Can despertou sentindo-se revigorado e estranhamente feliz. Abriu os olhos e deu de cara com um par de olhos castanhos fixos nele e um sorriso preguiçoso que o fez instantaneamente sorrir também. Ele julgava impossível que alguém no mundo inteiro acordasse tão linda como Demet. A carinha manhosa e preguiçosa dela esbanjava uma luz capaz de iluminar o cômodo inteiro.- Günaydın - ela disse alargando seu sorriso o deixando totalmente impotente diante dela.
- Günaydın bebek – respondeu inclinando o rosto para que seus narizes se tocassem e lentamente depositou um beijo calmo em seus lábios dando vários selinhos na sequência - Dormiu bem? – ela balançou a cabeça em afirmação se aconchegando a ele.
Ficaram ali alguns minutos, na cama, entrelaçados um no outro, trocando carinhos, sorrindo bobamente como dois recém apaixonados.
Quem diria que um relacionamento de meses estaria repleto de vestígios do início. Quando começaram era tudo tão novo, parecia paixão de adolescente com uma maturidade de quem já está junto há anos. Era diferente de tudo que viveram e de todos os amores que tiveram. Tudo tinha gostinho de primeira vez, de primeiro amor de verdade. Havia muito sentimento ali, e isso era claro e perceptível pra todos a sua volta. Ele ainda acordava desacreditado quando a via ali ao seu lado. A sensação de tê-la tão perto e tão sua fazia com que um sorriso genuíno brilhasse em seus lábios.- No que você está pensando? - ela disse passando a mão em seus cabelos bagunçados o tirando de seus pensamentos.
- Em você, em mim, em nós.. - declarou colocando uma mecha do cabelo dela para traz da orelha.
- Hummmm.. pensando o que exatamente?
- Exatamente em você - ele jogou o cabelo de lado, e se virou encarando seus olhos e colocando a mão em seu rosto movendo vagarosamente o polegar - Em como a sua presença aqui me faz inteiramente feliz, em como esse seu sorriso preenche cada canto desse quarto e do meu coração, em como eu amo seu cheiro... por Alah, eu realmente amo seu cheiro - disse enterrando a cabeça em seu pescoço inspirando mais um pouco do aroma maravilhoso que ela exalava, deixando um caminho de beijos em toda extensão da sua nuca que fez com que ela se arrepiasse completamente.
- Yaa Can - sua voz saiu pouco mais alta que um sussurro e ele não pôde evitar de rir em seu pescoço enviando uma rajada de eletricidade por todo seu corpo que a fez aperta-lo com força - Eu queria ficar aqui pra sempre – declarou e ele se ajeitou para observá-la.
- Pra sempre? - indagou com um sorrisinho brotando nos lábios.
- Evet! – ela sorriu dando de ombros - Sem fotógrafos, sem jornalistas, sem cobranças... Você e eu, e só - disse por fim e ele ergueu os olhos para o seu rosto entendendo exatamente o que ela queria dizer.
Desde o início do relacionamento eles haviam concordado com o tipo de relação que queriam ter. Não seria algo secreto, mas restrito e privado. Não era da vontade dos dois que cada demonstração de afeto deles fosse noticiada, tampouco estampar a capa dos tablóides sempre que optassem por fazer programas em públicos. O jornalismo turco as vezes conseguia ser bastante maldoso em suas publicações o que acabava por minar muitas relações e expor para o público artificialidades sem nenhum fundo de verdade. E ainda existia o fato de que logo que começaram a namorar, Demet à poucos meses havia terminado um relacionamento que fora bastante comentado e exposto na mídia, mais pelo seu ex-namorado do que por ela, e esse fator não tinha feito bem nem pra relação, nem pra ela. Sendo assim, optaram por manter a relação longe dos olhares perversos da mídia, o que atualmente tinha se tornado muito difícil. Com um tempo era de se esperar que a constante aproximação fora dos sets de gravação fosse alvo de especulações, eles só não esperavam que fosse tão rápido. O desejo de estar sempre perto, o afeto mútuo, os olhares, as falas repletas de carinho estavam os entregando a cada dia. Os jornalistas ficavam constantemente atrás de vestígios, de fotos, de indícios de que eles estavam juntos. E isso estava deixando-os exaustos.
- Eu entendo o que você quer dizer – Can disse acariciando a bochecha dela e dando um beijo rápido e terno em seus lábios – Eu também queria – afirmou quando seus lábios se separaram.
- Ficar aqui pra sempre?
- Evet! – confirmou balançando a cabeça.
- É possível?? – ela perguntou abrindo um sorrisinho.
- Deveria ser – sorriu reflexivo – Mas infelizmente temos que levantar, a vida real nos chama – concluiu cutucando-a enquanto ela fazia beicinho.
- Offf, vida árdua – reclamou fazendo beicinho.
- Árdua, meu amor?? – ele riu - É possível?? Você ama seu trabalho!
- Hummm sim, é verdade – ela levantou a cabeça concordando – Mas... – passou a mão pelos seus cabelos - Talvez eu ame mais você – afirmou o encarando com um sorriso travesso nos lábios o fazendo sorrir também.
- Talvez? – ele perguntou sorrindo e arqueando as sobrancelhas.
- Talvez!
- Só talvez? – indagou enquanto puxava ela pela cintura para mais perto colando seus corpos e sentindo a respiração quente dela em seu rosto.
- Unrum – ela confirmou rindo e roçando o nariz no dele que riu.
- Hummm.. sendo assim – disse se inclinando para ela deixando um beijinho na curva do seu pescoço – Eu acho que precisamos reverter esse talvez – sussurrou em seu ouvido dando uma mordiscada de leve na ponta fazendo-a se arrepiar.
- Evet! – concluiu já sem fôlego – Eu também acho.
Passaram mais alguns minutos na cama, numa troca matinal intensa, e depois acabaram por levantar para se arrumarem para o café da manhã.