Mona

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600 anos antes.

A guerra entre os povos assombrava o vilarejo de Nova Colina, os bárbaros atacavam sem descanso, matavam e raptavam seus moradores a qualquer horário do dia. 

Não haviam horários seguros, não havia segurança em casa ou na rua, estavam dominados. 

Mas uma mulher, uma bruxa, teve uma grande ideia. Era Beltane quem chegava, era hora de celebrar um casamento. Propôs ao líder dos bárbaros um casamento, mas não um simples casamento, um drama seria feito primeiro, como seu povo já fazia antes do tempo de guerra. Um guerreiro bárbaro se casaria com uma bruxa do vilarejo, e assim teriam paz até o momento em que a próxima geração se casaria. 

Treze mulheres foram escolhidas para serem selecionadas para o casamento, teriam as treze que demonstrar suas habilidades ao herdeiro do povo bárbaro e, por fim, este deveria encontrar na floresta um animal escolhido pela mulher que escolhesse. Ele, porém, não podia saber qual era o animal de qual moça, deveria ser algo intuitivo, que realmente os ligasse, ele se casaria com a dona do animal escolhido. 

E as doze que não fossem escolhidas tinham a vida livre, fosse para se casar com outro homem ou para se dedicar ao sacerdócio da Deusa, ou mesmo para viver sua vida como desejasse. 

Com o passar dos tempos, algumas regras a mais foram acrescentadas. Quando nascia um filho bárbaro, as próximas treze mulheres nascidas naquele ano deveriam ser selecionadas para o rito, cresciam sabendo de seus deveres e, que talvez, se casassem com um monstro sem coração pelo bem de seu vilarejo. Assim que eles chegassem a idade de vinte e um anos, o rito aconteceria no Beltane do mesmo ano. As meninas permaneciam virgens, dedicando sua vida aos serviços da Grande Mãe até que chegasse o rito, e se não fossem escolhidas, seguiriam suas vidas como desejassem. 

Depois de trezentos anos, os barbaros mudaram as regras mais uma vez, agora não apenas o herdeiro se casaria, mas sim doze homens, sobrando apenas uma menina para seguir com sua vida. 

Tal medida causou revolta as mulheres do vilarejo, mas o pouco tempo de guerra que tiveram durante a discordância foi o suficiente para que aceitassem a nova exigência. 

Os noivos não eram os melhores exemplos de homem, não eram criados na mesma crença piedosa e amável do vilarejo, muitas vezes agrediam suas esposas e as baniam do mundo exterior, retirando-as do vilarejo e nunca mais permitindo que voltassem. 

O povo era pacifico demais para pensar em formar um exército e conter esta ameaça, era mais fácil ceder as doze garotas, seria triste, mas elas conheciam seu destino, embora todas torcessem para serem a uma salva do casamento por tradição. 

Os anos se passaram, o vilarejo evoluiu um pouco, cresceu, mas esta tradição se manteve. O que antes era um poderoso povo bárbaro, se tornou uma poderosa família mafiosa, que a cada ano voltava para buscar sua nova geração de mulheres, uma vez que agora não se tinha mais apenas um herdeiro total, mas sim diversas divisões de uma grande família da mafia. Todo Beltane o mesmo rito era celebrado, as mulheres mostravam suas habilidades, os animais eram caçados e o casamento ocorria, sempre com uma salva do triste destino de entrar para a família. 

E agora, é minha vez de rezar. 


a tradiçãoWhere stories live. Discover now