Por Elisa
-Aceitas casar comigo?_Perguntou-me Lucas de joelhos_
***
A nossa família está toda reunida num jantar que Lucas fez questão de dar. Disse a todos que seria para comemorar os nossos 5 anos de namoro. O que pelos vistos foi só uma desculpa.
Eu sabia que mais tarde ou mais cedo este dia ia chegar. Mas neste momento não sei bem o que sentir... Sei que é o que todos esperam que aconteça. Os meus pais adoram-no e os dele a mim. Conhece-mo-nos desde a adolescência... Não foi o meu primeiro mas foi o único namorado sério que tive. Sei que devia estar radiante... Mas por algum motivo que desconheço, estou apática.
- Sim! _Digo sem grande emoção_
Se alguém reparou não se manifestou.
Todos nos abraçaram e desejaram felicidades. Fizemos o típico brinde aos noivos. E eu continuava com aquela sensação estranha de que algo estava errado, mesmo contra todos os factos.
***
Elisa mora com o namorado Lucas no barreiro. Tem 24 anos e é fotógrafa. Tirou o curso num bom instituto e como está de inicio aceita qualquer trabalho que apareça. Lucas é médico pediatra e tem 28 anos. É certinho, apaixonado por Elisa desde o primeiro momento que a viu. Ela estava a fotografar o mar em tróia e ele estava na praia com uns amigos a surfar. Meteu conversa com ela e pouco tempo depois já não se largavam.
Lucas sempre foi o mais apaixonado e dedicado da relação. Elisa era fria na cama e não costumava ter muitas demonstrações de afecto. Mas mesmo assim eram felizes e faziam planos de um futuro a dois. Foram viver juntos ao fim de um ano de namoro, por insistência de Lucas. O pai era abonado e ofereceu-lhe um andar no barreiro, e assim começaram a vida a dois. Agora ao fim de 5 anos e com a sua vida profissional estável. Lucas não queria perder mais tempo. Tudo o que mais sonhava era fazer de Elisa sua mulher e constituírem família.
***
O jantar finalmente acabou e depois de todos os familiares sairem eu só queria me ir deitar e dormir. Mas na hora que me estou a enfiar na cama, o Lucas chama-me da sala. Vou ter com ele e tal é o meu espanto quando vejo a sala toda iluminada com velas. Pétalas de rosas por todo o lado e uma garrafa de champanhe na mesinha de apoio, com dois copos de cristal ao lado. Lucas está só de boxers e diz-me com uma voz cheia de promessas indecentes:
- Agora começa a nossa comemoração particular. _ E pisca-me o olho_
Não estou com disposição nenhuma mas como ele teve este trabalho todo não o quero desiludir.
- Tens razão! Abre logo esse champanhe! _ Digo tentando parecer entusiasmada_
Bem que eu preciso de champanhe para ver se ganho um pouco de ânimo... São raras as vezes em que consigo ficar excitada mas hoje tinha de conseguir... Afinal era a noite do meu noivado!
A minha tentativa foi em vão, como de costume.
Eu adoro o Lucas mas não consigo. O toque dele deixa-me desconfortável. É doloroso quando me penetra porque estou seca, mais seca que o deserto. E até dos preliminares já desistimos. Eu disse-lhe que não gostava, que achava porco. Não é totalmente mentira mas também não é a mais pura verdade. O facto é que quando ele me fazia oral era desconfortável. Nunca lambia no sitio certo, babava-me a vagina em exagero, parecia que andava perdido lá embaixo e eu nunca tive coragem para lhe dizer ou quem sabe indicar o caminho. Foi mais fácil dizer simplesmente que não gostava. E quanto fazer-lhe a ele... sempre achei o pénis feio, Deus me livre por lá a boca. Acho nojento e só de pensar me dá vómitos. A nossa vida sexual é bem monótona... Mas para mim está bom... Não acho que sexo seja assim tão importante. E o Lucas respeita-me imenso!
***
Em silêncio desejo que ele se venha rapidamente para eu poder ir dormir. Sei que é mau. Sei que muitas vezes ele fica frustrado. Mas não consigo... Não sei se é culpa dele se minha... Noto a tristeza no seu olhar quando atinge o orgasmo e eu não mais uma vez. Vamos nos deitar sem trocar uma única palavra. Dá-me um beijo na testa e vira-se para o lado. Que bela comemoração.
E mais uma vez sinto que algo está muito errado. Devo estar louca. Esta é o dia com que sonhei desde pequena e a único pensamento que tenho é que já não sei se quero passar a minha vida toda do seu lado.
Devem ser nervos.
É isso... Só pode ser! Amanhã quando acordar estarei tão entusiasmada quanto ele...
Dei voltas e voltas na cama e passei a noite em claro, a olhar para o anel de noivado... É grande demais! Deve ter custado uma fortuna e afinal de contas não passa de um anel... Mas ele tinha de exagerar. É sempre tão romântico, tao meloso... Dou graças a Deus pelos plantões que faz no hospital, duvido que aguenta-se este mel todo se tivesse que estar com ele todos os dias. Logo me sinto mal pelo pensamento... Porra, o que é que se. passa comigo? Tenho um homem lindo e perfeito e mesmo assim não estou satisfeita? Só posso ter alguma coisa estragada dentro de mim! Amanhã vou surpreendê-lo com o pequeno-almoço na cama... É isso. Vou compensá-lo pelo fracasso da nossa noite!
***
Dois meses depois
Há um mês que não tenho tido nenhum trabalho. Todos os dias envio dezenas de currículos, e quando não os estou a enviar pelo PC, estou a bater perna a entregá-los pessoalmente. A cada dia que passa e não obtenho nenhuma resposta os nervos só aumentam. Detesto depender do Lucas. Sempre fui muito independente e se não encontrar algo rápido, acho que vou enlouquecer. Até em estágios que nem remunerados são, me tenho inscrito... Talvez gostassem do meu trabalho e me contratassem. O Lucas têm sido incrível, sempre a tentar animar-me e com surpresas para me abstrair disto. Mas não tem surtido grande resultado.
Acabo de clicar em enviar mais um currículo para uma agência de publicidade, quando ouço o telemóvel tocar.
Atendo e do outro lado alguém pergunta:
- É a senhorita Elisa Mendes?
- Sim, a própria. Com quem tenho o prazer de estar a falar?
- Eu chamo-me Paula e sou dos recursos humanos da agência Perfect Models. Lembra-se de nos ter enviado uma candidatura?
- Sim, Sim! É para um estágio de 6 meses não remunerado, não é?
- É sim. Mas se ainda estiver interessada, podemos marcar a entrevista para amanhã e então explico-lhe todas as condições. Pode ser?
- Claro que sim. A que horas e aonde?
- As nove da manhã aqui mesmo na agência, combinado?
- Combinado!
- Até amanhã então!
- Até!
Quando desligou nem queria acreditar. Podia não ser remunerado mas era currículo e existia sempre a hipótese de ficar depois do estágio! Estava feliz. Como não se sentia há muito tempo.
Algo lhe dizia que coisas boas viriam por ai!
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Desejo Ardente!
RomanceINTRODUÇÃO Elisa e Rafaela! O que fazer quando tudo o que tomas por certo é posto em causa? vives o momento ou continuas em frente fingindo que não sentes? E quando a luxuria é mais forte que qualquer outro sentimento? será que dá para ignorar? Apai...