VIII

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Me sentei em um banco, dessa vez admirei o mar.

As pessoas correndo de outro cara com um pano na mão, pessoas tomando banho, se brozeando (nem precisavam de Sol, bastava ficar em casa), brincando imagino que com os filhos, algumas pessoas vendendo seus produtos... um lugar sem muita formalidade, digamos assim.

Meu relógio de pulso marcava 12:00 PM, ou melhor, 12:00, meio dia... enfim, o que significava: fome.

Andei por um tempo até encontrar um restaurante que não era de luxo, mas passava uma sensação de conforto, decide entrar.

Dei uma olhada no cardápio, e pedi um "prato feito"(mais barato, acho que tá aí o preconceito) e um tal de "acarajé", já havia ouvido falar, é um prato típico da Bahia.O homem que veio me atender, perguntou se eu queria "quente" ou "frio", pedi "quente", e me arrependo disso eternamente.

Depois do "efeito" do acarajé "quente", dei uma volta pelo quarteirão, era uma tarde de sábado, e na segunda-feira, eu iria até a escola mais próxima do meu novo apartamento (sim, eu havia comprado um apartamento nesse mesmo dia, e sim caro leitor(a),eu tenho grana), levaria os documentos da minha antiga escola, e iria terminar o ano, só faltava metade pra eu terminar o ensino médio, e depois iria procurar um emprego, como tenho 17 anos, de acordo com a lei daqui, eu posso trabalhar com carteira assinada ano que vem, procurar emprego não, já tenho um garantido, tradutor inglês/português no hotel em que me hospedei.

Andando pelas calçadas, vi um casal e um filho (imagino que seja um filho), e instantaneamente, lembrei do meu pai.

Quando eu tinha 10 anos, imagino que a idade desse menino, eu andava de mãos dadas com meu pai e minha mãe, eu ficava entre os dois, aí meu pai conseguiu uma promoção no emprego dele, ele deixaria de ser um editor de capas de livros, pra ser o diretor da empresa de gráficas.

Sim, ele pularia muitas fases, mas o ex chefe do meu pai tinha muita confiança nele, então, quando ele recebeu o resultado de um exame dizendo que ele tava em estágio final de leucemia (ele praticamente desistiu da quimioterapia), e não tinha filhos nem sobrinhos, nem ninguém pra falar a verdade, entregou o cargo pro meu pai, ele confiava no mais novo, e entregou essa responsabilidade pro meu pai.

Claro, o salário do meu pai triplicou, minha mãe continuou trabalhando, e ainda trabalha, em uma fábrica de tecidos, ela trabalha lá como engenheira mecânica, ela faz manutenções, as vezes opera, enfim, somos ricos.

Sofri Bullyng [N.S: eu acho que se escreve assim, quem liga?]. Sofri Bullyng porque era rico, porque dançava balé e dança de rua, por não ser agressivo (qual é? Agora isso é defeito? Que eu saiba é o certo) por não ter namorada,  por não sair pegando todo mundo, qualquer uma que aparecer pela minha frente.

Meus pais dizem (diziam) que eu tenho valor, não ligo se alguém "passa o rodo" nos lugares, mas as pessoas mais velhas vêem isso como uma vergonha, então, não acho que tenho valor por não ser assim, acho que tenho valor por não ser agressivo.

Até que sou bonito, mas os "Zé droguinha" são os mais disputados, não um riquinho que dança, qual é, não é por isso que sou, sei lá, gay, se é isso que elas acham, mas... Eu tô em outro país, então dá pra tentar com alguém antes de saberem sobre mim, e do preconceito.


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⏰ Última atualização: Jul 16, 2019 ⏰

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