Tampo meu ouvido como minha mãe, Ivanna, mandou eu fazer. As pessoas não estão só gritando, mas chorando e sofrendo.
Aqui de baixo é úmido, frio, escuro e eu não como já tem 4 dias. Papai saiu faz dois dias para buscar comida. Temo que ele não volte mais.
Mais uma bomba cai, e meu ouvido doí. Tem umas 12 pessoas aqui nesse porão e todas desesperadas. Eu não estou desesperada, nem chorando, eu só estou com muito medo, mas guardo esse medo dentro de mim, para que possa dar força a minha mãe.
- Por que eles estão fazendo isso?! – Eu pergunto sussurrando para minha mãe.
- Eu não sei. – Ela fala. Minha mãe não para de chorar.
Eu seguro Helina, minha irmã, mais forte quando outra bomba cai. Helina não para de chorar, tem 2 anos e quando ela nasceu as coisas aqui na Rússia não eram assim. Parecia tudo normal, mas todos já nasciam com esse medo dos Estados Unidos atacarem-nos.
Suspiro aliviada quando vejo meu irmão entrar no porão. Mas também meu olho enche d’agua quando vejo que o papai não está com ele.
Egor junto com Zory andam em direção a nós.
Abraço Egor quando ele chega até nós. Egor é meu irmão gêmeo, e sim, nós somos muito parecidos. Cabelos castanho claro cacheado, olho azul e lábios bem vermelhos.
Abraço também Zory. Zory é meu melhor amigo e do meu irmão e também tem a nossa idade, 15 anos.
- Egor, cadê o seu pai?! – Minha mãe faz a pergunta que eu não tive coragem de fazer com seus olhos já cheios d’agua.
- Mãe – Meu irmão fala e abraça minha mãe.
- Papai. – Helina fala.
- O papai não vai mais voltar. – Meu irmão fala e eu paraliso. Minha mãe começa a chorar mas eu fico paralisada, sem saber o que fazer.
Zory me abraça e eu o abraço também, eu não sei o que fazer, eu quero o meu pai, ele não pode ter morrido.
- Mischa, tudo vai ficar bem. – Zory fala e me dá um beijo na bochecha. A coragem e força de Zory me surpreendem. Os pais dele deixaram ele aqui e foram para Inglaterra quando começou os boatos de uma possível guerra. Ele ficou com a avó, mas ela morreu de ataque cárdia quando isso tudo começou. Eu admiro muito ele e o amo muito.
Uma bomba caí e parece que cada vez está ficando mais perto.
- Nós precisamos sair daqui. – Minha mãe fala.
- Mãe, você precisa dormir, tem mais de duas semanas que não dorme direito. Amanhã de manhã sairmos. – Eu falo preocupada com a saúde da minha mãe. Ela concorda e deita em um dos colchonetes sujos espalhados pelo porão. Não tinham muitos, então muitas vezes tínhamos que dormir no chão.
Sorrio para Helina. Nós duas tínhamos uma ligação muito forte. Logo depois que ela nasceu a saúde da minha mãe ficou ruim e quando começou a guerra piorou, então eu que cuido, praticamente, desde quando ela nasceu. Eu acho que ela se sente protegida comigo. Eu nunca vou deixar nada acontecer com ela.
- Deixa que eu durmo com ela hoje. – Egor fala e eu dou Helina para ele. Minha mãe já está dormindo e eu estou morrendo de sono. Egor vai para seu colchonete com Helina e Zory está deitado no outro.
- Deita comigo. – Zory fala e eu balanço minha cabeça positivamente.
Deito no colchonete com ele e encosto minha cabeça em seu peito, ele me abraça.
- Você é muito forte. – Eu sussurro, já que a maioria já estava dormindo.
- Todos nós somos. – Ele fala e eu sorrio fracamente. – Tudo vai ficar bem Mischa, e se não ficar, pelo menos nós temos um ao outro. – Ele fala e eu fico feliz por ele me considerar uma pessoa importante.
- Eu nunca vou te deixar, ok? – Eu falo me referindo aos seus pais.
- Ok! – Ele fala.