< Prólogo >

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» Olivia

14h. Eu já estava atrasada há meia hora. A vida é completamente difícil quando você tem que se dividir entre trabalho e estudo, ainda mais quando você tem emprego. Mas tudo poderia ser diferente se meus pais me apoiassem, mas não, eles não apoiaram, pelo contrário, até me cortaram tudo, até laços afetivos. Sou formada em artes, e ultimamente tenho feito curso de literatura para aprimorar meu conhecimento. Apesar de amar meu curso, algumas responsabilidades me deixam louca.
- Está atrasada! - disse o rabugento do meu chefe, o Senhor Louis, quando eu adentrava na biblioteca.
- Eu sei, eu sei. Desculpe, minha aula se alongou um pouco mais que o esperado. - digo indo em direção ao banheiro para me trocar.

Trabalho em uma biblioteca de Londres, não é tão grande, mas é ótima. Comecei aqui desde que cheguei na cidade, com uma mão na frente e outra atrás, por assim dizer. Vim para cá para me especializar em literatura, como disse, mas acabei me apaixonando e resolvi ficar. Essa foi uma das coisas que eu mais conto a mim mesma, mas também o fato de que eu ficaria longe da minha família tóxica ajudou muito.

- Olá, boa tarde. Em que posso ajudá-lo? - pergunto a um cliente que acabara de adentrar a biblioteca.

O tempo passa e cliente vai, cliente vai o turno vai acabando junto ao dia. O movimento da biblioteca é bem moderado, o que me deixa feliz em saber que pessoas ainda se interessam por livros físicos. Eu já estava me organizando para fechar o local quando ouço passos logo seguidos de uma voz grossa me chamar.

- Olá, boa noite. Poderia me ajudar? - o dono da voz diz.

Me viro para encará-lo e fico encantada ao ver o homem alto, de olhos e cabelos claros me encarando.

- Sim, pois não? - digo.

- É... eu gostaria de saber se vocês possuem exemplar de Dom Casmurro, livro da literatura brasileira. Machado de Assis, o autor. - sorrio ao saber o livro o qual ele se interessava, como uma boa brasileira e amante de clássicos, sempre fico encantada ao ver o interesse de outros por livros da minha cultura.

- Sim, nós temos. - digo ainda sorrindo - se não for incomodo, por que o interesse pela literatura brasileira? - o encaro fazendo menção a ir junto comigo em busca do clássico.

- Sou professor de literatura, e ultimamente tenho dado uma certa atenção a Machado de Assis, admiro a forma que ele expressa sua crítica diante de todo o cenário por ele presenciado. A questão de sua cor, origem, etc. - ele diz enquanto nós nos encaminhavamos ao setor onde encontraríamos o livro. - Você conhece da literatura? - ele me questiona.

- Como não? Sou brasileira e vim para cá fazer justamente um curso de literatura. - digo andando e dando um leve giro para encará-lo.

- Por isso o sotaque. Curso? Onde você faz? - ele me olha e sorri.

- Por isso o sotaque. - confirmo. - Na London Literature. É como uma graduação esse curso, assim digamos. - digo pegando o livro e o entregando. - sempre gostei de literatura, apesar de ser formada em artes. - completo indo em direção ao caixa para concluir o aluguel. Finalizei o processo e me virei para ele.

- Perdão, não perguntei seu nome... - ele disse envergonhado.

- Olivia. E você é?

- Tom. - ele disse sorrindo.

- Tudo bem, Tom. Precisa de mais alguma coisa?

- Se incomoda se eu ficar um pouco? - pensei em falar que já estava fechando, mas que mal faria ficar mais um pouco? - penso.

- Não, nenhum problema. Precisando de algo é só me chamar. - digo simpática.

- Obrigado, Olivia. - ele diz se dirigindo a uma das mesas.

Enquanto ele anda não posso deixar de analisá-lo. Realmente, um belo homem. Bem aparentado, elegante, muito educado e de gosto maravilhoso. Machado de Assis? Sério! Um homem desses não se vê todo dia. Encantada me encontro.

» Tom

Parece egoísmo de minha parte, mas só pedi para ficar na biblioteca mais um tempo para poder estudar e admirar de longe a beleza de Olivia. Que mulher. Ainda gostava de literatura e artes. Vejo-a guardar alguns livros nas prateleiras. O pouco que conversamos me deu vontade de conhecê-la mais, descobrir seus gostos, seu modo de pensar, pedir ajuda em alguns pontos sobre sua vasta cultura literaria... Uma mulher de se admirar. Me pego sorrindo a encarando e volto ao livro. Esse autor é simplesmente magnífico. Começo a leitura e logo após um tempo me perco em pensamentos. É melhor eu ir.

- Olivia? - a chamo.

- Pois não?

- Já estou de saída. Obrigado pela ajuda mais uma vez.

- Eu te acompanho. Já vou fechar aqui também. - ela diz se retirando do balcão.

Depois de apagar as luzes e fechar a loja eu puxo um papo com ela.

- Você está de carro? Posso te dar uma carona caso não. - me ofereço.

- Ah, não precisa se incomodar. Eu moro há duas quadras daqui, vou andando, mas obrigada.

- Não é nenhum incômodo desfrutar de sua companhia, mesmo que por pouco tempo. - vejo que ela fica corada e dou um sorriso.

- Se você insiste... - ela diz.

Fomos o curto trajeto falando coisas rotineiras, até que infelizmente chegamos ao prédio dela.

- Obrigada pela carona, Tom. Você é muito gentil. Nos vemos por aí - ela diz tirando o sinto.

- Espero ter essa sorte. - sorrio e me despeço.

Eu realmente havia ficado encantando com Olivia. Como pode? Eu conheço essa mulher há algumas horas e me encontro nesse estado. Vou pra casa que amanhã é mais um dia.

Me deito e vejo meus pensamentos caírem sobre ela assim que inicio a leitura do livro alugado a tarde. Ah, Machado de Assis. Eu te devo uma.

Olá, espero que tenham gostado desse comecinho. 💞
Curtidas e comentários são bem vindos.

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