《1.2》

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As características típicas do outono estavam bem presentes no dia em Nova York. A temperatura agradável durante o dia fazendo par perfeito com as cores quentes que preenchem os topos das árvores era o convite perfeito para uma tarde no Central Park.

Lauren com a certeza absoluta de que sua coleção de outono seria feita no outono não pensou em lugar melhor para ter mais inspiração ainda, escolhera outro lugar que não fosse seu escritório já que tinha ficado nele até as duas da manhã. Depois de saírem do café, Lauren deixou Normani em casa e após, quando estava chegando perto de seu prédio, pegou outro caminho que a levava até a empresa. Voltou à sua sala com a intenção de terminar aquele vestido que estava no manequim há dias.

Passou horas a fio ajeitando cada mínimo detalhe, e passou mais um tempo procurando por qualquer erro que poderia ter cometido para poder consertá-lo. Assim que se deu conta de que já estava tudo devidamente feito, finalizado e o melhor, estava exatamente do modo que imaginara, se afastou de onde estava para ter uma visão dele completo, dando um suspiro de satisfação e alívio por mais uma vez ter conseguido colocar em prática tudo que colocara no papel.

Ainda de madrugada, ao colocar os pés em seu apartamento e olhar no relógio que era quase três da manhã, sua vontade de dormir se esvaiu, mesmo tendo ouvido tudo o que Mani tinha a dizer, não ficaria em paz sem antes conseguir colocar tudo em seu lugar. Depois da combinação de um banho e uma roupa confortável e quente, abriu a porta de vidro que dava em sua varanda e subiu as escadas que a levavam até seu lugar que pertencia à vários outros, contudo tomara para si como somente seu.

Suspirou quando finalmente chegou ao terraço, o lugar que sem dúvidas foi palco de suas incertezas e muitas vezes a tiraram dela, a salvando de seus conflitos internos.

Apoiou seus braços dobrados sobre o parapeito e passou os olhos por cada prédio já conhecido com a maioria das suas luzes já apagadas. Normalmente, via cada luz ser apagada aos poucos, acompanhava dali cada pessoa que já havia terminado seu dia, e naquele momento provavelmente ela era uma que precisava fazer isso porém estava demasiadamente perdida no meio da sua bagunça interminável.

Ao seu ver, a paixão é como uma doença que apresenta seus sintomas e a partir daí cabe a cada um decidir a forma que quer ser curado. Mani havia claramente mostrado seu diagnóstico, até porque precisava consultar alguém já que certamente era a primeira vez que estava começando a sentir e não sabia como se remediar.

Sua prioridade era colocar seus pensamentos em ordem, assim, buscando entender o que a fez chegar nesse estado em primeiro lugar. Lembrou de como era estranho achar extremamente sexy a forma como alguém dizia seu sobrenome; nunca havia achado uma cicatriz algo atraente, ainda mais uma tão nítida quanto a que Ally tem acima do seu lábio superior; por algum motivo que nem ela mesma sabia, a médica tinha falado de uma parte não muito boa da sua vida, tendo despertado seu apreço por ela; quando Ally a tocava, mesmo que por um procedimento médico, era automático se arrepiar, o que jamais acontecera com qualquer outro médico que já a examinara; o principal era que ela sempre quis estar presente desde um dos primeiros momentos e assim o fez; nos últimos dias, seus pensamentos não eram outros além se algo relacionado a Allyson se não ela mesma. Achava seu jeito encantador e cada detalhe que pertencia a ela era lindo. Já não era necessário procurar por mais indícios, já havia inconscientemente colocado para fora sua declaração, já tinha dito a Ally que cuidava porque gostava dela e a queria bem. O frio na barriga e as borboletas no estômago quando lembrava dos três momentos que foram cruciais para sua conclusão de estar apaixonada a fazia se sentir uma adolescente.

A segunda coisa que precisava de fato aceitar totalmente, era como havia se apaixonado por uma mulher. Levou sua vida sempre com meras atrações por homens e seu sentimento assim sendo despertado uma primeira vez por uma mulher era algo diferente, já que como Normani claramente havia dito, não se prendia a rótulos e então isso jamais seria um problema. Era apenas literalmente novo.

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