"Acreditas em Anjos?"

21 1 0
                                    

                                                                 1ª Capítulo                             

        -Não consigo!

        -Consegues sim,minha querida,tens de pensar que a vida tem de continuar…-Disse a minha mãe também com as lágrimas a rolarem-lhe pela sua bonita face,tinha umas olheiras profundas que denunciavam o seu mau estar,parecia mais velha que o que realmente era nos seus cinquenta e cinco anos,o cabelo já grisalho,estava preso por um coque desajeitado e já não se arranjava como antes.

        -Mãe,está a custar tanto…eles foram-se…não consigo continuar!-eu estava a dizer aquilo pela milésima vez,mas parecia que ninguém me entendia,ninguém…

       -Vais conseguir e eu vou ajudar-te,sei que sofreste um golpe muito doloroso e a vida e o destino não foram justos contigo nem com eles,mas…-soluçou.

       -Mas tens de encontrar forças para conseguires cuidar de ti,filha…-soluçou novamente,parecia devastada.

Eu estava encostada na cabeceira da cama do quarto que os meus pais me instalaram,as paredes eram cor creme,havia uma cómoda,um roupeiro e um baú aos pés da cama, era tudo de madeira branca ,estava com um aspecto acolhedor,não parecia o quarto que tinha sido meu há cinco anos antes de me casar,eles tinham remodelado tudo e guardaram tudo no sótão da casa,e este quarto tinha ficado para hóspedes ,enquanto fechava os olhos que me ardiam de tanto chorar e porque a minha mãe tinha entrado ali de rompante e enquanto abria a única janela que o meu quarto tinha deixando a luz me ferir a vista quando dicidi abri-los,chamava alto o meu nome.

Pensei que estava a sonhar,mas lá acordei contrafeita,ela vinha-me dizer mais uma vez que a vida continua,mas não acredito,perdi tudo há três semanas,num acidente de carro que me levou o meu marido Roberto e o meu filhinho,Mateus de três anos.

Ainda me custava acreditar que aquilo me tinha acontecido a mim,erámos todos tão felizes na nossa pequena casinha em Vila Flor uma pequena freguesia em Bragança,a casa tinha um jardim de sonho que eu própria o construí com o meu filho que adorava me ajudar.

Custáva acreditar que há três semanas víviamos ali todos juntos plenos da nossa vida simples e agradavelmente rotineira.

Consigo sentir um enorme buraco que me fere o peito noite e dia,não me deixando em paz por um segundo,não tinha melhorado nada com o passar dos dias,parecia pior a dor da saudade de algo que sei nunca mais voltar a ver.

        -Devem estar quase a chegar…-murmurei para mim mesma enquanto limpava as mãos sujas da terra do meu jardim onde eu tinha estado toda a tarde a plantar tulipas no fato macaco que usava para tratar do jardim.

Entrei para dentro de casa com o cuidado de não deixar o chão sujo.

Entrei na casa de banho espaçosa que tinha,pus a água do chuveiro a correr,despi-me,e entrei para o duche,lavei o cabelo com o meu champô favorito com um embriagadeiro cheiro a morango,que Roberto adorava também que eu o usasse.

Quando acabei,fechei a a torneira do chuveiro e puxei uma toalha enxaguei o mais que pude o meu cabelo liso que tinha uma cor escura quase preto e que me chegava quase aos ombros, enrolei-a á volta da minha cabeça,enquanto puxava de outra toalha para secar o corpo,a qual em que enrolei á volta do meu corpo.

Passei com a mão direita no espelho embaciado pelo vapor da água do banho que estava acima do lavatório,esfreguei até conseguir ver a minha cara.As faces estavam coradas pelo calor que fazia dentro da casa de banho,tinha uma pele sempre clara que estava sempre  brilhante como se estivesse sempre com creme facial posto,coisa que era rara acontecer,tinha os olhos verdes claros muito iluminados,que me faziam parecer uma criança que recebeu um presente,tinha feito vinte e quatro anos no passado mês de Fevereiro,mas ainda conserváva a beleza dos dezoito.Concluída a análise sorri satisfeita para mim mesma.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora