Sempre que uma palavra é dita carregada de sentimento uma ordem ao universo é enviada. Dependendo do poder desse sentimento ou da repetitividade do mesmo ações ligadas a esse termo começam a acontecer na vida daqueles que o proferem. No Brasil um ser maligno criou vida a partir de um determinado nome. Sempre que alguem dizia esse nome era carregado de sentimentos ruins e de mau agouro. Foram tantos que esse ser criou vida e hoje sempre vai atrás de quem pronúncia seu nome. Sua presença atrai infortúnio, tragédias e infelicidade. Sua aparência é sempre relatada como uma velha de cabelos desgrenhados e com roupas rasgadas e velhas.
Eles era um casal feliz apenas dois anos de casados ele um moço cristão e ela uma pagã. Tinham um acordo de um relacionamento laico em que religião não influenciaria no relacionamento deles. Na pratica isso não era muito real visto que a intolerância religiosa por conta do marido era uma constante naquele lar. Ela pelo contrário mesmo não sendo cristã aprendeu a respeitar as escolhas das pessoas. Descendente direta de negros e indígenas uma moca de pele cor de cacau e longas madeixas encaracoladas da cor do luar e um olhar hipnotizante de feiticeira.
Por mais que tentavam evitar sempre que surgia um assunto que continha teor religioso havia discussão era "demônio" pra lá "Satanás" pra cá e sempre havia um silêncio dela para findar a tensão. Porém algo que ele repetia com frequência faIa ela ficar nervosa . O nome "DESGRAÇA" era uma constante na fala dele, toda tensão dele era descontado ao proferir esse nome. Ela por sua vez aprendeu desde criança com sua "vó" índia que esse nome chamava a "pelada" . Nome esse que não passava nem nos pensamentos mais trevosos dela, e olha que ela era ligada nas artes ocultas inclusive nas artes das trevas. Sempre dizia que para combater o mal você precisa aprender como o mal age e pensa.
Estavam um dia em casa num clima ameno, ela tomando seu merecido e longo banho e ele na cama lendo artigos de futebol no jornal quando é sentido no quarto um frio incomum e instantâneo como se tivesse trazido o inverno para o verão e seguido por um grito. Assustada com o escândalo ela sai nua e molhada para o quarto a fim de descobrir o motivo e encontra seu esposo pálido e em choque. Depois de varios safanões ele volta a si e aos prantos explica que um demônio invadiu o quarto e foi para cima dele. Nas palavras dele um maldito demônio desses livros que ela lê veio ate a casa deles para atormentar. Preferindo evitar uma discussão naquele momentos ja tenso te ela com toda a calma tenta fazer ele falar como era a forma do ser. Gaguejando ele explica que era uma velha faltando dentes toda esfarrapada com as unhas grandes e ficava repetindo que ele havia chamado ela e por isso que ela veio e que iria morar com ele, desaparecendo assim que a esposa entrou no quarto.
Furiosa a esposa esbraveja dizendo que isso não é um demônio e sim a bendita "graça" que não sai da boca dele. E avisou que se ele nao vigiar as palavras ela vai ter poder real para viver com ele e assim trazendo tudo o que o nome dela representa. Ele desacreditou das palavras da esposa e foi dormir.
Três meses se passaram era sábado e eles iriam receber visitas. Uma família de amigos deles e da mesma religião do esposo. Conversa vai conversa vem almoçaram e ficaram batendo papo na sala. Rapidamente anoiteceu e a esposa foi ao supermercado comprar ingredientes para fazer um bolo. Aproveitando sua ausência ele relata o ocorrido aos amigos de forma um pouco diferente da realidade acrescentando uma certa culpa da crença da esposa e ainda debochou do que ela disse falando que aquilo era a DESGRAÇA e que se fosse assim assim já era para ela ter aparecido de novo pois ele sempre falou esse nome e nada aconteceu fazendo os amigos rirem. Riso esse que desapareceu junto com o clima quente que estava no ambiente, sendo tomado por um frio insuportável. O desespero ficou estampado na cara do marido que sabia exatamente o que era. As luzes da casa começaram a piscar e o nome do marido conseguia ser ouvido. Uma voz feminina e estridente o chamava dizendo que veio para ficar. Todos ali começaram a orar e repreender, seguidos por gargalhadas de deboche da voz. Tudo ficou escuro e era possível ver na escuridão dois olhos . As orações se intensificaram só que era inúteis perante aquilo. Em pensamento a fé deles era questionada. Como depois de tanta oração aquele "demônio" não foi expulso. De repente o marido entra em desespero, uma mão pode ser sentida segurando seu calcanhar ele sentia com detalhes a textura, era uma mão áspera cheia de calos e unhas grandes . O desepero deles ficou maiôs quando a luz voltou e pudera. Ver agora nitidamente o ser que estava na presença deles. Uma velha muito idosa com aparecia esquelética e roupas sujas e rasgadas segurando o calcanhar do marido. Repetia o nome dele varias vezes dizendo que ele a chamou agora ela veio ficar com ele.
Aquele sorriso maligno se tornou serio e assustado, quando a as palavras " Não mesmo" ecoaram pela sala na voz da esposa. Ela chegara do supermercado e sem nenhuma surpresa disse ao marido que tinha alertado.
A criatura sentindo um medo ainda desconhecido seguiu destino a janela se esgueirando como um aracnídeo porem uma parede invisível a impediu de sair. Desesperada ela aos berros ordenava a esposa que a liberte. A esposa em tom de deboche disse que ela foi ingênua ao invadir a casa dela. A criatura aos gritos de "feiticeira maldita e raça ruim" ordenava em vão que a libertasse.
Todos estavam em choque e sem fala observando a situação.
Ao aproximar da criatura a esposa disse que ela podia assustar e assombrar a todos mas não ela. Ela sabia o que a criatura era e o porquê orações não a baniam. Não é um demônio, não é uma assombração. Não é uma vida ou semi vida natural e sim algo artificial. Uma TULPA.
A esposa então olhou para aquele ser e dizendo uma serie dr palavras impronunciáveis fez o ser se desintegrar no ar. O clima da casa voltou ao normal. E mais uma vez ela alertou o marido e os demais na sala dizendo que ela nao destruiu a criatura apenas aquela manifestação que estava na casa deles. É impossível matar aquilo, esse ser é um conglomerado de energia ruim, é o que tem de pior na mente humana e vai voltar ass que for chamada. E pode haver um momento em que ela não estará presente para ajudar e seguiu para a cozinha para fazer seu bolo tranquila. Tal assunto não foi tocado depois mesmo sendo visível o desconforto das visitas que logo arrumaram um pretexto para ir embora.