corpo, o mais novo se sentiria muito mais satisfeito e grato. Estava tão necessitado! Naquele momento ele sentia-se puramente frustrado, pois seu baixo ventre queimava e ardia a cada chupada que seus dedos recebiam.
A língua serpenteava pela extensão de seus dedos, para logo depois o homem soltá-los e voltar a chupá-los sem pudor algum, tal qual realmente seria receber um oral, e para ajudar o homem externava o quanto estava apreciando aquilo ao reproduzir sons maravilhosos com sua garganta.
O coração do mais novo batia rápido contra seu peito e ele tombou a cabeça para trás, espalhando os fios negros no encosto do sofá, fitando o teto tentando manter a calma e estabilizar as batidas de seu coração. Sua mão livre subiu para seus cabelos, afastando a franja da testa molhada pelo suor, os olhos nublados pelas sensações que eu corpo sofria graças aquela pessoa.
Como ele gostaria de sentir a língua de Uta em outras partes de si. E não só a língua, mas a boca, as mãos, todo pedaço daquela pele marcada por agulhas. Kaneki suspira tentando conter os hormônios que corriam pelo seu corpo como fogo líquido em suas veias, a respiração saindo em calças curtas pelo seu nariz.
O silêncio do garoto chamou a atenção do homem, que ergueu os olhos, curioso do por quê da falta do sons que tanto lhe apraziam e a imagem que vira, não o agradou: O garoto havia parado de olhá-lo. Uta possuía uma natureza carente afinal, e ele não havia permitido que o garoto fixasse os olhos no teto, ele queria a atenção dos olhos de Kaneki para si mais do que qualquer outra coisa.
Sem abandonar os dedos do mais novo de sua boca, Uta levou uma das mãos para tocar o quadril do garoto, sentindo no tato o tecido fino da camiseta, o mesmo que ele fez questão de atravessar quando enfiou a mão por dentro da peça. Agora, sem impedimentos, ele tocou a pele macia do rapaz, apertando de leve, suas unhas pintadas de preto deixando marcas no quadril delgado. O mais novo pareceu aprovar aquela atitude ao suspirar e sendo atrevido o suficiente para inserir outro de seus dedos por entre os lábios do homem, fazendo Uta sorrir antes de libertar os dedos do garoto de sua língua atrevida, beijando-os nas pontas com carinho.
— Ah, Kaneki-kun... – murmurou com tom de desaprovação. – Você desviou o olhar.
O garoto lembrou-se pela primeira vez que não devia ter feito aquilo. Uta havia lhe ordenado permanecer olhando para ele a cada segundo. Mas antes que pudesse se desculpar pela sua falta de tato, se viu preso contra o estofado quando o de cabelos compridos escalou suas pernas, pousando as próprias cada uma ao lado do seu corpo e a mão que antes lhe arranhava o quadril, agora subia para seu peitoral; a unha comprida eriçando seu mamilo.
Kaneki sentiu sua face arder ainda mais quando sentiu a respiração quente do Ghoul junto à cútis de seu pescoço e a mão livre do mais velho agarrando os curtos cabelos de sua nuca. Uta aspirou profundo rente a pele, o cheiro do sabonete do banho recém-tomado ainda estava ali, ele não se conteve, e logo seus dentes cravaram-se no pescoço do mais novo de forma quase dolorida, fazendo o mais jovem gemer em protesto.
Aquilo deixaria marcas mais tarde.
O homem afastou-se para encarar a face jovial, encontrando aquele corar adorável na face de Kaneki. Encostando sua testa a do mais novo, ele engoliu aquela visão maravilhosa com os olhos libidinosos enquanto mordiscava o piercing de seu lábio, seu polegar brincando com o lábio inferior do garoto, testando a maciez da carne do beiço.
— Você me desobedeceu, sabe o que eu faço quando age dessa forma, não sabe?
O jovem assentiu com um manear de cabeça, sentindo a face do outro se aproximar mais de si enquanto os olhos cerravam-se. Suas respirações unindo-se em uma única sintonia antes de ele sentir o metal dos piercings de Uta tocar sua boca e naquele momento, Kaneki Ken chegou à conclusão de que melhor do que sentir a língua do homem em seus dedos era senti-la em sua boca, junto à sua.
O estalo do primeiro beijo soou pelo estúdio, seguido de muitos outros sons que eram, na perspectiva de ambos, uma quebra de silêncio no mínimo agradável.
Notas finais: Iamx me inspira