CAPÍTULO IV Os feiticeiros

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Minhas investigações sobre a vida de Leona não me trouxeram bons resultados no início, tudo indicava que ela e sua família não passavam de uma típica família como tantas outras que compunham a cidade. A decepção foi perceptiva em meus olhos, a frustração tomou conta do meu interior, não conseguia aceitar que Leona fosse comum, algo dentro de mim dizia que estava certo, mas não tinha provas concisas para provar as minhas teorias. Em um dia como todos os outros no colégio, notei quando Leona se encaminhou para a estufa de flores que era utilizada para as aulas de botânica, como Amanda não estava falando comigo, resolvi segui-la, Leona entrou na estufa amarrou os cabelos, se ajoelhou, juntando os braços nos joelhos e iniciou uma meditação, durante um tempo tudo demonstrava ser normal, mas um vento invadiu a estufa e Leona começou a levitar no ar, todas as mudas de plantas que estavam sendo cultivadas brotaram e floriram com uma rapidez fora do normal. Naquele momento fiquei em choque diante da cena que se passava, não sabia ao certo o que todo aquele acontecimento significava, mais a única certeza que tinha era que tudo seria esclarecido de imediato. Não consegui me conter, em um impulso adentrei a estufa e fui em direção à suposta bruxa, o vento que Leona comandava era denso e muito feroz, sua magia me assustava. Em minha mente muitas interrogações se formavam nada iria me impedir de saber quem era aquela garota.

── O que está acontecendo aqui? Você é uma bruxa? Leona se assustou com a minha presença, agiu feito um raio ela voltou-se para o chão, seus olhos transmitia um espanto indecifrável.

── Bennie, o que faz aqui? Você estava me seguindo? Interroga Leona espantada.

── Quem faz as perguntas aqui sou eu, me responda, você é uma bruxa? Naquele momento mil situações passavam pela minha cabeça.

── Você não devia está neste lugar, aqui é meu santuário, não invada a minha privacidade. O que eu sou ou deixo de ser não é da sua conta! Você não tem o direito de me questionar! Leona disse essas palavras com a fúria em seus olhos.

── Não estou preocupado com que você pensa, Leona pare de rodeios e me diga logo, o que é você? Bennie estava furioso com a atitude da estranha garota.

── Quer mesmo saber, garoto petulante? Não tive a mesma sorte que você de nascer em uma família de bruxos e, respondendo sua pergunta, não sou uma bruxa. Eu sou uma feiticeira!

── Feiticeira? O que seria uma feiticeira? Leona sempre foi considerada uma garota estranha no colégio, vovó tinha me falado sobre os bruxos, os vampiros e os lobisomens, mas sobre feiticeiros ela nunca me contou.

── A bruxa Sheila nunca falou sobre nós? Perguntou Leona ironicamente.

Bennie ficou sem reação, seus pensamentos criavam conflitos entre si, e neste momento teve a certeza que sua avó ainda guardava muitos segredos, fatos e acontecimentos. Cada vez mais Sheila Kingson tornava-se uma bruxa misteriosa, sendo uma ânsia do clã do fogo se dava o direito de manter segredos do herdeiro do fogo. Bennie não conseguiu entender o porquê de tanto mistério, o que de tão terrível estava por vir? ── vejo que você conhece muito bem minha avó? Quero saber de tudo? Interroga Bennie com uma postura autoritária.

── Vou esclarecer suas incógnitas menino bruxo. Em 1482 uma jovem donzela se apaixonou perdidamente por um jovem camponês, seu nome era Anthony Hill, ambos de família humilde que tiravam da terra seu sustento, a família do jovem adquiriram um status melhor que a família de Linda, a colheita dos Hill eram as melhores do vilarejo, só que eles guardavam um segredo, não eram humanos como todos imaginavam, na verdade eram um pequeno clã de Bruxos Ceutas que pertenciam à linhagem da terra, ── percebe-se agora, porque a colheita deles eram as mais produtivas ──. O amor dos jovens crescia dia-a-dia, realmente era um sentimento avassalador, ninguém conseguia os separarem. Mesmo contrariando a vontade de seus pais, Anthony decidiu se casar com Linda, durante alguns anos eles viveram um belíssimo amor, certo dia a natureza resolveu presenteá-los com um filho, a notícia trouxe felicidade para todos, além de unir as famílias outra vez. Com o passar do tempo à gestação chegou ao fim e, Linda começa a sentir as primeiras contrações, a criança veio ao mundo cheia de vida, saúde e muita beleza, seu nascimento custou à vida de sua mãe que infelizmente não resistiu ao parto. Eis aqui uma contradição, a felicidade e a tristeza andavam de mãos dadas neste momento, Anthony por muito tempo culpou a filha pela sua infelicidade, pois ele não conseguia ver que a pobre criança era o resultado de um grande amor. O tempo passou e aos poucos a família Hill começou a observar que Keara tinha uma habilidade, dom, diferente dos bruxos e dos humanos, ela conseguia controlar e ampliar a magia de outros bruxos, ela não sabia criar a mágica, mas controlava com muita perfeição. Curiosos com aquele fenômeno buscaram respostas nos livros mais antigos dos Ceutas e descobriram que a mistura entre os sangues bruxo e humano fez nascer uma nova espécie de seres sobrenaturais, que foram chamados pelos bruxos de Feiticeiros.

O DESPERTAR DO FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora