(Completo )Ate o ULTIMO suspiro

Ana SOphia luto

Nao sei quanto tempo eu fiquei parada olhando para seu corpo sem vida, sem ter qualquer reação.
Sua mao ainda estava quente e uma lágrima escorreu de seus olhos em meio a um semblante feliz.
Eu nao compreendo onde nossa historia tomou uma curva errada.
Era para casarmos e termos filhos no plural e so perdermos um ao outro quando a idade ultrapassasse os limites dos 200 anos.
Mesmo com dor nos pontos eu me levanto num rompante tentando em uma tentativa falha traze- ló de volta a vida.
-----Volta Jhon pelo amor de Deus, Jhon volta!
Eu tentava fazer respiração boca a boca e socava seu peito pra fazer seu Coraçao funcionar de novo e so percebi que gritava quando enfermeiros e médicos entraram no quarto seguido por Paul e meu pai que me lutara. Para me tirar de la a força.
Eu nao queria.
Jhon é minha Vida. Ele sempre me salvava de mim mesmo.
Como vou enfrentar o medo dos trovões sem ele?
Como vou dormir sozinha sem que pareça que esta acontecendo um filme de terror ?
Jhon como irei viver sem contemplar seu sorriso sempre tao sábio?
Nao posso perdê-lo assim do nada.
Esmurro o peito do meu pai  que tenta me tirar com sacrifício enquanto as nossas lágrimas se misturam.
Eu nao quero acreditar .
Yuri acabou de nascer.
O que vou dizer a ele quando perguntar pelo papai?
-----Jhon eu te odeio por ter escolhido isso...  Como pode me abandonar assim?
Na porta do quarto minha mae me espera de braços abertos e me jogo pra ela.
------Filha isso nao vai fazer bem a. Voce.
Eu queria a dor física , porque apenas a dor sendo forte o suficiente pode ofuscar um pouco a forma brusca que meu Coraçao foi retirado do meu corpo.
Saio do abraço de minha mae e vou ate a banheira/ berço de Yuri desmaiando em seguida.

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Acordo com uma dor insuportável no corte da minha cesariana.
-----Nao sei o que doi mais mãe.
-----Seus pontos abriram e foi preciso refazer. Foi um choque muito grande tudo acontecendo assim,  mas acho que vai gostar de saber que Yuri é um pequeno bezerro.
Uma sombra de um sorriso invade meu rosto, mesclado por toda a dor que sinto.
-----Por que tudo isso mãe?  Jhon tinha um futuro incrível pela frente.
-----Olha Ana eu entendo sua dor de verdade. Eu era jovem quando eu vi a vida de meu pai sendo tirada covardemente.* Eu questionei por muitos anos a Deus o porquê de um pai de familia humilde com uma esposa apaixonada e tres filhos teve que ter um fim tao trágico. Eu me perguntava por que eu tive que assistir e eu senti uma raiva tao grande por tanto tempo que eu deixei de viver. Hoje eu sei que papai nao iria querer isso, assim como Jhon vai querer que reaprenda a andar. Nao precisa ser hoje Ana, nem amanhã. Eu estarei do seu lado todos os dias.
Em alguns minutos o quarto estava cheio de pessoas tentando me consolar e dizendo que sentia muito e também para visitarem Yuri.
-----Mae chama a Dani pra mim.
Mamãe me da um beijo na testa e sai.
Assim que Dani entra todos os presentes saem do quarto e seu rosto esta manchado de dor assim como o meu.
A mae de Jhon sempre uma mulher pomposa e cheia de si, esta com fios brancos aparentes, postura totalmente curvada e enormes rugas jamais vistas, travando atenção com seus olhos vermelhos.
-----Eu sinto tanto tanto.
É a primeira coisa que ela diz antes de me abraçar.
Nao sei se ela sente tanto pelo filho que deixou a esposa.
Nao sei se ela sente tanto pelo pai que deixou um bebe recém nascido ou se ela sente tanto pelo filho dela que se foi.
Eu tenho certeza que se tivéssemos descobrido um pouco antes NAO seria um fim tao trágico.
Jhon havia optado por doação de órgãos e juro que nao sei se ainda ha algo que eles pudessem salvar dele.... Se for os olhos ou o Coraçao eu ja poderia viver em paz com seu desejo realizado.
-----Eu também sinto Dani e pode contar comigo para o que precisar.
-----Obrigada Ana... Principalmente por ter me dado a oportunidade de ter um pedacinho de Jhon vivo.
Ficamos um tempo abraçadas e chorando.
Jhon vai fazer imensa falta.

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Eu queria chuva.
Muita chuva para encerrar a cerimónia de despedida de Jhon, mas o que temos e um sol com brisa fresca.
Eu sinto uma revolta tao grande rasgando o meu peito e ja perdi a conta da quantidade porques eu fui capaz de inumerar.
Abraçada aos meus pais eu fiz a caminhada mais difícil da minha vida.
O cheiro de flores no cemitério misturado a um cheiro irreconhecível tirava o restinho de sanidade que havia em mim.
Aos poucos depositaram flores em cima do túmulo que havia sido fechado e eu ja nao aguentava mais a angustia.
Solto- me dos meus pais arrancando a coroa de flores e todas as outras soltas que enfeitavam um túmulo.
------Por que enfeitar algo que tras dor ? Sera que algum de voces deram a Jhon flores em vida.___
Toda a multidão estava calada e posso apostar que 95 por cento dos presentes eu NAO sabia quem era .------Jhon era um homem incrível, amigo,  solicito,  possuía uma empatia incrível e nao desistia diante a maioria dos seus desafios. Mesmo sem ser de sua vontade ele lutou um pouco mais pela vida. Entao nao deem a ele flores agora que JA nao pode mais agradecer.
Em ato de insanidade eu me jogo ao chão tentando tirar a massa de concreto que os pobres trabalhadores colocaram para fechar o túmulo.
-----Nao e seu tempo ainda Jhon,  volta pra mim meu amor.
Meu pai e meu tio Pedro unem forças para me tirar dali e eu Arranhó os dois tentando lutar.
Aos poucos as pessoas vao se dissipando para suas casas e eu fico me encarando como vou fazer para ir para casa daqui pra frente.

Mais adiante eu vejo Paul com as mãos nos bolsos e os olhos vermelhos.
-----Por que deixou isso acontecer?  Voce tinha que ter nos contado.
Esmurro o peito de Paul que entende minha fúria,  porque posso dizer com propriedade que nele deve estar doendo também.
------Eu ja me perguntei isso inúmeras vezes Ana Sophia. E eu nao posso fazer nada quando e decisão do paciente. Eu sinto muito porque além de ver uma familia perdendo as forças eu perdi um amigo.
Paul me puxa para um abraço e minhas lágrimas voltam a cair impiedosamente pelo meu rosto.
-----Conte comigo para o que precisar.
Paul me entrega uma carta e se vai.

* Livro de Melanie e Rodrigo, Minha tortura, meu vicio, meu antidoto